Capitulo 12

337 17 0
                                    

CATARINA

Sai da casa de Mateus extremamente chateada. Primeiro Banzé, depois a cena rídicula que meu irmão causou. A cotovelada era o que menos doia agora. Eu não devia ter me enfiado no meio dos dois, mas também não podia deixar que continuassem brigando por algo tão bobo. 

Fiquei sentada no hall de entrada, chorando, até que decidi ir para minha casa. Estava sem nada, então fui andando. Era relativamente perto. Por sorte, guardávamos uma cópia da chave embaixo do tapete que ficava na porta. Meu irmão sempre esquecia a dele em casa e depois de ficar algumas vezes trancado para fora me esperando chegar resolveu apelar para essa alternativa. 

Precisava falar com meus pais, mas deixei o telefone na casa de Bernardo. Então preparei um drink e fui para a varanda, enquanto refletia sobre o que tinha acabado de acontecer. Não deve ter sido muito fácil pro meu irmão pensar sobre mim e Bernardo juntos daquele jeito, mas ele foi tão exagerado.

De fato, a gente já vinha dando indícios há um tempo. Não é como se ele nunca tivesse notado ou nos alfinetado sobre isso várias vezes. Me mexi um pouco para me acomodar na poltrona e senti a dor na costela chamando atenção. Meu irmão não fez de propósito, mas ele era forte e estava com raiva. Pretendia acertar Bernardo com a mesma força que me acertou. 

Depois de um tempo, ouvi um barulho na porta e ignorei, sem querer olhar na cara dele. Escutei mais alguns barulhos e então vi Mateus se aproximando e Bernardo esperando na sala, parado.

- Me perdoa. - Ele disse, com os olhos marejados. 

- Mateus, - comecei. - entenda que o problema não foi você me dar uma cotovelada. Mas o que deu em você? Desde quando você fica tão bravo quando me vê com alguém? E que reação foi aquela? Você brigou com seu melhor amigo, de anos, por bobeira. Eu tive que tentar separar vocês, e é isso que me incomoda. 

- Eu sei, eu exagerei. Catarina, entenda que eu já imaginava que vocês tavam se pegando mas aquilo foi demais na hora. Hoje, depois do que aconteceu. Eu explodi. E eu não queria te machucar, nem te deixar chateada. - Ele sentou na poltrona do meu lado e tomou um gole da minha bebida, fazendo careta. 

- Nossa, isso tá meio forte. - Me encarou, com o cenho franzido. -  Você precisa beber menos, e você também precisa saber que eu me arrependo demais do que eu fiz, e não vou me meter na relação de vocês.

- Não é esse o ponto, Mateus. Você fez um escândalo por um beijo. Eu imagino que não seja algo simples. Sua irmã, seu amigo. Mas você mesmo vivia fazendo comentários.

- Eu sei, Cata. Mas é que eu não esperava um dia ver isso. Foi estranho. Vocês sempre foram amigos, e grudados, mas....

- Mas agora a gente se beija e transa de vez em quando, Mateus. E tô aqui te dizendo para você não se sentir afetado. Apesar de ser sua irmã, e ele seu amigo, aconteceu e a gente quer e vai acontecer até que a gente não queira mais. - Ele suspirou e assentiu.

- Como você tá? Algo dói? - Perguntou.

- Tudo dói, Mateus. O Banzé morreu, e você fez tudo aquilo logo depois. - Falei, pensando no meu cachorro.

- Catarina, eu sei. Me desculpa. Mas quero saber se você está com dor onde te machuquei.

- Não. - Menti. Eu não queria protelar aquilo. Queria ficar quieta. Ouvi Bernardo se aproximar, e olhei para trás para vê-lo com uma caixa azul, um tanto quanto grande na mão. Ele fez um carinho no meu rosto e entregou a caixa para Mateus, que voltou a falar.

- Eu sei que eu errei, que eu te machuquei e te deixei ainda mais triste num dia difícil como esses. Inclusive, se quiser, você devia ligar para nossos pais. Seu Carlão deve estar arrasado que a princesinha dele ainda não ligou. Posso também te levar lá, se quiser. - Se ofereceu.

- Acho que prefiro ligar, só. - Olhei para a caixa, curiosa. - E você vai me dizer o que tem aí dentro?

- Eu sei que foi um dia difícil, e não quero apagar o que eu fiz de errado. Mas acho que você merece algo. - Sorriu levemente e me entregou a caixa. 

Peguei, e soltei a fita que a prendia lentamente tentando pensar no que poderia ter la dentro. 

GravityOnde histórias criam vida. Descubra agora