A Decisão de Fudge

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Sherlock fora levado para a sala do professor Moody pelo próprio Olho-Tonto ao invés de ir à enfermaria. Não entendeu o porquê. Sua mente não estava funcionando direito. Estava num estado de torpor, sentado em uma cadeira de um cômodo escuro, cheio de apetrechos; a coluna curvada para frente e o olhar vazio, fixo no chão. Sua perna ainda sangrava bastante, sua respiração ainda estava acelerada.

– Vamos, Holmes, diga... – o professor falava afobado – o que aconteceu?

– Onde está Mycroft?

– Um colega da Sonserina o achou no armário. Alguém o dopou com uma poção do morto-vivo, já está na enfermaria. Agora conte-me! O que aconteceu lá?

– Voldemort voltou... com a ajuda de Rabicho... mataram Mary e me prenderam... eles queriam a mim para fazer um ritual...

– Fale sobre o ritual. Como aconteceu? – Moody lambia os lábios nervosamente.

– Com o osso do pai dele, a mão de Pettigrew e meu sangue... era por isso... era por isso que Mary não queria que eu vencesse...

A voz de Sherlock morreu na medida que as engrenagens de seu cérebro voltavam a funcionar. A pessoa que colocara seu nome no Cálice de Fogo não fez isso para matá-lo ou para desafiá-lo. Ele tinha que vencer para que o plano de Voldemort pudesse continuar. E quando Mary foi mandada para o cemitério dos Riddle com ele, usou o pronome "ela" para se referir à pessoa que queria que Sherlock vencesse as provas.

Quem colocou seu nome no Cálice teve que ficar no castelo para garantir sua vitória. E era uma mulher.

– Detalhes, Holmes – Moody falava impaciente. – Eu preciso dos detalhes.

Entretanto, o rapaz emudeceu. Uma rápida cadeia de lembranças se formou em seu Palácio Mental. O professor Moody dera o melhor argumento para os juízes o manterem na competição, e ainda incutiu a ideia falsa de que estariam tentando matar o garoto para desviar as suspeitas. O professor Moody estava na equipe que patrulhava o labirinto, então poderia usar o feitiço imperius em Krum para fazê-lo atacar Fleur, o professor Moody estava sempre por perto durante as competições e, principalmente...

... o professor Moody pegara o Mapa do Maroto de John, sem nunca ter achado nada de suspeito nele.

Sherlock ergueu o olhar para encarar o homem corpulento e cheio de cicatrizes que estava de pé à sua frente, o olho normal e o olho mecânico focados ansiosamente no rapaz.

Então o corvino se lembrou do dia em que o pai chegou ferido em casa porque Olho-Tonto Moody teria acionado um alarme falso, pois quando os aurores chegaram descobriram que o barulho suspeito vinha de um bichano.

E se não foi um alarme falso? E se, na verdade, os aurores tivessem chegado tarde demais? E se tivesse dado tempo para a pessoa que atacou Moody bebesse uma poção polissuco?

Sherlock estava pronto pra puxar a varinha das vestes. Moody apertava a dele. As veias de sua mão nodosa se sobressaíram. Mas foi uma terceira voz que falou:

Estupefaça! – Houve um lampejo ofuscante de luz vermelha, e, com grande fragor de madeira estilhaçada, a porta da sala rachou ao meio e Moody foi atirado de costas ao chão. Sherlock se levantou num pulo para ver quem atirara, e logo notou Dumbledore com a varinha em punho. Havia uma fúria gelada em cada ruga daquele rosto velho.

O diretor entrou na sala seguido de Minerva McGonagall e de Severo Snape, enfiou um pé sob o corpo inconsciente de Moody e virou-o de barriga para cima, de modo que seu rosto ficasse visível.

– Vamos, Holmes – a professora se dirigia ao aluno com os lábios trêmulos, como se ela estivesse à beira das lágrimas. – Vamos... ala hospitalar...

Potterlock - O Cálice de FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora