seventeen

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A expressão dele entregava que ele a achava estranha, porém ficou calado, não queria desperdiçar tempo falando sobre míseros sonhos que você tivera. Você riu internamente, era realmente patético seu estado.

O silêncio predominava o ambiente, menos pelo tic tac do pequeno relógio sobre a cômoda. Fushiguro parecia impaciente, cansado.

Era notável que ele não tinha uma boa noite de sono à dias, e a falta dela deixa qualquer pessoa com o humor instável. Chegando a obrigar você ter o máximo de cautela para não "acionar a explosão da bomba-relógio".

Minutos se passavam como lesmas, estava sendo sufocante permanecer constantemente sobe o olhar ameaçador de Fushiguro. Suas energias se esvaíam cada vez mais.

Megumi parecia ter finalmente caído em sono profundo, e com isso podia relaxar ao entregá-lo de volta ao pai, para que os dois voltassem para seus devidos quartos.

— Ahem. – Pigarreou, Fushiguro a olhou instantaneamente. — Ele já está em sono profundo, está tudo bem em levá-lo agora.

"Só vá dormir logo com seu filho, zumbi ambulante!"

Quanto mais rápido ele saísse, mais tempo teria para reunir as forças necessárias para enfrentar a tal conversa que ele queria ter. A chance de algo não muito bom acontecer era quase 80%.

Era incrível que Fushiguro conseguisse manter uma postura tão perfeita, mesmo no estado atual de cansaço, que você só percebeu por causa das olheiras fundas se formando nele.

O mesmo pegou o filho com receio de acordá-lo e deixou o quarto tão rápido quanto chegou. Você suspirou aliviada mas o xingou entre resmungos por ter deixado a luz ligada, obrigando-a a se levantar para desligar.

Quando novamente adormeceu, teve um sono limpo e relaxante sem mais pesadelos, desfrutando do silêncio da casa e da pouca luz lunar entrando pelas frestas da cortina.

...

Sentada na cama enquanto se deliciava com um pão cheio de creme de baunilha, as vezes você se esquecia de que estava sendo mantida presa por um cara que ironicamente você tinha salvado.

— Bom, pelo menos eu não tive o maior azar de ser sequestrada por um psicopata. – Deu de ombros, a situação não era boa, mas também não era horrível.

Você foi submetida à cenas que realmente desejaria não ver, mas era aceitar isso ou correr o risco de ser violentada e torturada por qualquer desagrado que fizesse à Fushiguro.

Você queria viver, claro, em certos momentos não era o que parecia, mas no fundo era o que queria. A chance de ver sua gata, sua mãe e seus amigos novamente era seu conforto diário.

Breves toques na porta foram ouvidos, o relógio marcava dez horas da manhã. Sua resposta não foi esperada e Fushiguro entrou, ele parecia um pouco mais leve, porém mantia a expressão séria de sempre.

"Ok, vamos nós"

Você deixou sua comida de lado e limpou os restos de comida no canto da boca. Seus movimentos eram monitorados pelo homem à sua frente.

— Por que diabos aceitou a ideia estúpida de Gojo sobre ver meu filho às escondidas? Eu lembro que tinha avisado para não chegar perto dele antes mesmo dele vir com essa proposta de merda. – Foi bombardeada pelas perguntas. Você precisou de um tempo para assimilar e formular uma boa resposta.

Seu Deus já estava sendo bom o suficiente de ter impedido a vontade de matar de Fushiguro, você agora não podia por tudo água abaixo.

— Eu relutei em aceitar, não estava afim de morrer, mas Gojo me convenceu a ver Megumi ao menos três ou quatro vezes na semana. – Você deu uma pausa, ainda estava escolhendo as palavras.

Fushiguro continuava calado. Então realmente em maioria era culpa de Gojo, ele pensava. Aquele merdinha deveria ter apanhado mais por ter sido tão ousado, se não fosse por Megumi, o rosto de Gojo provavelmente estaria desfigurado.

— Eu senti pena dele por precisar de uma fig- – Foi interrompida por uma risada seca, instintivamente você congelou no local.

— Oh, sentiu pena dele? Então qualquer criança sem mãe que aparecer na sua frente você vai pegar e criá-la, é isso? – Fushiguro a olhava com desprezo. — A mãe dele morreu, mas eu ainda estou aqui, não quero a merda da sua pena sobre meu filho.

Você o olhava sem reação e antes pudesse controlar, soltou uma risada. Foi um ato extremo, mas você não conseguia parar de rir, porém no fundo estava chorando e se xingando. Sua cova foi cavada, agora não há volta.

"Me desculpe por jogar todos os seus esforços no lixo, meu soberano, mas foi mais forte que eu. Por favor, guarde um lugar para mim, estou chegando mais rápido do que o planejado."

Fushiguro tinha uma expressão confusa e incrédula no rosto, não podia acreditar que você estava rindo dele nesse momento. O mesmo nem conseguiu reagir de primeira, ninguém nunca foi corajoso ao ponto de tirar sarro da cara dele.

Aproveitando os minutos de vida restantes, você se apressou para jogar toda a verdade na cara do homem, já que iria morrer, que fosse sem arrependimentos.

Toji, primeiro, não é que eu vá pegar qualquer criança e cuidar dela por não ter uma figura materna, mas Megumi é uma criança ao meu alcance, afinal, estou sendo mantida presa aqui, então de qualquer jeito não vou arcar com nada, fora o tempo dando o carinho materno que falta a ele. Tempo aqui eu tenho de sobra, já que você não me deixa nem sair dessa droga de quarto. Seu filho buscou em mim o que ele necessitava, eu o dei, não iria fazer vista grossa para uma criança que procura apenas um pouco de carinho. Outra, pelo pouco que já vi, Gojo é o que mais passa tempo com o seu filho, você deve só se enfiar em trabalho e ignorar Megumi o máximo que puder. – Você parou para respirar, o coração acelerado e as mãos tremendo.

Fushiguro estava mais ainda sem reação, as suas palavras o perfuravam mais fundo que facas. Se Gojo estivesse aqui, com certeza estaria rindo da cara dele e lhe aplaudindo.

— Retomando, então Megumi nem o amor paterno tem, quer dizer, tem, mas da parte de Gojo. Então não adianta dizer que ele tem à você, porque não tem, eu não sei porquê você o afasta, mas reveja seus conceitos, preste atenção no seu filho ou irá se arrepender depois. Por último, vá se foder, seu ingrato do caralho, eu salvei sua vida e você retribuiu como? Me mantendo presa nessa merda de lugar. Eu me arrependo de não ter lhe deixado sangrando até a morte. É isso, me sinto mais leve. – Terminou suas palavras e riu de nervosismo dessa vez.

O homem estava absorvendo tudo o que você acabara de falar, e quanto mais demorada a reação dele era, mais nervosa você ficava. Não estava preparada para a morte, mas agora já foi, não adiantava implorar perdão, Fushiguro estava começando a demonstrar sua raiva.

𝙃𝙀𝘼𝙑𝙀𝙉, toji fushiguro Onde histórias criam vida. Descubra agora