(Pedro)
Quando chegamos ao bar, meus amigos já estavam lá e apresento a Gabriela a todos eles e logo percebo que o Bruno fica a cobiçando. Já vi que a última coisa que eu vou conseguir fazer hoje aqui é relaxar e pior que nem posso reclamar se ele der em cima dela, ela é solteira e eu não sou nada além de um grande amigo dela.
- Vai querer beber o que Gabriela?
- Um drink com gin e morangos, tem?
- Se não tiver, eu mando fazer.
Dou um sorriso convencido a ela e ela revira os olhos para mim.
Bruno me acompanha até o bar e como eu temia, ele vem me perguntar da Gabriela, e eu logo deixo claro para ele que não é para se meter com ela. Ele me chama de nervosinho, mas concorda a contra gosto.
Enquanto a bebida de Gabriela fica pronta, eu fico encostado no bar bebendo meu whisky e a observando, ela está conversando com Ana, amiga minha, e quando percebe que a estou olhando, ela me lança um sorrisinho tímido. Não é à toa que todos os homens se encantam por ela, além de linda, ela exala feminidade e simpatia por onde passa.
Ela está com uma saia de couro fake vinho e uma blusa social cinza de botões. Está com uma maquiagem leve, os cabelos presos num rabo de cavalo elegante e joias discretas. Como pode ser tão perfeita? Eu consigo, facilmente, imaginar um futuro com ela, numa casa de campo, nossos cachorros correndo, atrás de três filhos nossos e nós dois olhando a cena abraçados na varanda ao por do sol. Não haveria como um casamento entre nós dois dar errado, nós somos melhores amigos. Conhecemos um ao outro como ninguém. A não ser o fato de que vou me casar com uma mulher que eu nunca vi. A pior coisa que tem é você sofrer por amor por alguém que não pode ter.
A bebida fica pronta e eu levo para ela.
- Estava me encarando, por quê?
- Estava tentando ler o que a louca da Ana estava falando de mim.
- E quem disse que estávamos falando de você? Você é muito presunçoso.
- Ah é? E estavam falando de que?
Ela sorri derrotada.
- De você mesmo. Mas só coisas ruins.
- Cara de pau.
Ela toma um gole da bebida e me olha satisfeita.
- Huuuum. Uma das melhores bebidas que já tomei...
- Que bom que gostou.
A apresentação da banda que eu gosto começa e ficamos lá curtindo o som, até a hora do intervalo.
- Pedro, aquela mulher ali, não tira os olhos de você.
- Onde?
- A sua direita.
A olho discretamente e digo a Gabriela:
- Uma mulher linda, de fato. Acho que vou lá falar com ela, faz tempo que não saio com ninguém, estou precisando de sexo mesmo.
Eu estava brincando com ela, não que eu não estivesse, realmente, precisando de sexo, porque hoje, principalmente, é o que eu mais preciso. Mas não contava com a reação dela.
- Como é que é? Você não pode falar com ela, nem ir com a ela a lugar nenhum.
- E por quê?
- Porque... porque não ué.
Os olhos dela estavam brilhando de raiva. Ciúmes, sem dúvidas. Depois desse tempo todo, ela ainda me ama. Eu não devia, mas fico extremamente satisfeito.
- Não entendi o acesso de raiva.
Ela desvia o olhar do meu e diz:
- Você tem noiva.
- Eu sempre tive, isso nunca me impediu de ficar com ninguém que não quisesse compromisso futuro. Isso é ciúmes.
- Eu? Com ciúmes de você?
- Exatamente.
Ela fica me olhando nos olhos, como se quisesse ver minha alma naquele momento, e, provavelmente, tentando entender os ciúmes dela, também. Não era para ela agir assim. Porém ciúmes é um sentimento genuíno, ela não sentiria ciúmes se não gostasse de mim. Percebo que ela está completamente perdida com essa constatação e a chamo para dançar.
Ainda está no intervalo e está tocando uma música agradável como som ambiente. Quando eu coloco a mão nas costas dela, um pouco acima da bunda, ela se arrepia inteira, e tenta disfarçar. Porém, nesse momento, eu levanto minha outra mão e passo pelos seus pelos eriçados. A olho profundamente, e apenas digo:
- Interessante,
A puxo para perto de mim e nossos rostos quase se tocam enquanto dançamos. Vez ou outra eu abaixo a cabeça em direção ao pescoço dela para sentir seu cheiro.
- Você está estranhamente quieta – digo.
- Você está me deixando nervosa.
- Nervosa, por quê?
- Não sei, você está muito intenso hoje. Me olhando sem parar, com uma pitada de desejo nos olhos, está me provocando para eu sentir ciúmes e agora está me provocando sensações e arrepios que há muito tempo não sentia por você.
Uma coisa que eu nunca posso falar de Gabriela, é que ela não é direta. Mais direta que isso impossível. Ela não esconde nada, está tudo ali nos olhos dela, mesmo quando ela não fala diretamente. E eu amo isso nela, ela é uma mulher sem frescura, que sabe e diz o que quer.
Eu me aproximo bem dela, e falo no seu ouvido:
- E você acha que eu estou fazendo isso de propósito?
Ela fica na ponta dos pés e sussurra no meu ouvido, também:
- Não sei. Vendo você me olhar dessa forma, pensei, por um momento, que você sentia por mim, o mesmo desejo que eu sempre senti por você, mesmo quando estava comprometida com outro. Eu sei que é errado, mas no fundo, no fundo, eu sempre quis você.
Eu me afasto um pouco, apenas para conseguir olha-la nos olhos. E ali eu me perco por vários segundos. Ninguém diz mais nada. Ficamos apenas nos olhando e dançando ao ritmo da música. Somos só nós dois, nos braços um do outro. E tudo pareceu tão certo que eu queria viver nessa bolha para sempre.
O magnetismo entre nós é quebrado quando a banda anuncia a volta da apresentação. Ela sorri para mim e diz que vai ao banheiro.
Quando ela volta, as coisas estão mais leves entre nós de novo. Aquele desejo todo ficou na bolha que foi estourada há pouco. Ela não toca mais no assunto, e eu também não. Ficamos ali curtindo a música e conversando com nossos amigos o restante da noite.
A apresentação acaba e eu peço o carro de aplicativo para gente. Seguimos o caminho todo quietos, apenas nos olhando. Como se a gente tivesse muito para falar um para o outro, mas nenhum dos dois ousou abrir a boca. Quando chega na casa dela, eu desço para abrir a porta para ela e ela diz:
- Boa noite Pedro. Adorei a noite, foi muito interessante.
- Boa noite Gabriela.
Ela me abraça e quando ela se afasta, eu pego sua mão e a beijo. Ela me dá um sorriso meloso e entra no prédio. Eu sigo para casa, aceitando, dentro de mim, que está cada vez mais difícil eu me manter longe dela.
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Amor proibido
RomantiekGabriela é assistente de Pedro em um escritório de advocacia renomado em São Paulo. Os dois são apaixonados um pelo outro, porém sabem que se trata de um amor impossível de se viver. Em razão disso, vivem sua vida paralelamente. Mas um dia o amor do...