PRÓLOGO

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Isso não faz você se sentir sozinho?

— A vida da gente, doutora, é uma caixinha de surpresas — murmuro para ninguém mais, ninguém menos, que Letícia Rossi

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— A vida da gente, doutora, é uma caixinha de surpresas — murmuro para ninguém mais, ninguém menos, que Letícia Rossi.

— Você acha que o seu afilhado ficará feliz em saber que o tio dele tomou outro tiro, Jensen? — ela me pergunta.

— Dessa vez foi de raspão — eu murmuro em minha defesa e depois abro um sorriso. — Mas Lourenço é filho do pai dele, vai amar as marcas de guerra que o padrinho dele tem.

— Eu acho que vou correr uma ampola de Rivotril na sua veia também — ela anuncia se afastando de meu braço.

— O que diabos é isso?

— Um remédio conhecidíssimo pra "doido" — faz aspas com as mãos e eu abaixo os olhos em respeito a mulher quando ela se vira de costas pra mim.

Quase dois anos de convivência com os Rossi é o suficiente para que eu saiba que Diego Lopez é um dos mais ciumentos, porém nesse período eu também aprendi a ver todas como minhas irmãs e primas. Eu as respeito como respeito Diana, que cresceu comigo, eu as tenho como se meu sangue corresse nas veias delas. Principalmente todas "cuidam" de mim como podem.

Exceto Íris, ela me odeia porque eu sou o padrinho do primogênito do irmão caçula dela.

Sim, eu tenho certeza que quem disparou esse tiro foi ela.

Uma batida suave soa do outro lado da porta e a enfermeira se coloca prontamente a atender, enquanto meus lábios se colocam prontamente a abrir um sorriso quando encontro o amigo que pedi tantas vezes ao universo do outro lado.

Inclusive, a gargalhada que eu estava esperando dele acaba de sair estrondosa por sua garganta.

— Porra, Jensen! — exclama rindo e Letícia lhe dá um tapa.

— Silêncio! Isso daqui ainda é um hospital — ela lhe repreende e ele fecha a boca, consertando seu terno e sua postura em seguida. — Vamos deixa-los a sós.

A doutora Rossi e a enfermeira saem do quarto e, assim que elas fecham a porta, Nicolas cobre o rosto dando uma sequência de risadas.

— Cara, temos que ver como vai ficar isso daí, porque Diana virá bufando pra cima de mim — digo também rindo e agora ele senta para rir mais ainda.

— Sim, você está fodido! — coloca a mão na barriga e eu reviro os olhos o deixando o rir o máximo que consegue.

Enquanto Nico está se matando de rir, eu movo meus olhos para a faixa em meu braço e me questiono se alguma cicatriz irá manchar alguma das minhas diversas tatuagens.

— Diana está furiosa — o ruivo interrompe meus pensamentos após uns três minutos rindo. — Ela está se perguntando como diabos você conseguiu tomar a porra de um tiro, Jensen. COMO DIABOS?!!!

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