twenty nine

5.9K 762 262
                                    

O homem soltou lentamente seus braços para então agarrar sua cintura. Ele era habilidoso e não tinha pressa no que fazia. Involuntariamente você cedeu, mesmo tendo em mente que era errado, mesmo ainda tendo vontade de chutá-lo, seus desejos carnais gritaram.

Não havia sentimento amoroso, apenas desejo da parte dos dois. O tempo que passara sem beijar alguém também contribuiu para que isso acontecesse. Fushiguro se sentiu satisfeito e em um ato rápido a puxou para o colo dele, pela primeira vez não ligando se a mulher em cima dele estava fedendo a cerveja ou não.

Seus braços descansaram nos ombros largos dele e suas partes íntimas se esfregavam vez ou outra, ocasionando em fracos gemidos seus. A língua dele predominava os movimentos, a sua apenas seguia. Fushiguro tinha um fraco gosto de álcool e energético, não era desagradável. Seu inconsciente gritava para sair de perto dele, com certeza se arrependeria disso no dia seguinte. Mas, por que não apenas aproveitar o momento?

O aperto da mão dele em sua cintura era firme e a puxava cada vez mais, querendo sentir seu corpo colado ao dele. Já fazia alguns dias que Fushiguro ansiava por você, mas estranhamente se controlou, até agora. Para não se sentir totalmente culpada você mordeu o lábio inferior dele, usando uma força considerável.

Fushiguro parou, uma linha de sangue se formava na boca dele. Um sorriso cínico surgiu em seus lábios. Ele levantou sua cabeça com a ponta dos dedos e então distribuiu beijos pelo seu pescoço. Sua respiração prendeu, podia sentir Fushiguro insinuando pequenas mordidas no local. Antes que pudessem pensar em avançar as coisas, o carro parou já em frente à mansão.

O moreno travou a mandíbula, claramente descontente mas acabou deixando-a sair. Ao pisar no chão suas pernas pareceram meio bambas, mas resolveu ignorar e sair andando na frente. Por andar em passos longos, acabou entrando na mansão principal, onde geralmente era proibida de estar.

A primeira cena que viu foi de um homem sentando em um dos vários sofás. Ele tinha cabelo loiro escuro com as pontas de um tom marrom. Esse homem fez uma expressão estranha ao vê-la e Fushiguro apareceu rapidamente ao notar que não esperara por ele.

— Sério, nosso avô foi muito estúpido ao deixar você assumir o posto dele.. - Provocou. Fushiguro deu alguns passos até parar em frente ao homem sentado e o olhou de cima.

— Não me irrita, Naoya. Sabe que eu posso facilmente acabar com você. - Ameaçou e recebeu um sorriso atrevido como resposta. A rixa entre esses dois vinha desde que Fushiguro fora escolhido como o favorito do ex-chefe da yakuza.

Naoya ainda se recusava a aceitar o primo como seu superior. Na cabeça dele não fazia sentindo o avô escolhê-lo, pois Fushiguro sempre fora um moleque que ligava mais em passar a noite em festas, com mulheres e gostava de se meter em confusões. O odiou ainda mais quando soube que o primo assumiu um relacionamento sério com uma mulher qualquer e teve um filho.

Para ele, aquele ato foi algo realmente imprudente para alguém que ocupava a posição como chefe. Porquê ele sabia que aquela mulher não duraria muito e como esperado, ela morreu. E Fushiguro se deixou afetar por aquela situação e por meses não cumpriu totalmente com seus deveres.

E agora vendo você agindo despreocupadamente ao lado dele, só o fazia pensar que toda aquela merda de um ano e meio atrás se repetiria.

— Não esqueça que eu também tenho influência aqui, Toji. Ah, e cuidado, não quer dar o mesmo destino para essa aí, quer? - Você observa a pequena troca de ameaças com curiosidade. Uma boa desavença familiar era uma atração interessante as vezes.

Fushiguro ficou quieto por um tempo, mas ignorou ele e saiu lhe empurrando – com apenas uma mão no meio de suas costas – mas antes expulsou Naoya da casa.

...

Quando chegaram em seu quarto, você não deixou abertura para que o homem falasse algo e correu para o banheiro. Sua segunda ação após isso foi retirar as vestimentas e mergulhar embaixo do chuveiro. Você acabou vomitando pouco tempo depois, mas graças à isso melhorou um pouco.

Após o banho e fazer a higiene bucal, estava mais relaxada. Saindo do banheiro, ainda de toalha, planejava escolher uma roupa confortável e deitar – já deviam ser quase cinco horas da manhã – mas para sua surpresa, Fushiguro estava sentado no lugar de sempre, encarando o nada.

— Por que caralhos está aqui? - Perguntou enquanto recuava, apertando o pano que cobria seu tronco. Ele a olhou, mas não mostrou nenhuma expressão.

Fushiguro definitivamente era um homem imprevisível, por isso tinha que ficar alerta à qualquer ação dele. O olhando agora, reviveu a cena no carro de minutos atrás. Foi estranho, mas bom, só que não teria coragem de fazer isso novamente. Não sóbria, e não continuando presa nessa mansão por causa dele.

Suas memórias da festa ainda estavam meio embaralhadas, apenas as coisas mais recentes continuavam nítidas. Um sorriso mínimo surgiu enquanto pensara na festa e, inevitavelmente, nos seus amigos. Talvez nunca mais os vissem, mas as memórias que criou com eles a confortavam.

Você fechou a cara e olhou para Fushiguro. Se aproximou dele e sentou-se à sua frente, de alguma forma sentiu vontade de tentar conversar com ele. Não queria entender ele, mas sim saber seus motivos – que obviamente eram sem sentidos – e dessa vez, possivelmente, ele falasse algo mais.

— Certo, falando sério agora. - Manteve o olhar firme no dele. — Por que exatamente eu continuo aqui? Tipo, eu não tenho nada para oferecer à você. E, sério, eu te ajudei. Toji, eu não fiz nada além disso pra você vir e fazer isso comigo.

Você dava ênfase em certas palavras, esperando que ele notasse o quão frustrada estava. Fushiguro ficou surpreso ao ouvir o nome dele sair da sua boca, você só o pronunciava em conversas sérias, igual a de agora.

— Não tenho um motivo..Talvez porque você me ajudou de fato. Outras pessoas passaram antes de você, e sabe o que fizeram? Apenas correram, mas você... Realmente me intrigou, mulher. ‐ Seu rosto era pura confusão. Sabia que ele estava falando superficialmente, devia estar escondendo outro motivo, mas de alguma forma não queria falar.

— Por favor, me dê respostas concretas. Eu não aceito algo tão superficial. ‐ Fushiguro cerrou os olhos. Ele não queria falar para você o que – de fato – o motivou a fazer algo tão extremo.

Percebendo que ele parecia meio que em um conflito interno, soltou um suspiro. Respirou algumas vezes para disfarçar a vontade de chorar que tinha sempre que estava irritada/frustrada. Não importa o quanto demore, você vai fazê-lo falar.

— Fushiguro, não precisa ficar receoso, não vou rir ou seja lá o que está esperando de mim. Afinal, você poderia muito bem me matar se eu fizesse isso. - Soltou uma risada sem vontade.

O homem ponderou por alguns minutos. Você tinha razão, não seria nenhuma ameaça pra ele mesmo e era coisa besta no final de tudo, apesar dele achar que se alguém soubesse, poderia transformar em uma fraqueza para o mesmo. Fushiguro suspirou longa e pesadamente para então começar à falar, sem fazer a mínima alteração em sua expressão.

𝙃𝙀𝘼𝙑𝙀𝙉, toji fushiguro Onde histórias criam vida. Descubra agora