As Maldições Imperdoáveis

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O dia amanheceu cinza e frio. A grama estava empapada, com poças espalhadas, e um solzinho fraco clareava os jardins. Sherlock caminhava com John, prestando a atenção nas poças de lama, e com o Livro Monstruoso dos Monstros debaixo do braço.

– Sério que você não queria participar? – John perguntou quando tocaram no assunto do Torneio Tribruxo – Justo você, que enfrentou um Basilisco?

– Eu quase morri.

– Mas foi heróico. Afinal, a Molly vive falando sobre isso. Que você lutou, que quase morreu pra salvar a vida dela, que isso foi... – percebeu que estava prestes a fugir do assunto e sacudiu a cabeça – Bom, você não gosta de ação?

– Até gosto, o que eu não gosto é de publicidade.

John ficou vermelho.

– Não se preocupe – disse o corvino ao reparar a mudança de cor no amigo – acho que você faz bem em mostrar às pessoas fatos importantes, mesmo que seja no Pasquim. Eu só queria que não floreasse tanto os meus métodos.

– É isso que prende os leitores, sabia? Por isso eles preferem ler meus texto do que...

– ...ouvir as minhas explicações.

– Isso – o grifinório empertigou-se. – É uma pena que eu só tenha catorze anos. Eu ia adorar competir.

– Eu sei que ia. – Sherlock lhe deu um sorriso enviesado – Você gosta dessas coisas.

– Do que? Da fama?

– Do perigo.

Pela risada que John soltara, Sherlock acertara em cheio.

– Você torceria por mim? – O Watson perguntou.

– Eu saberia que as chances de você ganhar são irrisórias porque tem bruxos muito mais experientes competindo, mas eu torceria em consideração à nossa amizade. Só não apostaria dinheiro.

– Você é o legume mais insensível que eu já tive a infelicidade de conhecer.

Após uma caminhada cansativa, com os pés vez ou outra chafurdando no mato, eles chegaram à pequena cabana de madeira de Hagrid, que ficava na orla da Floresta Proibida, e esperaram os outros alunos chegarem. O professor segurava a coleira de Canino, que por sua vez, pulava, latia e farejava vários caixotes fechados perto do dono.

– Bom dia, meninos! – Cumprimentou Hagrid puxando Canino pra perto antes que o cachorro atacasse as caixas – Preparei uma aula e tanto pra vocês! Oh, sim! Esperem só vê-los!

Outros alunos começaram a chegar, levantando bem os joelhos na hora de andar. John então notou algo muito positivo naquele momento. Moriarty tinha desistido da disciplina.

Quando a turma estava toda presente, o professor ajeitou os ombros, esticou a coluna e deu uma monossilábica risada, apoiando as mãos na barriga:

– Bom dia a todos! Estão todos aqui? Ótimo! Espero que estejam bem espertos, pois vão precisar ficar bem atentos para cuidarem dessas belezinhas.

Hagrid abriu as caixas com um pé de cabra e foi só mostrar as coisas dentro delas que Kitty deu um grito, Molly e Henry recuaram muitos passos e John sentiu seu café da manhã voltar pro esôfago.

Explosivins!

Explosivins nada mais eram do que criaturas gosmentas que pareciam lagostas sem casca, deformadas e terrivelmente brancas, cheirando a peixe podre. As pernas saíam dos lugares mais estranhos e não dava pra saber onde estava a cabeça. Havia uns cem deles em cada caixote, cada um com uns quinze centímetros de comprimento, rastejando uns sobre os outros, batendo às cegas contra as paredes.

Potterlock - O Cálice de FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora