thirty eight

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Moveu a pequena colher na xícara de chá que pegou antes de vir aproveitar o fim da tarde na varanda de um quarto que ficava no último andar, o local era tomado por uma sombra aconchegante junto a uma brisa fria. Geto estava sentado em uma cadeira perto das cortinas, uma feição neutra estampada em seu rosto, um silêncio confortável se acomodava entre vocês, você encarava a casa em frente, iluminada pelo sol, seu pensamento ia longe, preso no que soube essa madrugada. Fushiguro não havia especificado qual varanda exatamente a mulher foi assassinada, só de olhar para elas sentia um calafrio desconfortável percorrer sua espinha.

— Ei, hm, Geto? - Chamou, não desviando o olhar da casa. — Qual é exatamente a rixa entre os gângsters e os yakuza? - Ele ficou momentaneamente surpreso com sua curiosidade sobre isso, achando suspeito por um lado.

 — Posso saber porquê quer saber disso? - Você falou vagamente sobre a conversa com Fushiguro. — Hm, uau, você realmente conseguiu fazer ele falar sobre? Incrível. 

— Pode, por favor, me responder? - Ele coçou a garganta, concordando.

— Bom, basicamente, essa briga vem de gerações atrás, os antigos líderes dos dois grupos sempre se odiaram, acredito que porque desde que a yakuza tomou posse do “melhor lado” da cidade e meio que fez os gângsters se foderem. Sabe como é, né? Uma organização criminosa desse nível não aceitaria outros por perto, principalmente aqueles que pudessem arruinar seus negócios. Fora que o antigo chefe fez a proeza de matar boa parte dos membros rivais. - Geto falava com uma tranquilidade absurda, parecendo até se orgulhar dos feitos. 

— Então isso foi um dos motivos para Sukuna matar a ex de Toji? - Secou metade da sua xícara, virando para o homem. Ele balançou a cabeça em afirmação.

— Ele foi esperto, sabia que matar alguns dos nossos homens não seria grande coisa, então quis atingir o ponto mais fraco de Fushiguro. - Deu uma pausa, encarando o chão. — A questão é: Sukuna é um dos líderes mais loucos e não vai parar até matar Fushiguro ou morrer, todos sabem disso. - Você encostou a lateral do seu corpo no vidro que impedia de cair, calada por um segundo. 

— Nossa, isso é realmente um caos.. - Ele sorriu irônico. 

— Bem-vinda ao inferno, madame. 

Encontrou - acidentalmente - Fushiguro em pé no meio da varanda que dava vista para a rua do condomínio, ele parecia avoado e tinha um cigarro de maconha preso em seus lábios. Deve ser aquela, você pensou, apesar da postura ereta dele, a visão era deprimente. Suspirou baixinho, apoiando o cotovelo no guarda corpo e encostando a bochecha em sua mão, como se soubesse que estava sendo observado, ele pendeu a cabeça para o lado e encontrou você, erguendo o braço o suficiente para alcançar o cigarro e retirá-lo. Era errado admitir que achou aquela pequena troca de olhares, sexy? Seu celular vibrou no bolso da sua calça, era um número desconhecido.

— Alô? - Abaixou a cabeça para atender o telefone.

— Estava me observando há muito tempo? - Uma voz grave e arrastada lhe fez engasgar com a própria saliva. Ele tinha o corpo totalmente virado em sua direção, agora.

— Que porra..? Como conseguiu meu número? - Perguntou automaticamente, bufando por saber a resposta. Era óbvio que ele tenha olhado seu celular antes de entregar. — Quer saber? Esquece. - Ele riu falho. Um minuto de silêncio entre vocês.

— Quer fumar um pouco? - Murmurou, você cerrou os olhos, ele completou antes que pudesse o dar um “não”. — Apenas um. 

Desligou a chamada na cara dele vendo o mesmo olhar o telefone e depois você, mesmo com dificuldade pôde ver o vislumbre de um sorriso no rosto de Fushiguro. Batucou a ponta dos dedos contra o metal onde estava encostada, seus olhos buscando qualquer ponto desde que não precisassem estar fixados ao homem. Uma mensagem fez a tela do seu celular acender: “Vou estar esperando no meu escritório”. Ele saiu da varanda, seus batimentos aceleraram um pouco.

𝙃𝙀𝘼𝙑𝙀𝙉, toji fushiguro Onde histórias criam vida. Descubra agora