Vingança e Desejo

Capítulo 3

Seher ficou hospedada uma noite na casa da família de Nedim, como sempre agradou a todos. Encontrando um bom hotel no centro de Istambul, negou-se a voltar para mansão. Yasin insistiu tanto, que nada que falou valeu a pena. O jeito que estava irada, afirmava o quanto seu irmão deveria ter sido monstruoso. Yaman por outro lado, estava cavando um buraco no chão de tanto ciúmes.

Como um dependente daquela presença, ordenou que fizesse um dossiê detalhado da vida de Seher na Itália. Queria saber tudo sobre os anos longe da família, mas o essencial era descobrir se tinha algum namorado. Dois dias depois, descobriu o necessário e junto com ele os gostos de quem tinha que conquistar.

Seher insistindo que partiria em breve para a Itália, continuou com a reforma na casa dos pais de Nedim. Ele fazia de tudo para sempre estar por perto, faltando em uma reunião importante e chegando atrasado. Yaman sabia que todo aquele descuido com o trabalho tinha nome, e era uma mulher que o levava a loucura.

Se tivesse que dar uma nota a sua frustação, seria mil por estar perdendo noites de sono com seu membro inchado de desejo. Todos a sua volta só sabiam falar dela, era como se fosse a pessoa mais perfeita do mundo que fazia questão de ignorá-lo. Yaman não suportava ver o sorriso nos lábios de Nedim, mas encontrar uma marca roxa no pescoço ao chegar cedo na empresa, o deixou cego de raiva. Respirando fundo e fingindo ser o senhor de tudo, sentou-se em sua cadeira para analisar alguns papeis.

Nedim que analisava algumas pastas encontrava-se radiante, seus olhos estavam a todo momento checando a tela do celular. Aquela sua ação deixou seu patrão mais amargurado, Yaman levantando para pegar uma xícara de café, olhou se havia outra marca na nuca. O julgando seu rival, tomou aquele líquido quente sem sentir queimar sua boca. Com um tom de deboche em seus traços, ouviu o som do celular apitar e o sorriso de quem estava à sua frente.

― Pelo visto essa noite vai ser animada como a anterior ― andando rumo a sua cadeira ― Quem esteve com você marcou bem o seu pescoço ― tremendo em imaginar que ela tinha feito aquilo, justo o que ele queria receber em sua pele.

― Ah! Ontem estava ajudando a Seher com a movimentação dos móveis e um objeto bateu no meu pescoço ― aquela era a verdade, mas para Yaman era uma desculpa esfarrapada de quem estava fazendo sexo selvagem escondido.

― Isso está com cara de outra coisa ― apontou num tom presunçoso ― Conte para seu amigo ― queria arrancar a verdade de qualquer forma, mesmo que fosse dolorida ― Ela faz sexo selvagem? ― debruçando sobre a mesa para esconder suas mãos que queimavam para espancá-lo.

― Ela quem? ― distraído ao terminar de digitar no celular.

― A Seher! ― encostando na cadeira ― Ela tem cara de ser santa, mas na hora H deve ser um demônio ― parecendo um idiota com aquele linguajar nada comum.

― Sinceramente! Você me dá nojo ― Nedim não conseguiu controlar suas palavras, soltou o que veio na sua mente num ato de colocá-lo no seu lugar ― Se você não sabe ter respeito por uma mulher o problema é seu ― levantou-se para atacá-lo ― Nunca ouse comparar a Seher como as mulheres que sacia seus desejos, diferente delas e de você ela tem dignidade ― jogou a pasta na mesa e saiu num rastro de nojo e raiva.

O ciúmes cresceu na medida que jogava tudo que estava sobre sua mesa, sua mente atordoada afirmava que ambos tinham um caso. Era tão cego, que não alcançava a mulher espetacular que existia e como um tolo, queria aquilo que não podia ter. Desde que a viu na sala de sua casa, perdeu a noção do que queria em sua vida. Tudo que desejava tinha em mãos, mas ela o tratava com indiferença.

Yaman sabia onde havia errado, apenas não conseguia descer do seu pedestal. A cena de sua sala bagunça trouxe em sua mente uma recordação, era uma tarde de domingo e estava só na mansão. Procurando pelo mordomo não o encontrou, chegando na cozinha a percebeu atravessar a porta como olhos de espanto.