MATEUS
Cheguei em casa no domingo morto de cansaço, que curiosamente não foi causado por duas longas sessões de fotos e sim por uma beldade que me tirou do prumo assim que foi avistada. Marina tinha mais ou menos 1,70, os olhos verdes que tinham o poder de te hipnotizar, cabelo bem claro, na altura dos seios, e uma bundinha arrebitada de tirar o fôlego.
Seu jeito marrento também contribuiu para que eu ficasse encantado. De início não consegui que aceitasse meu convite, mas no fim das contas Marina saiu comigo e então terminamos a noite em meu hotel.
Com certeza os momentos que passei com ela seriam inesquecíveis. Abri a porta do apartamento ouvindo barulhos vindos da televisão na sala e então pude avistar Catarina deitada no sofá. Ao me ver, passou por cima do sofá e pulou em mim.
- Senti sua falta, peste. - Desde sempre fui muito apegado a minha irmã, então um final de semana longe dela já era o bastante para nós dois.
- Eu também Ma. - Contei a ela sobre a viagem, ela adorava saber sobre minhas sessões e geralmente ia comigo e me dava uma ajuda. Suas dicas eram ótimas. Conversamos sobre muitas coisas, mas eu não conseguia de parar de falar sobre Marina. Catarina me ouvia atenta, porém lá pelas tantas me interrompeu.
- Mat, me diz uma coisa. O que ela tem? - Sabia que ela perguntaria. Ela sempre queria um motivo.
- Sinceramente? Eu não sei, Cata. Mas eu não consigo ficar sem pensar nela. Acho que ela fez alguma coisa, porque eu não posso estar assim depois de apenas um final de semana. É muito pouco tempo. - Ela assentiu, sorrindo. Catarina era do tipo que sonhava em encontrar o cara dos sonhos e viver uma história de filme. Também esperava que o mesmo acontecesse comigo. Só que eu não era assim, não mesmo.
- Isso não vai acontecer comigo. - Comentei, sabendo o que ela pensava.
- Bem, você sabe... Leva menos de dois segundos para se apaixonar por alguém. - Revirei os olhos, a empurrando do sofá. Catarina caiu no chão, rindo. - Seu idiota, já não basta os machucados que eu consigo sozinha, você ainda tenta me ajudar.
Minha irmã foi até a cozinha, alegando que eu precisava comer. Fez para mim meu macarrão favorito. Comemos enquanto conversávamos. Na maior parte do tempo ela falava sozinha, e eu só ouvia, minha irmã era a pessoa mais tagarela do mundo.
Me contou sobre ter saído com Joana, e depois ter encontrado Bernardo, que dormiu aqui. Foi breve, não detalhou nada, o que ajudou para aumentar a minha desconfiança de que os dois andam se pegando por ai. Não quis perguntar nada, para não me meter na bagunça dos dois. Se não me contaram, foi por terem seus motivos, então resolvi respeitar.
Bernardo era meu amigo, era como um irmão, eu o conhecia tão bem que tinha certeza que os sentimentos que ele nutria por Catarina não eram apenas de irmandade. Ele sempre cuidou dela melhor do que eu, o que me deixou com muito ciúme por um bom tempo.
Só fui compreender com o passar do tempo o motivo de todo esse zelo. Ele a amava. Bernardo nunca se comprometia com ninguém, e eu posso apostar que era por causa de Cata. Talvez não conscientemente, porque deve ser muito fácil confundir as coisas quando se vive tão perto de alguém.
Os dois eram como um casal, só que sem as chatices e sem sexo, bom, até onde eu sei pelo menos. Quanto a minha irmã, nunca tive certeza se sentia o mesmo. Parecia que sim, pois sempre implicava com toda e qualquer mulher que Bernardo aparecia. Talvez os dois precisassem de um pequeno empurrão para perceber o que não conseguiam.
- Mat. - Falou, me tirando de meus pensamentos. - Eu preciso de uma modelo, tenho que fazer um editorial veranesco, ao ar livre e quero um rosto novo pra isso... - ela falou, toda empolgada. Fiquei um pouco confuso. Onde queria chegar?
- Tudo bem, você quer o que? Que eu coloque saias e passe esmalte? Deveria chamar Bernardo também, somos uma ótima dupla. - Eu ri, e Catarina me acompanhou.
- Não, idiota. Eu quero ver essas fotos que você tirou, quero ver a Marina. Você falou que ela é linda, natural, tem os cabelos compridos. É mais ou menos o que eu queria. E você sabe que eu amo o resultado das suas fotos ao ar livre, não é por que você é meu irmão, mas elas ficam magníficas. - Caralho, minha irmã e suas idéias maravilhosas.
- Tá falando sério, Cata? Você pode mesmo fazer isso? - Perguntei, ainda incrédulo.
- Eu posso. na verdade, eu preciso gostar dela, e minha editora chefe também. Mas se você está assim todo bobo é porquê ela deve ser mesmo muito boa. - Sorri ao lembrar do maravilhoso desempenho de Marina, nas fotos e na cama.
- Ela é ótima, em tudo. - Afirmei, enquanto pegava mais uma garfada de macarrão.
- Mateus, me poupe. - Falou seria, mas eu percebi que ela estava segurando o riso.
CATARINA
Meu irmão chegou em casa todo animado, falando sobre uma modelo que havia conhecido. E realmente, ela era linda, tinha uma beleza natural. Acabei entendendo todo o encantamento de Mateus. Estava feliz por ele, mas por mais egoísta que seja, também estava um tantinho chateada. Meu irmão, o ser mais galinha que eu conheço, havia encontrado alguém e eu aqui, com as mãos abanando.
Esperava ansiosa por uma ligação de Frederico, esperava esbarrar com um cara maravilhoso na rua, esperava um novo colega de trabalho, um novo vizinho. Esperava que Bernardo aparecesse do nada, como sempre. Não que eu fosse uma desesperada, longe disso. Eu ficava com um cara aqui e outro ali, mas sempre faltava algo, algo que nem eu sei o que é. Eu apenas sabia que faltava.
Ver meu irmão assim também me deu esperança, porque se até ele conseguiu, eu conseguiria. Ri com meu pensamento. Olhei para o relógio na parede do quarto. Precisava dormir, pois a segunda-feira seria corrida.
Acordei no outro dia e me arrumei para trabalhar. Fui para o prédio da revista, que ficava no centro da cidade, a uns vinte minutos de meu apartamento. Ao chegar, deixei a bolsa em minha sala e fui atrás de minha querida editora chefe. Não, não estou sendo puxa saco. Ela é um amor.
Sempre recebe as idéias da equipe com a mente aberta, aceita nossas críticas e comentários, nos dando sempre os devidos créditos, algo que não é muito comum nesse meio. Bato na porta de sua sala e entro quando ela autoriza.
- Bom dia, Andréia. - Digo, ao entrar. - Tem um minuto? - Ela assentiu em resposta.
- Bom dia, Cá. A que devo a honra de sua visita? - Perguntou, apontando a cadeira que ficava a frente de sua mesa. Me sentei.
- Acho que encontrei a modelo perfeita para o editorial de verão. - Afirmei.
- Que maravilha. Adoro quando você me traz novidades. Pode me mostrá-la?
- Claro. - Peguei meu pen drive no bolso do blazer preto e entreguei a ela, que o colocou no computador. Peguei algumas fotos que não serviriam para a tal campanha que meu irmão havia fotografado pois sabia que Andréia gostaria de vê-la. Por sorte, essas fotos estavam ótimas, dava pra avaliar Marina muito bem. Observei Andréia atentamente enquanto ela passava as fotos, tinha certeza de que gostava do que via.
- Catarina! Ela é linda. Mas e esse deus grego? Você o conhece? - Tenho certeza que a dúvida em meu rosto foi aparente. Não lembrava de deus grego em foto nenhuma. Andréia virou o notebook em minha direção e eu só fiz rir.
- O que foi? Não gostou dele? - Ri mais ainda de sua reação. - Oh Catarina, esse é seu irmão? Mil desculpas. Lembro de ele ter feito algumas fotos para nós. Sabia que o conhecia. - Falou, um tanto sem graça.
- Não se desculpe, meu irmão é lindo mesmo. - Eu disse, enquanto ela voltava o aparelho para si mesma.
- Pois é, deveria ser modelo. Olha esse porte... - apontou para a tela, me fazendo sorrir.
- Ele prefere ficar por trás das câmeras. - Comentei, tendo uma ótima idéia. Pelo menos ao meu ver. - Mas, se você gostou dele na foto, posso convencê-lo. - Falei, sorrindo sapeca.
- Catarina, você só pode ter caído do céu. Sempre resolve os pepinos pra mim. - Agradeci com um enorme sorriso. Adorava ser elogiada, ainda mais no trabalho.
- Vou fazer um editorial perfeito. Obrigada por confiar em mim, Andréia. Prometo não lhe decepcionar. - Ela assentiu, animada. Pedi licença e sai de sua sala, bolando um plano em minha mente.
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Gravity
RomanceDepois de um trauma, Catarina percebeu que não conseguia mais se entregar a ninguém de verdade. Mas será que era pelo que aconteceu? Ou por seu coração pertencer a alguém? "Eu correria, se não fosse tão bom estar em seus braços" NÃO RECOMENDADO PA...