A Primeira Tarefa

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A manhã da primeira prova havia chegado e a atmosfera na escola era de grande tensão e excitação. Naquele domingo não havia nada que Sherlock pudesse fazer além de se afundar no sofá da torre da Corvinal e mergulhar no seu Palácio Mental em busca de calma até o horário da prova começar. Ao meio dia, manter-se concentrado e ignorar suas entranhas se contorcendo estranhamente se tornou impossível. Não gostava de deixar suas emoções dominá-lo, mas o nervosismo que sentia era tão intenso que ele ficou imaginando se poderia perder a cabeça quando tentassem conduzi-lo ao dragão e começasse a xingar todo mundo que estivesse à vista.

A medida que o horário se aproximava, todos os alunos corriam excitados para a arena onde aconteceria a prova. Sherlock não conseguiu comer nem mesmo uma uva. Vestiu o uniforme da competição e seguiu com o professor Flitwick por um caminho diverso para se juntar aos outros campeões.

– Sherlock!

Era a voz de John e o corvino se virou para ele como se nunca tivesse visto-o antes. A voz do grifinório estava distante demais, mesmo ele estando muito perto. Tão perto que suas mãos seguravam-lhe o rosto de uma forma calorosa.

– Procure se concentrar, ta bom? Você é bom em manter o foco.

Sherlock se limitou a assentir, sem conseguir falar qualquer coisa em razão do imbróglio na sua barriga. Sua mente estava computando o tempo de uma maneira muito esquisita. Em um momento estava sentindo os polegares de John massagearem-lhe perto das orelhas, numa carícia distraída e reconfortante. No outro, estava sendo guiado pelo professor de Feitiços e descia pelos degraus de pedra até uma tenda onde se encontravam os outros campeões.

A arena do lado de fora estava deserta, cercada por muretas e barricadas de pedra. Em um dos lados havia uma arquibancada apinhada de gente. O professor de Feitiços indicou a entrada da tenda com a mão e falou com voz aguda e trêmula:

– Entre. O... o Sr. Bagman está aí dentro... ele lhe dirá como... proceder... boa sorte, está bem?

Mais uma vez, o rapaz só conseguiu assentir.

Dentro da cabana, Fleur Delacour estava sentada em um banquinho baixo de madeira e parecia um tanto pálida e suada. Vítor Krum parecia ainda mais carrancudo do que de hábito, o que fez Sherlock supor que aquela era a sua maneira de demonstrar nervosismo. Mycroft não parava de andar pra lá e pra cá, parando e fazendo uma cara esquisita ao ver o irmão. Como se os músculos da face do sonserino estivessem todos atrofiados.

Bagman então se dirigiu a eles.

– Vou oferecer a cada um de vocês este saco – ele mostrou um saquinho de seda púrpura e sacudiu-o diante dos garotos –, do qual vocês irão tirar uma miniatura da coisa que terão de enfrentar! São diferentes... hum... as variedades, entendem? E preciso dizer mais uma coisa... ah, sim... sua tarefa será apanhar o ovo de ouro!

A mente do corvino começou a trabalhar rapidamente. Dragões não guardavam bens materiais, pois eram bastante nômades, então não seria difícil distrair um bicho daqueles e fazê-lo esquecer o ovo de ouro.

A menos que estivesse no meio dos ovos de verdade.

Seu coração deu um salto. Não poderia usar o conjutivictus perto de uma ninhada!

– Primeiro as damas – a voz de Bagman o trouxe para a realidade. O jurado estava abrindo a boca do saquinho o oferecendo à Fleur Delacour.

Ela enfiou a mão trêmula lá dentro e retirou uma minúscula e perfeita figurinha de dragão verde, de escamas bem lisas, com o número "dois" pendurado ao pescoço.

– Um Verde Galês! – anunciou Bagman ansioso.

O fato de Fleur não ter demonstrado o menor sinal de surpresa era a prova de que Madame Maxime contara à garota o que a aguardava. O mesmo se aplicava a Krum. Ele tirou o um dragão comprido com asas que se assemelhavam a dois raios apontados pra cima. Tinha o número "três" pendurado ao pescoço.

Potterlock - O Cálice de FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora