Vingança e Desejo

Capítulo 8

Os ciúmes de Yaman cegou sua razão, sem perceber acabou entregando seus sentimentos de bandeja, ou pior, o seu medo de perdê-la. A imagem dos dois, em especial dela de roupão o fez viajar no passado. Aqueles segundos o levaram há 12 anos, numa noite de verão. Ele havia acabado de chegar de uma viagem do Japão, estava ansioso para rever Nesrin, sua namorada.

Assim que desceu no aeroporto, não ligou com intuito de fazer uma surpresa. Barrado por Yasin na porta do prédio, não queria machucá-lo, mas necessitava tirar aquela venda. Recebendo um envelope em mãos, negou-se abrir por desejar ver quem seu coração gritava de saudade. Seu irmão insistente alterou-se, Yaman crendo que fosse um assunto de trabalho rasgou papel e teve um choque.

Era ela, a mulher mais linda de sua vida. Sua Nesrin, ele conheceria aqueles cabelos loiros lisos a quilômetros. Ela beijava seu melhor amigo, a quem havia confiado sua vida e o amor que sentia por ela. Naquele momento sentiu todos os sentimentos bons morrer, o choque destruiu tudo com uma bomba atômica.

Tomado pela ira necessitava de respostas, batendo na porta do apartamento não foi atendido. Invadindo com jogar seu corpo contra a madeira, não encontrou absolutamente ninguém, apenas um bilhete sobre a bancada de mármore da sala de jantar. A folha guardava a letra de quem confiou, lendo em voz alto. Recebendo o que seria o pior da traição, comprovou o peso de ser apunhalado.

― Yaman, eu nunca te amei. Você não é homem suficiente como Kadir, ele sim encontro tudo que preciso. Você não passou de um brinquedo para quem está entediada, só de lembrar de tudo que passamos, não consigo evitar as crises de risos. Kirimli, você jamais será o homem que atenderá as minhas expectativas, não passa de um fraco no amor e no sexo. Encontre alguém que se contente com pouco, pois eu mereço o mundo e não quero estragar minha vida com alguém fracassado em todos os quesitos  ― terminou de ler aquela maldita carta que mudou completamente o homem que era.

Há 12 anos aquele pedaço de papel tornou-o no amarga de hoje, ainda conseguia sentir os calafrios pelo corpo. Kadir, quem considerava seu amigo fugiu com quem julgava ser seu amor. Desde então, tudo foi escuridão e todas que se aproximavam não passam de objetos sexuais. Porém, Seher chegou de mansinho assim como Nesrin. O que levou a crer que era outra rasteira do destino, mas diferente daquela traidora, havia luz naqueles olhos cor de relva.

Ele a amou, mas não abaixaria sua guarda para ser ferido. Hoje, após tantos anos sentiu uma espada transpassar seu peito. Yaman não a perderia para um amigo, lutaria com todas as armas que tinha e seria capaz de matar para tê-la. Fechando sua expressão, voltou a realidade depois de viver o maldito passado. Recobrando sua consciência, tinha o semblante de surpresa de Nedim e de Seher. Nenhum conseguia entender o que ele estava tentando dizer, era como se outro ser tivesse apossado de sua fala.

Há dois segundos, disse que Seher era de sua família e depois, simplesmente rogou para não roubá-la de si. Os olhos verdes encontravam-se assustados, arregalados trocava olhares com quem estava a sua frente. Nedim não conseguia encaixar aquela fala com seu amigo, ele o conhecia ao ponto de afirmar que nunca enlouqueceria por uma mulher novamente.

Yaman procurando uma forma de contornar sua fala, insistiu em manter sua pose. Seher sabia do que ele estava falando, mas para Nedim não poderia mostrar fraqueza. Abandonando a pose de quem havia sido descoberto, com traços de raiva insistiu no discurso que era uma menina e que havia sido confiada por sua cunhada a eles. Que mentira, Kevser pediu isso a seu marido e não a Yaman, a quem nem falava um bom dia.

― Eu não vou deixar você destruir a vida dela ― acurralando Nedim ― E muito menos brincar com uma menina indefesa ― quem ele estava querendo enganar, a pouco tempo estava louco de desejo de possuí-la e agora, pregava o discurso de protetor ― Não permitirei que manche a honra dela ― segurou pelo colarinho da camisa.