O épico artigo de Rita Skeeter sobre o Torneio Tribruxo saiu bem no dia do passeio para Hogsmeade e as expectativas de Sherlock acerca da reportagem foram superadas da pior maneira possível. Cada linha da matéria o fazia sentir uma mistura de náusea e vergonha. A repórter não só reinventou sua vida como pusera em sua boca uma porção de coisas que ele sequer lembrava ter dito na vida, quanto mais no armário de vassouras.
"'As pessoas me acham frio e calculista, mas a verdade é que tenho sonhos e esperanças como qualquer um. É apenas difícil eu expressar tudo o que eu sinto, mas sou capaz de dar a vida pelas pessoas que eu amo, como aconteceu quando eu tinha apenas doze anos e vi a garota dos meus sonhos, Molly Hooper, em perigo.' As lágrimas marejaram aqueles olhos espantosamente claros quando a nossa conversa se voltou para os seus sentimentos repreendidos".
Sherlock sentiu calafrios percorrerem do estômago até a ponta dos cabelos, fechou o jornal bruscamente e passou para John, que estava sentado do seu lado no trem.
– John, eu prometo que nunca mais vou reclamar dos seus artigos.
– Reclama dos meus artigos?! – o Watson abriu a boca abismado – Mas eu falo de você!
– Rita Skeeter também está falando de mim.
– Seu... Arg! Esqueça! Não vale a pena arrancar alguma humanidade de você! – ele abriu o jornal tão fortemente que quase o rasgou no meio.
Os olhos de John se moveram de um lado para o outro e sua cabeça abaixava a medida em que lia a reportagem. Demorou poucos segundos para o garoto formar uma ruga incrédula bem no meio das sobrancelhas e se virar pasmo para o amigo:
– Você não disse que Molly é a garota dos seus sonhos, disse?
– Você consegue me imaginar dizendo isso?
– Não... mas... por acaso você disse algo parecido com isso?
– Tenho certeza que não.
John leu o parágrafo mais uma vez:
– Deus, eu não consigo imaginar você chorando enquanto fala dos seus sentimentos. A cena desaparece da minha cabeça quando eu tento pensar nela.
– Eu disse que tinha treze anos. Qual é o problema de colocar a idade correta?
– Se Molly ler isso pode acabar acreditando que foi você que falou.
Sherlock escondeu o rosto aborrecido entre as mãos desejando profundamente que isso não atingisse a garota tanto quanto ele achava que iria atingir. A lufana já era emocionalmente frágil, brincar com os sentimentos dela desse jeito era demais até para o seu próprio código de honra.
– Céus... – John ainda encarava, incrédulo, o artigo – ela entrevistou Moriarty também!
Ele começou a ler em voz alta outro parágrafo.
"...na verdade Sherlock Holmes é apenas um bruxo solitário que está desejando sair da sombra do irmão mais velho, o que leva a competição para um lado pessoal. Conversei com um de seus amigos íntimos, Jim Moriarty, que me abriu seu coração. 'Ele está sempre se esforçando para ser reconhecido, e eu admiro isso. Sei que há uma pessoa perdida e confusa, apenas procurando afeição, por trás do seu jeito arrogante. Mas sabe de uma coisa? Eu gosto disso nele.'".
– Molly, a garota dos seus sonhos, e Moriarty, seu amigo íntimo... – John balbuciava em choque – eu nunca pensei que leria uma coisa dessas um dia.
– Por isso ele estava rindo depois da pesagem de varinhas.
– Ela escreveu alguma coisa sobre mim?
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Potterlock - O Cálice de Fogo
FanfictionSherlock e John decidem passar as férias juntos, indo à Copa Mundial de Quadribol, mas o desfecho da competição acaba sendo diverso do que esperavam. Por outro lado, Hogwarts está prestes a sediar o Torneio Tribuxo, mas tudo indica que um outro tipo...