Capítulo 06|Infernos diferentes

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O tempo estava fechado e frio

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O tempo estava fechado e frio. A neblina cobria toda a extensão das montanhas deixando apenas o topo delas a mostra enquanto uma fina chuva caía do lado de fora. Vadronia sempre foi assim; Uma cidade fria e aconchegante. Embora estivesse chovendo o tempo todo ou com nuvens escuras no céu, as estações em Vadronia ─ principalmente a primavera e o inverno ─ eram fenômenos incríveis que faziam qualquer um se apaixonar pela grande cidade que ficava situada nos arredores da França.

Embora toda aquela beleza e calmaria me confortassem, eu não havia conseguido dormir bem a noite. Assim como o tempo, tudo naquela casa parecia estar combinando com os meus sentimentos, que iam desde a raiva até a tristeza ─ que eu carinhosamente havia apelidado de fundo da fossa. Naquele momento os meus olhos estavam fixos nas gotas da chuva, que batiam no vidro da janela e deslizavam por ele. Nas últimas horas eu sequer pensará no que fazer e como fazer para escapar daquele quarto, mas todas as minhas ideias pareciam inúteis quando eu logo percebia que não tinha como escapar. No fim, eu cheguei a conclusão de que eu era como um pequeno ratinho de laboratório preso, e minha única função era correr e correr naquela roda estúpida sem rumo algum.

── Bom dia! - Safira desejou ao abrir a porta e entrar. Ela parecia sempre bem disposta e bela. ── Que bom que você já esta de pé.

── Como se eu tivesse conseguido dormir. - resmunguei ainda olhando para o lado de fora. ── Qual a ordem agora?

── Victor quer que você esteja pronto para o enterro do seu pai. - ela avisou. ── Tudo foi providenciado, então.

── Por mim ele poderia ser enterrado em um terreno abandonado, ou em qualquer outro lugar. - respondi sem me importar muito com aquela notícia, dando de ombros.

Ouvi o barulho do salto agulha de Safira bater no chão, indicando que ela estava vindo em minha direção. Uma de suas mãos tocou gentilmente meu ombro.

── Não seja tão ruim. Acredito que independente de tudo seu pai deveria o amar.

Soltei uma risada baixa.

── Acha que eu estaria aqui se ele me amasse? - questionei virando meu rosto na direção de Safira. Ela ficou em silêncio. Sorri. ── Foi o que eu pensei. Não existe perdão para o que ele fez comigo Safira, ele me vendeu. No fim, Victor estava certo em tudo o que me disse, eu é quem não queria ver a verdade. Nunca vou ser capaz de perdoa-lo por isso.

── Sendo bem sincera, Rômulo não é digno de receber o perdão de alguém pelas coisas que fez, mas agora não é uma questão de perdoar Pietro, mas sim de encerrar ciclos para dar início a novos. Não estamos pedindo para que você diga frases bonitas ou coisas do tipo, mas sim para que pelo menos acabe com tudo isso.

Eu realmente não duvidava do amor do meu pai por mim. Ele não era um homem que demonstrava seus sentimentos, fosse em público ou as escondidas, mas sempre fazia questão de demonstrar com algum ato simples que dava um certo valor a família. Porém, agora, eu não conseguia acreditar em mais nada daqueles pequenos gestos. Minha confiança estava quebrada e a raiva me consumia, toda aquela ganância dele havia levado embora as pessoas que eu mais amava; Nossa família, amigos, minha mãe... E agora ele. A única coisa que Rômulo fez foi estragar meus planos para um futuro todo planejado com cuidado e que agora estava destruído. Mas, se eu conseguisse, ainda poderia ter uma chance de resgatar esse futuro.

Até Que Você Me AmeOnde histórias criam vida. Descubra agora