Sherlock dobrou a esquerda, depois à esquerda novamente, e então seguiu reto. A varinha repousada na palma da sua mão se movia sozinha, como o ponteiro de uma bússola. Seus sentidos estavam bem apurados, pois não só poderia ser atacado por um dos campeões como, também, uma das criaturas de Hagrid poderia surgir a qualquer momento e pular em cima dele.
Era só uma questão de tempo até um explosivim aparecer e, da última vez que viu aquele bicho, estava com dois metros de altura.
Ao fazer uma curva, o ar ficou instantaneamente gelado e o cenário mais escuro. De repente um dementador emergiu do breu e deslizou em sua direção. Três metros e meio de altura, o rosto oculto pelo capuz, as mãos podres e cobertas de feridas estendidas à frente. Sherlock não pensou duas vezes e agarrou a varinha imediatamente enquanto pensava na primeira prova do torneio:
– Expecto patronum!
Um corvo luminoso com um brilho prata azulado avançou na criatura, sem necessariamente atingi-la. Aquilo foi estranho, por mais medo que o rapaz tivesse dos dementadores, um Patrono daquele tipo deveria assustá-lo.
Medo... Claro! Era um bicho papão!
– Riddikulus!
Um grande estalo foi ouvido e o dementador tropeçou nas próprias vestes e caiu de cara no chão, numa cena cômica. Depois sumiu, deixando para trás apenas uma fumacinha.
O corvo prateado voou em volta do rapaz, cujo coração estava acelerado. Malditas criaturas que mexem com emoções. Sem dúvida eram as piores coisas do mundo bruxo.
Voltou a andar assim que o Patrono desapareceu e continuou o seu caminho cautelosamente, com a varinha novamente apoiada na palma da mão. Esquerda... direita... novamente direita...
De repente uma estranha névoa dourada e brilhante surgiu como uma parede cintilante bloqueando o seu caminho. Sherlock manteve uma distância segura da nuvem de fumaça e a analisou. Em seguida apontou a arma.
– Ventus! – ordenou.
Uma parte da névoa soprou para trás e para cima, se dispersando, mas logo voltou a se aglomerar. Estava encantada com algum feitiço venenoso, paralisante ou alucinógeno. Os dois primeiros casos eram mais improváveis, pois a paralisia impediria os campeões de pedirem ajuda, e o envenenamento poderia levar um competidor insistente e imprudente (como ele próprio) à morte. Por eliminação, arriscou o encanto ilusório.
Desenhou um número quatro na terra com o pé e se posicionou em cima dele, sem desfazê-lo. Em seguida ergueu a varinha para o alto.
– Invocare. Quattuor.
Uma áurea luminosa envolveu seu corpo. O rapaz respirou fundo, reuniu coragem e começou a andar em direção à névoa. Sua imagem foi tragada aos poucos pela cortina de fumaça dourada e logo somente a sombra de sua silhueta era vista por fora da passagem.
Dentro da neblina, porém, era como se ela nem mesmo existisse. As paredes, o chão e o céu continuavam no lugar e não diferiam do resto do labirinto. Aprendera a aula de Aritmancia que o número quatro (o algarismo que representava a firmeza e a estabilidade, como as quatro pernas de uma mesa) regia o seu coração, então poderia invocar sua proteção para desfazer feitiços que mexessem com as emoções, como no caso de encantos ilusórios.
Quando finalmente saiu da cortina de fumaça, ouviu um grito. Um grito feminino. Fleur estava sendo atacada. Sherlock olhou para o céu, mas não viu nenhuma faísca vermelha. Não deu tempo dela pedir ajuda. Não era um grito de susto, era estridente demais, e Fleur era uma campeã escolhida pelo Cálice de Fogo, não gritaria por qualquer coisa. Provavelmente perdeu os sentidos antes que conseguisse disparar o sinal de alerta.
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Potterlock - O Cálice de Fogo
FanfictionSherlock e John decidem passar as férias juntos, indo à Copa Mundial de Quadribol, mas o desfecho da competição acaba sendo diverso do que esperavam. Por outro lado, Hogwarts está prestes a sediar o Torneio Tribuxo, mas tudo indica que um outro tipo...