Capitulo 14

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CATARINA

As duas horas meu irmão, seu assistente, Marina e o empresário se encontraram comigo e o resto da equipe na locação. Mateus e ela se falaram rapidamente e então cada um foi cuidar do que era necessário.

- Catarininha, querida, nós temos um problema. - Kelly veio até mim toda afobada.

- O que foi, Kelly? - Perguntei, um tanto nervosa. Marina estava se arrumando enquanto meu irmão checava a iluminação. O pequeno espaço verde que tínhamos encontrado seria ideal para as fotos, por isso decidimos fazer ali mesmo. Não via nada de errado no local, menos mal.

- O nosso modelo, ele teve um imprevisto. - Ela falou baixo. Droga. Como eu pude esquecer do modelo? Minha chefe havia solicitado Mateus, mas ele não quis.

- Chame a Andréia, por favor. - Pedi, enquanto tentava pensar em algo. Andei de um lado para o outro até que minha chefe chegou.

- Andréia , o modelo não conseguirá vir. - Falei, despertada.

- Não acredito! - Ela me olhava, perplexa. - O que faremos agora? Não vou conseguir pegar nenhum da revista, justo hoje estão todos ocupados. - Caralho, isso não podia estar acontecendo. A revista tinha dois ou três modelos que geralmente estavam por aí, os que sempre saiam em nossos editoriais.

Como estávamos começando a montar a próxima edição muitas fotos estavam sendo feitas. Uma tontura forte tomou conta de mim e então eu me afastei da movimentação, tentando respirar fundo.

Minha chefe havia confiado isso a mim, e nós não poderíamos atrasar. Precisava me acalmar e pensar em uma solução. Foi então que meu irmão veio até mim. Cumprimentou Andréia, que por pouco não abriu as pernas para ele ali mesmo e então se dirigiu a mim.

- Tudo certo? Você parece nervosa. - Perguntou, passando a mão pelo meu rosto. A mulher ao nosso lado olhava para ele, encantada.

- Não, o modelo teve algum problema e não vai poder vir. - Disse, cabisbaixa. Eu estava tão ferrada.

- Cata, isso não é nenhum truque seu, é? - Ele me olhou, sério. Já sabia o que estava por vir. Tudo bem que eu queria que ele fizesse as tais fotos ao lado de Marina, mas não seria capaz de chegar a tal ponto. Apenas o encarei, balançando a cabeça negativamente. É claro, que sem delongas minha chefe nos interrompeu.

- Mateus, sei que ela já te propôs estar do outro lado da câmera dessa vez e você não aceitou, mas não faria isso por nós? - Andréia perguntou. Ele a olhou, incrédulo.

- Eu não posso, não sou bom com isso. - Respondeu, desanimado.

- Olha, eu vi uma foto sua esses dias e eu posso te dizer com toda a certeza do mundo, você é sim. - Eu apenas os observava. Se isso não desse certo já estava pronta para receber a minha demissão. - E é da carreira da sua irmã que estamos falando. Confie em nós Mateus. - Ai, preciso dar um presente enorme pra essa mulher.

- Tudo bem. - Ele concordou com mais facilidade do que eu esperava, talvez por ainda ter a consciência pesada com as coisas que aconteceram no final de semana. - Mas você me deve essa. - Falou, sorrindo.

- Você vai me agradecer depois. - sussurrei em sua orelha enquanto o abraçava. Chamei as meninas para arrumarem Mateus e quando ele se foi me dei conta de que resolvendo um problema eu havia criado outro. Quem tiraria as fotos?

- Você. - Andréia deve ter percebido a minha cara de pânico e deduzido o que eu pensava no momento. Eu ri com sua resposta.

- Como você é engraçada. chefinha. - Falei, em tom descontraído.

- Convenhamos, Catarina, eu só coloco a minha mão no fogo por você. Por favor, eu já vi algumas fotografias suas, não seja modesta. - uau, ela estava elogiando minhas fotos. Que alegria. Sempre gostei de fotografar, mas escrever ainda era a minha maior paixão. - E além do mais, você sabe muito bem que não podemos atrasar com esse editorial, se não cabeças vão rolar.

Realmente, ela deveria estar muito desesperada para terminar isso, afinal, não estava levando em conta a especialidade de ninguém para fazer essas fotos. E se ela confiava em mim, só me restava levar isso até o fim e provar para o mundo que eu sou capaz. A responsabilidade era enorme, mas quem está na chuva é para se molhar, não é mesmo?

Levamos mais ou menos três horas para terminar as fotos que em modéstia parte, ficaram ótimas. Eu consegui me habituar a fotografar e foi ficando cada vez mais gostoso, a visível química que rolava entre meu irmão e Marina também me deixou bastante confortável. A parte da garota ser praticamente perfeita e meu irmão ser lindo ajudaram bastante também.

Serio, a depressão quase tomou conta quando eu finalmente percebi que jamais teria aquele corpo maravilhoso e nem um homem daqueles ao meu lado. Graças a Deus eu estava realizada no trabalho, pelo menos. A alegria voltou quando vi os dois conversando, queria meu irmão com alguém descente e Marina realmente parecia ser uma boa pessoa. Havia gostado dela.

Era tarde quando eu fui embora, o pessoal partiu logo após a sessão de fotos terminar e eu fiquei selecionando as melhores fotos e dando aquela leve editada. Isso já adiantaria muita coisa com Andréia na manhã seguinte. Cheguei em meu apartamento exausta porém não pude deixar de ouvir as vozes que vinham dali de dentro.

- Eu prometo pra você, Mateus, meu Deus, até parece que não me conhece desde sempre. O que está acontecendo com você, cara? - Bernardo perguntou com o tom de voz alterado. Droga, os dois deviam estar brigando novamente.

- Eu sei, mas eu fico com o pé atas. Tente me entender também. - Meu irmão argumentou. A curiosidade que eu sentia provavelmente poderia ser capaz de me engolir, então continuei escutando.

- Eu sei, eu te entendo, pode ter certeza disso. Mas por favor, você não pode me privar disso Mateus, não quando você sabe que eu farei o impossível pra dar certo. - Eu definitivamente precisava saber qual era o assunto.

Se eu não conhecesse os dois melhor do que a mim mesma juraria de pés juntos que são gays. Ri silenciosamente com o meu pensamento. A porta deveria estar destrancada e então eu a abri.

- Catarina! - Falaram ao mesmo tempo. Entrei, avistando o cão deitado no sofá, com a carinha mais fofa do mundo e os dois, parados no meio da sala numa posição um tanto ofensiva. Mateus tinha os punhos cerrados e Bernardo o cenho franzido. Estavam prestes a sair no tapa, outra vez.

- Eu não sei o que se passa aqui dentro, e nem sei se quero saber. Mas por favor, não briguem mais. - Falei, sentando ao lado do cachorro, exausta. Ignorei os dois, o pegando no colo.

- Tudo bem, desculpa. - Meu irmão se pronunciou.

- Eu só vim ver como você estava e aproveitei para trazer os convites do aniversário de casamento dos meus pais. Fazem 30 anos no sábado e vão fazer um almoço em comemoração, lá na chácara. Minha mãe cismou em chamar a família e então acabou por fazer os convites. Acho que ela me mataria se eu não viesse entregá-los. - Sorri com seu comunicado. A mãe de Bernardo era a coisa mais fofa do mundo. Eu tinha um enorme carinho por Dona Helena e com certeza estaria lá no sábado.

- Putz! - Mateus disse com sincero pesar. - A Marina vai estar na inauguração de uma loja na quinta feira, então ela resolveu prolongar a estadia para o final de semana e eu prometi levá-la para conhecer a região. - Caralho, ele estava apaixonado. Eu e Bernardo caímos na gargalhada, o que deixou Mateus um pouco bravo.

- Tudo bem. - Bernardo disse, se recompondo. - minha mãe vai entender, afinal para você estar fazendo esses programas chatos com ela só pode estar muito apaixonado mesmo. - Eu desatei a rir novamente. Era muito bom saber o quanto meu irmão estava envolvido.

Bernardo deixou o convite para mim e combinamos de eu ir para sua casa sexta a noite, assim não ficaria sozinha já que Mat viajaria a tarde. 

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