Capitulo 3

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CATARINA

Bernardo foi embora bem cedo, pois precisava ajudar seu pai com alguma supresa para tia Isadora. Eu e Bernardo vínhamos nos pegando há algum tempo. Éramos amigos desde os 10 anos, quando voltei a morar no litoral. Acabamos ficando em uma dessas brincadeiras bobas de criança e continuamos a nos falar depois disso porque nossos pais se conheciam e acabaram se reencontrando. 

Normalmente trocávamos alguns beijos escondidos nas festas do ensino médio. Depois, acabamos bebendo um pouco e terminamos a noite em um dos melhores amassos da minha vida. Depois, começamos a conhecer outras pessoas e continuamos grandes amigos, mas as pregações não eram tão recorrentes. 

E assim fomos, até que uma noite terminou em sexo por conta da minha frustração em não achar nenhum cara interessante na balada. Ou porque depois dele, ninguém mais pareceu me interessar.

Era incrível como a gente se dava bem nessas ocasiões. Nossos corpos pareciam se encaixar perfeitamente. Bernardo me deixava louca pois sabia como fazer isso. Ele era bom e eu praticamente lhe entreguei meu mapa corporal de bandeja em outra dessas noites em que enchíamos a cara.

E claro, tinha o elemento X: Bernardo era muito charmoso. Tinha olhos bem escuros e misteriosos, o cabelo castanho escuro as vezes mais comprido e a barba por fazer. Adorava sentir aquele leve roçar em meu rosto, me causando arrepios. Suas mãos eram grandes, o corpo levemente definido, uma bunda generosa, o pau perfeito, do tamanho exato para me deixar sempre em êxtase.

Claro, uma boa parte de mim queria aquilo. Na verdade eu precisava daquilo, afinal, era incrível como meu corpo parecia sentir falta do corpo de Bernardo. Estava preparando um café e refletindo.

Tinha medo, já sofri bastante por ter feito as escolhas erradas em relação a homens, mas não achava que meu amigo de tanto tempo poderia me machucar. Só perceber que ele não queria mais continuar nisso que eu ainda chamava de brincadeira. Estava comendo quando o barulho alto da porta de entrada me assustou. 

Levantei num pulo da cadeira e fui silenciosamente até a sala, onde encontrei meu irmão apoiado em Frederico, que me avistou no corredor e sorriu, então pude ver seu rosto sujo de sangue.

- O que aconteceu? - Perguntei, indo até eles para checar meu irmão. Eram 7h30 da manhã e isso parecia estranho demais. 

- Ele esta bem. - Disse, ao notar minha preocupação. - Só bebeu um pouco demais.

- A essa hora? E você? - Franzi o cenho e cheguei ainda mais perto enquanto tentava achar de onde vinha todo o sangue.  

- Ah, eu estou ótimo. - Respondeu, rindo. Parecia levemente bêbado. 

- Tá bem, vou levar meu irmão para o quarto dele. - Respondi, tentando abraçar Mateus para conduzi-lo. - E você, espera aqui que eu já volto pra tentar te ajudar e fazer um curativo. 

- Não precisa se incomodar. Eu estou bem e posso levar seu irmão. - Respondeu, indo até o quarto. 

- Não seja teimoso, não vou me incomodar e também quero saber o que acontece. Mas se você puder levar ele, eu agradeço.- Frederico sorriu ao me ouvir. Levou Mateus até seu quarto e o deitou em sua cama, enquanto peguei o que precisaria para fazer o curativo. Ouvi ele jogando o tênis do meu irmão e o cobrindo logo em seguida. Encontrei com ele no meio do caminho. 

- Senta ai. - Falei, apontando para a banqueta mais alta da cozinha. Eu o encarava, analisando cada parte de seu maravilhoso corpo. Usava uma camiseta azul marinho, um tanto justa, que marcava bem os seus músculos. Os olhos encontraram os meus e eu não pude evitar um sorriso.

- Tudo bem, mandona. - Ele sentou na banqueta e eu fiquei em pé entre suas pernas, in, ou felizmente, deixando nossos corpos bem próximos. Limpei seu rosto com uma toalha úmida e dei uma olhada no machucado, que era acima de sua sobrancelha.

- Como você conseguiu isso aí? - Perguntei, analisando o ferimento. Parecia não muito grave. 

- Me desequilibrei e bati com a cabeça na bancada do bar. - Eu dei uma risada e o encarei. - Depois de um cara me empurrar. - Ele deu de ombros. Percebi que olhava as minhas pernas.

- E por que ele te empurrou? - Perguntei, curiosa enquanto minhas mãos trabalhavam.

- Você faz muitas perguntas. - Frederico pareceu impaciente. Era verdade, eu estava perguntando muito. Mas eu sou curiosa e queria saber o que aconteceu. Afinal, Mateus dificilmente chegava daquele jeito em casa. E tinha um homem com o rosto cortado na minha cozinha. 

- Desculpa, só queria saber... por causa do meu irmão. - passei um pouco de anti-séptico em seu corte e ele gemeu.

- Ai, isso arde. Não precisa pedir desculpa, eu só não quero entregar o seu irmão. - Claro. Era bonito, mas com certeza devia ser um babaca. 

- Entendi. Você diz isso porque não me conhece. - Que babaca, ele realmente achava que eu era o tipo de irmã chata que enche o saco do irmão mais velho por que ele sai e volta bêbado? 

- É, eu não te conheço, mas gostaria. - Ele levantou a sobrancelha, e logo em seguida fez cara de dor. - Seu irmão não queria que o segurança fechasse o bar e acabou discutindo com o segurança. Como ele tava meio alterado eu resolvi intervir e acabei sendo empurrado. - Deu de ombros.

- Nossa. - Eu disse, franzindo o cenho. - Não precisa tentar encobrir o Mateus, mesmo. Ele vai me contar tudo assim que acordar, mas queria saber se ele tá bem. - Falei, olhando em seus olhos.

- Eu devia ter imaginado. Não quis ser grosso com você. E obrigado. - Ele passou o dedo em cima do esparadrapo e sorriu. - Você é boa com isso. - Eu sorri também.

FREDERICO

- Sem problemas. - Catarina disse, me olhando. Ela estava em pé, entre as minhas pernas. O corpo muito próximo me inundava com seu cheiro. Eu ainda estava encantado com ela. 

Não devia ter falado daquele jeito, mas também não queria revelar detalhes da noite, o que com certeza poderia me entregar um pouco também, afinal, ela não precisa saber que eu também acabei aprontando. 

- Cresci no meio dos meninos então fui obrigada a aprender. - Ela falou e seus olhos brilharam.

- Ah sim, seu irmão me contou umas histórias de vocês. - Disse, enquanto meu olhar se desviou para seus lábios.

- As que me envergonham e deixam ele por cima, eu aposto. - Ela disse, sorrindente.

- Não, nem todas. Ele contou que você sempre salva ele. - E devia ser verdade. Ela parecia não se importar em ter que defendê-los, ou por ter ajudar alguém. 

- Menos mal. - Nós rimos. Decidi que era a hora de ir embora, por mais que eu estivesse a fim de ficar, e quem sabe parar na cama da minha enfermeira. 

- É, eu vou indo. - Disse, sorrindo. - Vou te deixar meu número e qualquer coisa você me liga, tá bom?

- Calma. Você não quer pelo menos tomar um café? Descansar um pouco? - Sim, eu queria. 

- Vou aceitar o café. - Ela me serviu, e me ofereceu um pouco dos ovos que comia. Estavam deliciosos. Conversamos bastante, até que eu senti que precisava ir pra casa. Estava exausto, suado, precisava de um banho e de um pouco de descanso. A noite tinha sido agitada. 

- Obrigada pelo curativo.

- Imagina, eu é que agradeço, você sabe... E desculpa pelo meu irmão. - Ela parecia ser tão meiga, mas era tão gostosa ao mesmo tempo. Minha vontade era de empurrar ela contra aquela porta e a beijar. Ainda não tinha chegado a conclusão se ela era intocável, ou se gostava de se deixar levar pelo momento. 

- Você não tem que pedir desculpas, não foi nada. - Ela assentiu e abriu a porta. Beijou meu rosto e eu sai. Catarina esperou eu entrar no elevador para fechar a porta. Eu definitivamente precisava comer aquela mulher.

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