Capítulo 3

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(Pedro)

Acordo às 5h da manhã, como todos os dias, tomo um iogurte natural, coloco um moletom cinza, uma camiseta branca e meus tênis e vou correr no parque. Após minha corrida passo na academia do prédio faço meus exercícios diários. Quando acabo, subo direto para meu apartamento e tomo banho.

Meu apartamento fica na cobertura do prédio, tem quartos demais para quem mora sozinho, mas escolhi esse pelo conforto e pelo luxo também, não vou ser hipócrita. Meu sonho de moleque sempre foi morar numa cobertura. Mas o que me conquistou aqui, foi a vista da área externa. Aqui tem inúmeros cômodos obviamente, mas se eu pudesse, moraria apenas aqui na área externa. Tem uma piscina aquecida com um tamanho aceitável, e em uma das laterais em formato de L, tem uma hidromassagem. Tem, também, uma área gourmet, onde gosto de receber meus amigos para fazermos churrasco.

Mas o que ganhou meu coração, foi a área que eu mesmo planejei para leitura e trabalho, com móveis impermeáveis. Próximo ao parapeito de vidro, de onde dá para ver a cidade quase toda, vez que fica no nonagésimo andar do prédio, coloquei duas espreguiçadeiras das mais confortáveis do mercado, uma mesa de apoio entre as duas e do lado direito coloquei uma mesa não muito pequena para que eu pudesse trabalhar ao ar livre.

Quando saio do banho, vou direto para meu lugar preferido na área externa, onde a senhora Maria, que me conhece bem, serviu meu café da manhã. Enquanto como, fico admirando minha vista. A noite é a coisa mais linda do mundo, aqui as estrelas são mais brilhantes. Enfim, é meu lugar favorito no mundo.

Quando termino meu café da manhã, eu volto ao quarto, escovo os dentes e visto meu terno cinza escuro para ir ao escritório preparar tudo para segunda-feira. Eu não sou exatamente viciado em trabalho, mas gosto de tudo organizado. De segunda a sexta eu trabalho normalmente, e aos sábados gosto de ir até lá e organizar tudo para a semana seguinte, vez que eu tenho muitos clientes, e muitos funcionários que dependem de mim, não posso me dar ao luxo de esquecer de nada e para isso, conto com minha assistente pessoal Renata, que é uma funcionária exemplar.

Além do escritório, eu tenho outros empreendimentos espalhados pela cidade e nos Estados Unidos também. Imobiliárias, restaurantes, editoras, até hotéis, tudo que investi ao longo dos anos. Sempre fui muito curioso e dedicado desde criança. Meus pais eram advogados e trabalhavam juntos em uma sala que possuíam no mesmo prédio do meu escritório. Eu saía da escola e ia direto para lá, e sempre ouvia as conversas dos clientes do meu pai a respeito de dinheiro investido, e o que me chamava mais atenção era o fato do dinheiro se multiplicar quando bem investido. Resultado? Aos quinze anos, eu estava fazendo cursinhos na área de investimentos, na parte da tarde.

Aos dezesseis anos eu perdi meus pais em um acidente de carro, onde meu pai que conduzia o carro no momento, cochilou e o carro colidiu contra uma árvore e os dois morreram na hora. Eu não tive a quem culpar, pois se tratava de uma fatalidade apenas.

Eu fui morar com minha tia, que era solteira e não tinha filhos e a mesma me criou como se fosse filho dela. Os bens dos meus pais estavam restritos ao inventário, na época, e durante esse processo descobrimos que eles haviam deixado testamento, onde ficou estabelecido que eu só teria acesso ao montante dos bens quando fizesse dezoito anos, com exceção da casa onde morávamos.

Sendo assim, quando o inventário terminou, eu vendi a casa e noventa por cento do valor arrecadado, eu investi. Quando fiz dezoito anos, tive acesso a minha herança, vendi todos os bens imóveis e com o valor das vendas, somado ao valor em dinheiro da herança, mais o que eu tinha investido aos dezesseis anos, obtive meus primeiros milhões.

Logo após fui morar sozinho e visito minha tia regularmente. Nós sempre nos demos muito bem, respeitamos o espaço e a dor do outro, vez que eu perdi minha mãe e ela a sua única irmã. E eu não dei trabalho a ela... Sempre fui muito responsável. Eu nunca havia me apaixonado por ninguém, então sempre tive relacionamentos curtos, apenas por prazer, as vezes por carência mesmo e tia Solange sempre brincava comigo falando que eu preciso arrumar alguém fixo, porque ela já quer netos.

Tia Solange é uma jovem senhora de cinquenta e dois anos, apenas, mas nunca a vi namorar ninguém. Há algum tempo ela tem me contado que passara a frequentar alguns eventos de um grupo de senhoras e que lá fez várias amigas. Na companhia delas, ela sai para fazer compras, participa de aulas de pintura e dança. Na última semana, notei que ela está mais alegre, mais vaidosa e mais ruborizada e está parecendo apaixonada, mas não me contou nada ainda, então vou esperar o tempo dela.

Deixo meus pensamentos de lado e desço para o estacionamento do prédio para pegar meu carro e ir para o escritório. Quando estou chegando um dos meus clientes VIP me liga para falar sobre seu processo de divórcio e partilha de bens. Ele está indignado com a porcentagem que a defesa da sua ex esposa está requerendo. Ainda falando com ele sobre os trâmites do processo, eu entro no elevador e quando as portas estavam quase se fechando eu vejo uma mulher loira se aproximando da área dos elevadores e eu travo olhando seus lindos olhos verdes e as portas se fecham.

Amor proibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora