Capitulo 5

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BERNARDO

Eu não queria falar pra ela que os dois eram fofos juntos, porque sinceramente, esse não é o tipo de coisa que eu pensaria normalmente. Mas com Catarina tudo era diferente. Sentei ao seu lado e notei o vestido levemente levantado, deixando as suas coxas aparecerem mais do que o normal. Ele era curto e azul marinho e ficava perfeito nela.

Lembrei de ontem, enquanto eu beijava aquela parte do seu corpo e ela se contorcia em minhas mãos. Foi tão difícil me concentrar tendo ela sentada ao meu lado no carro. Mas ai nós discutimos e eu precisava falar com ela. Odiava ficar longe dela. Odiava quando ela ficava chateada comigo. E eu sabia que ela estava chateada. Tentei me concentrar em fazer as coisas voltarem ao normal.

- O que foi? - Catarina perguntou, agora me olhando.

- Nada, eu só não quero que nada mude entre a gente. E sobre ser ciumento, me perdoe, eu quero o melhor pra você Cata, e seu irmão também. - Pedi, com a maior cara de cachorro que caiu da mudança que consegui fazer.

- Tudo bem, eu sei, eu só me sinto cansada de ser vigiada o tempo todo sabe? Mas acho que não saberia viver sem isso. - Ela sorriu, e acariciou meu rosto. Fechei os olhos ao sentir sua mão.

Banzé se enfiou em nosso meio e esfregou a cabeça em Catarina, pedindo carinho. Era assim, todo mundo sentia ciúme dela, até o cachorro. Levantei e estendi a mão para ela, que a pegou. Nos encaramos por um instante e então eu a ajudei a se levantar.

Meu pai estava sentado em uma das poltronas que ficavam na entrada da casa, junto com seu pau. Ela o cumprimentou e ficou por lá conversando com os dois, com banzé sempre ao seu lado. Era engraçado ver Catarina com meu pai. Eles sempre se deram bem. Ele sempre me pedia uma nora como ela. Esse não era o meu eu normal. Balancei a cabeça na tentativa de afastar os pensamentos e fui para a sala. Mateus jogava video game.

- E você nao me contou o que rolou ontem.

- Nem você. - Ele respondeu, com um sorrisinho cínico. Joguei uma almofada nele.

- Não rolou nada ontem. - Ele levantou a sobrancelha, mostrando que não acreditava em mim. Estava ficando cada vez mais difícil de esconder o que acontecia comigo e Catarina porque a gente começou a flertar quase que o tempo todo.

- Calma, cara. - Ele ainda sorria. - Eu não queria que fechassem a balada, mas já tava passado da hora. Eu já tava passando, ele começou a falar um monte de coisas que eu não lembro direito e depois me empurrou. A gente acabou saindo no tapa e o Fred foi tentar separar, só que no meio da confusão um de nós acabou empurrando ele. Acho que não fui eu, porque não tinha forças pra ter empurrado tão forte. Só lembro de estar chegando em casa e de ter ouvido ele falando com a Cata. Ela fez um curativo nele pelo que eu escutei. Depois disso apaguei. - Nossa, foi pior do que eu imaginei.

- Cata sempre quis que um cara brigasse por causa dela, pra ela poder cuidar dele depois.- Pensei alto.

- Você percebeu que a cada dez palavras que você fala, 25 são "Cata" e 19 são "Catinha"e 12 são "Catarina"? - Ele pausou o jogo e me olhou sério. - Tá dando muito na cara, hein?

- Você já percebeu que está vendo, ou ouvindo coisas? Talvez seja por que você está bebendo demais sabe. - Falei, levantando a sobrancelha. Ele não respondeu. Mas ele sabia, e eu sabia que ele estava muito desconfiado. - É, foi o que eu pensei. - Sorri. Levantei e fui até a cozinha pegar uma cerveja para nós dois.

Catarina estava sentada na bancada e conversava com minha mãe e a mãe dela quando cheguei. Fui até ela, e a abracei, enquanto ela me fazia carinho. Sempre fomos assim, meio grudentos e grudados.

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