Sherlock suava frio e rangia os dentes. Seus pensamentos estavam embaralhados e seu coração disparava dentro do peito. Olhava Pettigrew carregar um pesado caldeirão cheio de um líquido borbulhante, com cheiro forte, deixando-o na frente do rapaz, que ainda não conseguira absorver a revelação do animago.
Ele não poderia ser a criança que sobreviveu. Insistia nesse pensamento enquanto, atordoado, sentia as lembranças se misturarem na sua mente e se encaixarem num confuso quebra-cabeças, com uma vasta quantidade de peças faltando.
Acordara no meio da noite com a cabeça doendo. Tivera um pesadelo, mas não sabia exatamente o que era. Talvez consequência dos dementadores. Lembrava-se de ter visto Pettigrew nele, e ouvia algo sobre a volta de Voldemort. Foi depois dali que começou a tomar poção drenhose e, assim, poder dormir sem sonhar. Um mês depois comprou a corujinha Mercúrio, na tentativa de poder escrever sobre o assunto com Sirius Black, afinal, Sirius conhecera Pettigrew e estava lhe devendo um favor.
Sherlock suava frio e apertava os olhos enquanto Rabicho arrastava algo pequeno e feio, embrulhado num trapo imundo, para perto do caldeirão.
"'Tem alguma coisa que vai e volta na minha cabeça' dizia Sherlock para John, no terceiro ano, enquanto eles iam para Hogsmeade pela primeira vez 'não consigo me lembrar...'"
Rabicho usou a varinha para levitar um osso de dentro do túmulo aberto do lado oposto à lápide onde Sherlock estava amarrado.
– Osso do pai... – dizia Pettigrew com ar obscuro – dado sem saber, renove o seu filho...
O osso caiu no caldeirão e o líquido que havia dentro dele disparou faíscas para todo o lado até ficar um azul vívido e peçonhento.
"'Meus pais nunca tinham me contado que Voldemort era ofidioglota... como eu' murmurava Sherlock, em seu segundo ano, para Dumbledore."
Rabicho largou a varinha e tirou um punhal das vestes, colocando a lâmina bem rente ao braço que estava sem um dedo.
– Carne... do servo... dada de bom grado... reanime... o seu amo...
O barulho da mão sendo decepada e caindo no caldeirão veio junto com guinchos de dor do próprio algoz.
"'E por que acreditar em você?' Sherlock, no terceiro ano, falava para Rabicho 'Causou uma explosão que matou vários trouxas apenas para fingir a própria morte. Isso é um crime grave'. "
"Pettigrew olhou para o rapaz como se nunca tivesse prestado a atenção nele."
Os olhos lacrimosos de um Rabicho guinchando de dor se voltaram para o garoto. Então ele desceu o punhal com violência, fazendo um corte grande e profundo na perna de Sherlock. A vítima deixou escapar um grito enquanto seu algoz colhia uma parte do sangue do corte aberto e colocava no caldeirão.
– Sangue do inimigo... tirado à força... ressuscite... seu adversário.
"Minha cabeça estava explodindo de dor... Nem mesmo consegui sair da cama"
Rabicho pegou a coisa que carregava dentro do monte de trapo. Parecia um bebê muito feito, completamente deformado, com uma cara ofídica. Ele jogou o bebê no caldeirão e fumaça se espalhou por toda a parte. Nesse momento, Sherlock sentiu uma dor na cabeça tão grande que era como se uma lâmina rasgasse-a por dentro. A dor surgia de uma cicatriz escondida sob seu couro cabeludo.
"'Sem contar com a cicatriz que você tem na cabeça depois de enfrentar aquela esfinge' dizia Mycroft."
Então Sherlock viu... de dentro do caldeirão saiu um homem magro, com o olhar fixo no garoto. Era mais branco do que um crânio limpo, com olhos grandes e vermelhos, um nariz chato como o das cobras e fendas no lugar das narinas...
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Potterlock - O Cálice de Fogo
FanfictionSherlock e John decidem passar as férias juntos, indo à Copa Mundial de Quadribol, mas o desfecho da competição acaba sendo diverso do que esperavam. Por outro lado, Hogwarts está prestes a sediar o Torneio Tribuxo, mas tudo indica que um outro tipo...