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Enquanto estava sentada, Fushiguro se afastou rapidamente como se estivesse falando com alguém, minutos depois os seguranças dele vieram em dois carros, a porta do veículo maior foi aberta e você foi quase obrigada a entrar. O homem entrou logo depois, sentando ao seu lado no banco traseiro.

De algum modo ele parecia diferente de antes, mais antipático, sério. O motorista nem fazia questão de falar algo, estava um silêncio desconfortável que só aumentava com os minutos, suas mãos se mexiam inquietas, se arrependendo de ter aceitado a "carona".

Olhando de canto disfarçadamente, notou Fushiguro com o cotovelo apoiado na porta, descansando a cabeça no punho fechado. Mais minutos se passaram e você percebera que estava indo para um caminho totalmente diferente da sua casa.

— Ei! Pra onde diabos está me levando? Minha casa não fica para esse lado. – A rota que estavam seguindo levava diretamente para um bairro nobre de Tokyo.

— Hum? Eu acabei mudando de ideia, não vou levá-la pra casa. – A voz dele era um tom baixo e rouco.

Você estava incrédula e não queria acreditar que acabara de ser sequestrada, e o pior, tudo porquê deu brecha para ele fazer tal coisa. Se amaldiçoou internamente incontáveis vezes por ter sido estúpida, podia até sentir vontade de rir por estar tão nervosa.

Nunca imaginou que um dia poderia acontecer algo desse tipo, sempre se achou quieta e normal o suficiente para não ser alvo de sequestro. Tentou se manter calma e pensar nas vezes que assistiu casos criminais que envolviam esse acontecimento, não podia ser medrosa o suficiente para não pedir ajuda na primeira oportunidade, mas também não podia ser atrevida ao ponto de enfrentar alguém com o triplo da sua força.

Você fitou o rosto do homem ao lado, antes não tinha percebido, mas agora notava que já tinha o visto em algum outro lugar, muito antes do acontecimento do beco. Sua memória trabalhava forçadamente até lembrar de ter visto ele na TV, ele era um empresário bem sucedido pelo que mostrou na reportagem.

"Com certeza deve ser alguém que se passa de bonzinho para todos, mas é algum peão que lidera superficialmente os esquemas dos criminosos."

A adrenalina que sentia fez todo o efeito do álcool passar e permitir que raciocinasse perfeitamente.

— Por que está fazendo isso comigo? É porquê eu vi algo que não devia? Juro que não contei nada pra ninguém. – "Ninguém fora Lisa, né."

Porquê... Boa pergunta. – Fushiguro mantia o olhar para o lado de fora do veículo. — Você despertou meu interesse, garotinha, e dará um bom passatempo pra mim.

Babaca. É a palavra que você usava para descrevê-lo, nem um motivo plausível ele tinha para cometer tal crime, parecendo um moleque mimado que por sempre ter tido o que queria, achar que realmente tinha esse direito. 

— Garotinha é minha bunda.. – Murmurou irritada.

Para alguém que a deu uma boa primeira impressão sendo levemente engraçado e atencioso, agora parecia que ele havia sido substituído por outro homem com uma personalidade o oposto.

Como se estivessem perto de entrar em alguma outra rua, sentiu uma batida forte e rápida na sua nuca, não conseguindo manter os olhos abertos depois disso.

...

Seu pescoço doía e vozes masculinas distantes chamavam sua atenção, seu corpo estava suspenso e você sentia a impressão de estar sendo carregada com um saco de cimento.

— Toji, maldito, como se deixou levar por aqueles caras e ser esfaqueado? Devo lembrar qual a sua maldita posição? Teve treinamento especial mas ainda continua imprudente, parece a merda de um adolescente. – Um homem falava alterado, você tentava fingir ainda estar desmaiada para poder escutar mais.

— Cala a boca, Naoya. Abaixa a porra do tom pra falar comigo, mesmo sendo meu primo posso dar uma surra em você. – Uma voz que você conhecia muito bem falava em um rosnado.

— Que seja, mas se falhar, irei tomar seu lugar. – A voz desconhecida diminuía o tom consideravelmente e se afastava aos poucos.

Você sentia sua barriga começar a doer por estar sendo prensada por um ombro rígido mas se manteu imóvel. Um suspiro irritado foi ouvido, lhe deixando atenta.

— O que estão fazendo aqui ainda? Levem ela para a segunda mansão e a deixem em um quarto no corredor principal.

"O quê? Segunda mansão? Que merda está acontecendo? Céus.." 

A pessoa que a carregava caminhou em passos largos e rápidos, virando algumas vezes e chegando minutos depois até o possível lugar que havia sido mandada. Você finalmente abriu os olhos quando sentiu seu corpo jogado contra uma superfície macia.

Estava em um quarto incrivelmente espaçoso mas totalmente branco, parecia até um quarto de hospital. Fez careta enquanto analisava o local, se levantando rapidamente e indo até a porta, estava trancada como o esperado.

— A pergunta é: Como irei dar o fora daqui em poucas horas? – Murmurou tateando cuidadosamente a porta procurando uma possível abertura.

Seu pensamento ia constantes vezes à sua mãe, se perguntando como ela poderia reagir se você não voltasse pra casa. Ela obviamente ficaria desesperada, o que lhe doía o coração ao imaginar a cena. Ela já tinha perdido seu pai, se imaginasse ter perdido a filha também, ficaria sem chão.

Viu a enorme janela de vidro, porém reforçada com grades, e deixou um suspiro de frustração sair. Aquilo parecia uma prisão, mas de luxo.

— Que tipo de maníaco ele deve ser? Atrai as jovens mulheres por quem se interessa e as prendem nesse lugar? Ele deve estar querendo criar um harém se houver mais de quatro mulheres, certeza.

Você acabou se jogando na cama, por mais absurda a ideia, queria dormir nesse momento, a cama era confortável o bastante para não poder resistir. Quando acordasse iria tentar pensar em uma forma de dar o fora do local.

Sua mente criava vários cenários, do pior ao mais leve, se assustando com o poder que ela tinha para formar tais coisas. Adormeceu após um curto tempo.

...

Raios fortes de sol iluminavam seu rosto, uma batida na porta chamou sua atenção e você se pôs na defensiva rapidamente. A porta de madeira se abriu, uma mulher pouco mais velha que você entrara no cômodo carregando consigo uma bandeja de metal.

A mulher posicionou a bandeja na mesinha no canto do quarto, havia alguns lanches nela. Enquanto a moça preparava o que quer que fosse, você notou a porta destrancada.

Aquilo poderia ser uma chance de fuga, mas como se tivesse os pensamentos lidos, o objeto de madeira foi aberto lentamente para lhe mostrar um segurança ao lado da porta.

— Ah, ótimo, que irritante. – Reclamou baixinho. Sua presença era quase completamente ignorada pela empregada no quarto. — Ei, cadê o babaca que me prendeu aqui? Quero falar com ele agora.

— Desculpe senhorita, mas Fushiguro-san está devidamente ocupado agora. – Ela falava de modo formal enquanto se curvava. — Se me der licença..

Ela não deixou que você falasse mais nada e saiu rapidamente do quarto. O "click" da fechadura sendo trancada foi o único som ouvido fora sua respiração.

Para você, acabava de dar início o possível inferno que viveria até fugir ou ser libertada, definitivamente.

𝙃𝙀𝘼𝙑𝙀𝙉, toji fushiguro Onde histórias criam vida. Descubra agora