thirty nine

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Nos dias que se seguiram após o episódio no escritório, seus pensamentos se prendiam apenas em Fushiguro, era estranho sempre reviver aquele momento e não sentir desconforto ou algo tipo, certas vezes se pegava tocando os próprios lábios imaginando os dele colados aos seus, aquele beijo tinha algo de novo que de algum modo mexeu com você. Nenhum dos dois tocaram no assunto, foi melhor assim, os dois estavam sob efeito de droga, o que rolou foi apenas coisa do momento, era irrelevante. 

Fushiguro passou a aparecer mais vezes em seu quarto, sozinho, igual “nos velhos tempos”, sempre tentando avançar sobre você de alguma forma, o mesmo não se importava em demonstrar que gostava da sua presença. Aos poucos você foi se acostumando com isso e já não era mais tão desagradável estar na companhia dele, na verdade, podia até ser mais divertido do que pensou, o mesmo foi tomando a liberdade de aumentar a intimidade de vocês.

Em menos de cinco dias, risadas suas eram arrancadas a cada tentativa de provocação dele, coisas que antes a deixavam sem jeito ou irritada, agora eram levadas na ironia ou brincadeira, mas haviam momentos em que era perceptível a seriedade no tom falado. Se drogarem em conjunto e jogarem foi um pontapé inicial para a leveza que agora havia se formado entre vocês, graças a isso sua vontade de saber mais sobre ele aumentou gradativamente, também. Se Fushiguro continuasse assim podia pensar em mudar a forma como o via, mesmo não perdoando de verdade tudo o que ele fez.

— Estava pensando aqui e, porra.. Queria sua boca no meu pau outra vez. - Você engasgou com a própria saliva ao ser pega de surpresa pelo que ele falou. Comentários desse tipo agora eram frequentes, nem sabia porque insistia em se surpreender.

— Cacete, sua líbido tá alta pra caralho, hoje - Reclamou por ele já ter expressado as vontades dele minutos atrás. — Me deixa ler meu livro em paz. - Havia comprado um livro em pdf e planejava tirar o dia de hoje para ler. 

— Eu preciso transar ao menos uma vez a cada dois dias, pirralha - Revirou os olhos ao ser chamada de pirralha, o mesmo usava esse “apelido” constantemente, nem adiantava mais reclamar. — E você não colabora.

— Gosto de ver você sofrendo. - Abaixou o celular para mostrar a língua, ele riu baixo. — Aliás, o que você é? Um ninfomaníaco? 

— Você é tão maldosa. - Grunhiu estreitando os olhos. Deu de ombros, voltando a ler. — Apenas sou um homem com desejos um pouco acima da média.

— Ah, claro. 

Depois de alguns diálogos você voltava a ignorá-lo, lamentando internamente por ele não perceber que quando fazia aquilo, era porque o convidava indiretamente para dar o fora do seu quarto. Outro dia, estava na área de lazer da casa, se divertindo com Megumi ao jogar boliche virtual, jogo provavelmente comprado por algum funcionário dali, não faria mal se vocês usufruíssem um pouco, certo? Bom, acontece que Fushiguro, antes sentado despojadamente sobre o sofá, resolvendo um cubo mágico de 4x4, após resolvê-lo sem muita demora, decidiu incomodar você.

— Você joga igual Megumi, e ele tem três anos! - Fushiguro tinha um sorriso provocador no rosto. 

— Cala a boca, seu m- - Parou de imediato, não podia falar palavrão na frente da criança. — Eu te odeio. - Megumi inocentemente se meteu na conversa.

— Gumi joga bem, então mama também! - Repreendeu o pai, você riu dando um beijo no topo da cabeça dele.

— Isso meu amor. As vezes me questiono se você é realmente filho desse idiota.

Não demorou para o garoto se cansar e querer dormir, eram quase onze da noite, você se despediu dele e voltou para o quarto ignorando completamente a presença de Fushiguro, outra vez. Hoje Fushiguro não deu sinal de vida, achou estranho mas não deu importância, seria um dia de descanso, tinha vontade de receber uma boa massagem, mas talvez fosse um privilégio que ainda não estava autorizada a ter. Enquanto isso, olhava as fotos e vídeos que Lisa e Utahime mandaram da noite anterior quando foram à uma festa na casa de Akira, as duas garotas gravavam vídeos completamente embriagadas, filmavam brincadeiras e o melhor momento: quando Utahime foi jogada na piscina por Akira e Kenny conseguiu pegar a cena, já que Lisa estava deitada em uma cadeira de praia com um cigarro eletrônico entre dedos. 

𝙃𝙀𝘼𝙑𝙀𝙉, toji fushiguro Onde histórias criam vida. Descubra agora