Capitulo 22

4 0 0
                                    

CATARINA

Chamei seu nome enquanto me aproximava, mas ele não ouviu. Apenas balançou a cabeça e esfregou as mãos nos olhos, sem olhar na minha direção. Me abaixei ao seu lado, encostei em seu braço e ele me olhou assustado.

- Ótimo, agora além de ouvir eu também vejo coisas. - bufou, estático. Não consegui sorrir. Não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Ele levantou uma das garrafas que estavam perto de sua mão, e quando viu que estava vazia, arremessou o vidro que se espatifou no chão, quebrando em vários pedaços.

- Bernardo! - Adverti, um pouco mais alto. Ele então finalmente me encarou e franziu o cenho. Balançou a cabeça mais uma vez, e então esticou a mão pra me tocar. Seus olhos arregalaram quando as mãos alcançaram meus braços. Não aguentei e o puxei pra perto, num abraço apertado. - O que tá acontecendo? - Perguntei, enquanto segurava seu rosto, fazendo com que ele me olhasse. 

- Cata, você... eu não quero falar sobre isso agora. Eu só bebi demais. - Disse, um pouco alterado. Levantei, e fui até o aparador que ficava perto da porta. Achei o contato do meu irmão e enviei uma mensagem avisando que tava tudo bem, que dormiria lá e pedindo para ele dar comida para o Cão amanhã de manhã. Bernardo ainda me encarava, como se não acreditasse que eu estava ali.

- O que eu faço com você? - Perguntei, sem realmente saber por onde começar. 

- Me beija. - Ele respondeu. Bernardo estava descalço, usava apenas uma calça jeans. O peitoral estava levemente sujo de sangue, e a mão parecia horrível. 

- O que você fez na mão, Bernardo? - Perguntei, enquanto a segurava analisando o ferimento que ainda sangrava um pouco. 

- Eu peguei aquele copo, e ele escorregou... Fui catar e ops, cai em cima. - Ele disse, rindo. Usou a outra mão para me puxar para mais perto e ficou me olhando fixamente enquanto sorria depois de eu cair sentada em seu colo. - Nossa, você é tão linda. 

Eu não queria me afastar. Estava com saudades, confesso. Mas eu não podia ceder com ele naquele estado. Tentei me afastar e ele me segurou daquele jeito que me deixava com calor, colando nossos corpos. 

- Não vai não, por favor. Fica aqui comigo. - Pediu.

- Bernardo, eu só vou pegar algo pra limpar a sua mão. Mas acho também que você precisa de um banho gelado e um café. - Comentei.

- Eba. Você vai tomar um banho comigo? - Perguntou, sorrindo. Eu balancei a cabeça negativamente, também sorrindo. Me afastei e tentei levantá-lo com cuidado, evitando os cacos da garrafa que ele acabara de quebrar.

O levei até o banco de madeira que ficava ao lado do box, o qual já usamos algumas vezes para, bem... não era a hora de pensar nisso. Liguei o chuveiro, deixando a água mais fria do que quente e fui até ele. Tirei a sua calça e sua cueca enquanto ouvia comentários que me deixariam louca em qualquer outro momento, menos agora. Tirei meu tênis e enrosquei seu braço em mim, o puxando para o banho. 

Fomos até a água com ele cambaleando, mas conseguia se sustentar com minha ajuda. Claro que me molhei inteira enquanto tentava ajudar ele, mas ao menos parecia que o banho estava ajudando um pouco. Ele encostou na parede, uma das únicas daquele aparamento, que ficava atrás do chuveiro e me puxou, me pegando desprevenida em um beijo. Senti a água caindo sobre meu corpo e não sabia se queria matá-lo ou transar com ele aqui e agora. 

Seu beijo era gostoso. Meio arrastado, lento. A mão cortada foi até minhas costas, enquanto a boa atracou minha nuca, me puxando para mais perto. Enrosquei minha lingua na dele e deslizei a mão pelas suas costas. Segurei seu rosto com força e então me separei dele, sem querer. 

- Bernardo, se comporta. - Falei, fingindo estar brava. Ele riu. 

- Eu sei que você também queria. E Cata, eu quero mais que um beijo. Por favor... eu tô com saudade de te sentir em cima de mim. - Confessou e droga, fiquei molhada na mesma hora. Quer dizer, mais molhada do que eu já estava depois de ter caído embaixo do chuveiro. 

Tirei a roupa e me lavei rapidamente enquanto ele me encarava, como se eu fosse um banquete prestes a ser servido. Ele ainda estava recostado na parede, com o equilíbrio duvidoso. Sai do box em busca de uma toalha. Me sequei e coloquei um roupão que deixava ali e fui ajudar Bernardo a fazer o mesmo. O sequei com protestos e mais pedidos de beijo e então o levei até o sofá. 

Enquanto preparei um café ele encarava a bagunça da casa. Fui até ele com uma caneca bem cheia e a caixa de remédios que ele guardava para eventuais necessidades. Ele tomou o café enquanto limpei sua mão e fiz um pequeno curativo. 

Bernardo então deitou no sofá, parecendo exausto, e caiu no sono. Suspirei e fui catar os cacos espalhados pelo apartamento para evitar mais algum acidente e logo depois deitei em sua cama e dormi, exausta. 


GravityOnde histórias criam vida. Descubra agora