A Marca Negra

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A comemoração da vitória da Irlanda era tão barulhenta que, mesmo do outro lado do acampamento, John ouvia muita cantoria, junto a uma batida que ecoava estranhamente em paralelo. Na barraca dos Holmes, ninguém estava com vontade de dormir e, dado o nível da barulheira a toda volta, o sr. Holmes concordou que podiam conversar um pouco antes de se deitarem. Dave e Mycroft sentaram-se à mesa para discutir sobre como a formação do time da Bulgária influenciou a aposta do sonserino enquanto o sr. e a sra. Holmes iam para o lado de fora.

John viu Sherlock atravessar as cortinas para o próprio quarto e o seguiu imediatamente.

– Você não vai dormir, vai? – o Watson perguntou enquanto o via se sentar na cama de baixo do beliche.

– Não estou com sono. - Sherlock se encostou na cabeceira, abriu um alfarrábio que pegou debaixo do travesseiro e o apoiou nas pernas dobradas - Você deve estar.

– Impossível depois desse jogo. O que está fazendo?

– Se você vir pro meu lado, poderemos fazer juntos.

John aceitou a proposta, colocou os joelhos na cama e se deslocou até se sentar ao lado do amigo, ficando ombro a ombro. Recolheu as pernas no mesmo tempo que Sherlock ergueu um dos braços e passou por trás dos ombros dele. O alfarrábio ficou no meio dos dois e John viu vários recortes colados nas folhas, desde reportagens sobre desaparecimentos e mortes até fotos avulsas de pessoas com os nomes delas escrito embaixo.

– Bertha Jorkins? – John leu um dos nomes.

– Desaparecida. – relatou Sherlock – Pelo menos é o que eu acho. Papai comentou que ela foi passar as férias na Albânia, em julho, mas ainda não voltou. Ludo Bagman é o patrão dela e ainda não investigou o desaparecimento.

– Por que?

– Segundo meus pais, a bruxa tem lapsos grandes de memória e pode ter perdido a noção do tempo. Bagman devia investigar mesmo assim, mas ele é um idiota, como todo mundo que eu conheço.

– Obrigado por isso. – John resmungou e passou a ver outra reportagem, dessa vez de um jornal trouxa, sobre a morte de alguém chamado Franco Bryce, no final de julho – Você se interessa por notícia trouxa?

– Me interessei por essa. Esse homem era caseiro de uma família morta a dezesseis anos. Os Riddle.

– Riddle? De Tom Riddle?

– Suspeito, não? – O corvino sorria como se estivessem na trilha de uma grande descoberta – Esse caseiro foi tido como suspeito na falta de alguém pra culpar, mas foi liberado. Na verdade, ninguém sabia como os Riddles morreram.

– Então... Magia?

– É bem provável... – respondeu mexendo distraidamente nos cabelos do topo da cabeça de John com a pontinha dos dedos – aqui diz que as testemunhas viram uma luz verde... e não aparece nenhum sinal de corte ou contusão... hm... é uma pena que não colocam uma foto do cadáver nas reportagens.

– Se chama bom senso. – apesar da frase de reprovação, o loiro ganhara um tom ligeiramente resignado.

– Chato.

John viu ele virar a página e parar numa reportagem cujo título era sobre as buscas infrutíferas a Sirius Black, mas sua mente não se ateve a isso. Havia uma outra pergunta martelando em seu cérebro, na parte mais próxima do topo da sua cabeça:

– Você e a Janine. Como foi?

Sherlock parou o que estava fazendo e fez uma cara incógnita. John não sabia se o corvino estava estudando-o ou se estava esperando John dar uma explicação para aquela pergunta totalmente fora do assunto.

Potterlock - O Cálice de FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora