A Volta de Almofadinhas

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John e Mary caminharam apressados até a cabana de Hagrid, passando pelas árvores que mostravam as primeiras ramas da primavera. Contornaram o campo de abóboras e viram as cortinas da janela fechadas. Mal se aproximaram do lugar e puderam ouvir os latidos estridentes de Canino juntamente com o barulho das patas do animal arranhando a porta.

– Hagrid? – chamou John, batendo várias vezes na madeira.

O cão de caçar javalis latiu mais alto, arfou e voltou a latir.

– Hagrid! – Mary bateu depois.

Nenhum sinal do meio gigante. John perdeu a paciência e esmurrou a porta com violência.

– Hagrid, pára com isso! Sabemos que você tá aí dentro!

– Nós lemos o Profeta Diário – Mary explicava – estamos preocupados com você!

– Abre logo, Hagrid! Eu já sabia que você é meio gigante desde o ano passado, independente do que aquela vaca da Skeeter publicou!

Passaram-se menos de cinco segundos quando o barulho da trinca se fez ouvir. A porta mal se abriu e John foi logo falando revoltado:

– Finalmente, pô! Já não era sem...! – e se calou assim que viu a cara de Dumbledore na porta – P-professor?

– Boa tarde, sr. Watson. Srta. Morstan. – disse o diretor agradavelmente, sorrindo para o casal.

– Nós... hum... nós gostaríamos de ver o Hagrid.

– Claro, imaginei isso, sr. Watson. Entrem.

John e Mary entraram na cabana e Canino se atirou sobre eles, abanando a calda e latindo feito louco. Hagrid estava sentado à mesa, onde havia duas canecas de chá. Seus olhos estavam inchados e, se antes o seu cabelo aparecia ocasionalmente num penteado esquisito, agora estava extremamente seco, parecendo palha, apontando para todas as direções ao mesmo tempo.

– Hagrid... – disse John com pesar.

– Então você também sabia? – o meio gigante fungava – Como sabia? O que eu sou, como sabia?

– Sherlock me contou.

– Eh, ele... ele me disse que... descobriu só de me ver... tinha apenas onze anos... garoto esperto...

– Viu, Hagrid? – falava Dumbledore brandamente – O sr. Watson também sabia da sua natureza e isso nunca fez diferença para ele. Estão preocupados com você. E mesmo aqueles que descobriram sua hibridez por causa da reportagem não o repudiam. Aqui está a srta. Morstan, uma de suas quintanistas favoritas, para confirmar isso.

John achou estranho que Sherlock tivesse ido visitar o meio-gigante sem chamá-lo, especialmente porque ele tinha passado o dia com dor de cabeça. Provavelmente fora ver o guarda caças durante o almoço.

– Como Skeeter ficou sabendo afinal? – Mary perguntou – Não só da sua hibridez, mas também... bom, ela citou sua mãe, não?

Hagrid balançou a cabeça, ainda lagrimando:

– Não sei como ela descobriu também, Mary... eu nunca tinha falado sobre a minha mãe até conversar sobre isso com Olímpia, no baile... – seu olhar estava distante e languido, como se a tristeza tivesse duplicado a dose – Olímpia é como eu... eu quis conversar sobre isso... sobre ser como somos... falei da minha mãe... mas Olímpia negou a própria origem... disse que não era meio giganta... que só tinha ossos largos...

Pelo visto "Olímpia" nada mais era do que o primeiro nome de Madame Maxime. Foi muita ousadia ela ter dado essa desculpa, já que a única coisa que podia ter ossos mais largos que os dela era um dinossauro.

Potterlock - O Cálice de FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora