eighteen

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O ódio flamejava nos olhos de Fushiguro, ele estava completamente atingido por suas palavras e isso o fazia se sentir patético. Ele queria te matar.

Seu corpo espasmando os últimos batimentos cardíacos era uma imagem satisfatória na mente de Fushiguro. O silêncio dele era ensurdecedor e te desesperava mais ainda por não saber o que se passava na mente dele.

Os dedos suavam frio e tremiam freneticamente, sua respiração alta e falha agora atiçava mais o moreno. Você queria chorar, se arrependimento matasse, estaria morta antes mesmo que Fushiguro o fizesse pra você.

Sem desviar o olhar do seu, Fushiguro enfiou a mão no coldre escondido na cintura dele e acariciou a arma fria no desejo de conter a vontade de matá-la. Era um ato precipitado se fizesse, ele se arrependeria e sabia que Megumi também iria sentir sua falta. O que ele viu noite passada e o que você falou a poucos minutos, deixava claro que o garotinho realmente gostava de você. Fushiguro não tinha mais como negar.

Você era a segunda mulher a fazer Fushiguro se sentir patético, claro que, dessa vez era de um modo não muito bom. Fushiguro falou, a voz rouca e com ódio evidente:

— Pirralha atrevida, não devia ter feito isso. – Arrependimento em seus olhos era perceptível para ele, por esse motivo o fez ter um pouco de piedade.

Ele sorriu assustadoramente, você prendeu a respiração e em um piscar de olhos, Fushiguro aponto a arma para seu rosto. O som do destrave lhe aterrorizou. Agora é a hora? No fundo, apenas esperou que ele tivesse a consideração de entregar seu corpo para que sua família pudesse velar.

Um tiro.

A altura do disparo deixou um zumbido irritante em seu ouvido. Seus olhos que estavam fechados se abriram e você se perguntou o porquê não havia morrido, podia jurar que ele estava apontando para seu rosto, o tiro deveria ser fatal.

Por causa da adrenalina, levou uns dez segundos para que uma dor parecida como se uma faca afiada tivesse passado em seu ombro. Sua garganta segurou um grito e uma quantidade razoável de sangue agora escorria.

A ferida era apenas superficial, Fushiguro errou propositalmente para que não lhe resultasse muitos danos. Os seguranças que vigiavam a porta do seu quarto entraram rapidamente quando o tiro foi disparado, Fushiguro apenas ergueu a mão e os mandou sair.

Ele se aproximou de você e tocou seu pequeno ferimento, a ponta dos dedos dele agora estavam sujas de sangue. Seu rosto foi segurado, obrigando-lhe a fitar os olhos dele.

— Você quase me fez te matar, pirralha. Entenda que eu tento ser paciente, mas você as vezes passa dos limites. – Fushiguro não precisava dizer algo que você já sabia.

Soltando seu rosto, Fushiguro levantou e guardou a arma novamente. Suas mãos percorriam o terno para livrar de qualquer amasso. Um suspiro longo veio do moreno.

— Irei fingir que você não disse aquelas merdas, eu irei agora. Voltarei à noite – Uma pausa para analisá-la mais uma vez. — Com Megumi. Virei todo dia às dezoito da tarde, se comporte.

Um último olhar frio e ele deixou o quarto batendo a porta. Você ainda não conseguia se mexer, foi a primeira vez que sentiu um tiro, mesmo que de raspão. O único ponto positivo era que você continuava viva.

...

Enquanto saía da casa, Fushiguro bagunçava o cabelo repetidas vezes. Era como se você ainda estivesse o bombardeando com todas aquelas verdades sobre ele ser um péssimo pai e que Gojo quem estava assumindo aquela posição.

Não era como se ele realmente desejasse ser daquele jeito, ele nunca teve amor paterno ou materno. Toda sua vida foi criado apenas para ser o novo mestre da yakuza. Desde que Megumi nasceu, Fushiguro só deixava a mãe do pequeno dar-lhe o carinho necessário, e quando ele decidiu aprender com ela a fazer o mesmo, aconteceu aquele acidente que o fez se afastar mais do que já estava, do filho.

Como um ato de escapar da realidade, ele se trancou em seu quarto e se entorpeceu com algumas carreiras de cocaína, recebendo a tão esperada sensação de relaxamento.

...

Um gemido de dor deixou seus lábios quando Sophia tocou o ferimento com um algodão banhado em antisséptico. Ela a olhava com pena, mas estava calada esperando que você se sentisse confortável para falar sobre o acontecido.

Você mordeu parte interna da bochecha e soltou uma risada baixa, sem graça. Enquanto falava, não tinha percebido, mas relembrando agora, tem quase certeza de que o olhar de Fushiguro não era apenas raiva por você ter o confrontado, parecia que havia algo a mais se passando com ele.

— Eu acho que deveria tentar controlar mais minhas palavras.. A pessoa com quem estou lidando não é alguém simples, né? – Sophia concordou acenando a cabeça, a mesma continuou a fazer o curativo. — Não é que eu me arrependa delas, o que falei foi só verdade, eu me arrependo apenas de não ter as mantido dentro de mim.

— Senhorita, as vezes era preciso falar o que quer que tenha dito, na hora pode ter um efeito negativo, afinal o mestre não é acostumado a ouvir palavras fortes, mas quem sabe, possa ter um efeito bom no futuro? – As palavras dela te fizeram refletir um pouco.

Sophia podia ter razão, quem sabe, ele repense e tente ser mais presente para o Megumi? Como ele falou que viria todo dia com o filho, mesmo que o objetivo fosse para fazê-lo passar o tempo com você, Fushiguro também estaria presente.

Você pegou um remédio para dor com Sophia e o engoliu, o curativo estava feito e você só queria dormir nesse momento. O que era pra ser uma conversa civilizada, acabou na situação atual.

"Em minha defesa, foi culpa dele por tentar passar uma imagem mentirosa."

O movimento do ar-condicionado prendia sua atenção, era muito entendiante ficar sem fazer nada naquele quarto. Quando Sophia ia embora você só tinha seus pensamentos para se distrair, criando cenários ou revivendo momentos bons do passado.

Estava decidido, quando sentisse que estava tudo bem entre Fushiguro e Você, tentaria pedir seu celular ou notebook, ou até mesmo o passe livre para sair um pouco do quarto.

Por fim, acabou adormecendo quando o remédio fez efeito, com a ansiedade de que Megumi venha logo pra lhe distrair e aliviar a tensão.

...

Fushiguro decidiu parar por um tempo e soltou um suspiro cansado, a cama dele era incrivelmente macia mas era impossível para o mesmo conseguir dormir.

O celular de Fushiguro vibrou no bolso, o mesmo atendeu e era uma convocação para atualizar um contrato entre empresas. Felizmente pra ele era impossível ficar parado por muito tempo.

𝙃𝙀𝘼𝙑𝙀𝙉, toji fushiguro Onde histórias criam vida. Descubra agora