Amor proibido

Capítulo 25

Gabriela

Nos dias atuais...

Voltando ao início da história, hoje estou aqui preparando o café do Pedro, cinco anos após eu ter vindo trabalhar com ele. Foram tantas lembranças contadas até aqui, que vou te lembrar o princípio de tudo. Eu comecei essa história contando que eu estava indo trabalhar após passar um final de semana horrível, sem dormir direito há três noites.

Bem, aqui estou eu, esperando o Pedro chegar para levar o café para ele. Cinco anos após ter o conhecido, hoje continuamos grandes amigos e a vida dele gira a meu redor. Não há nada na vida dele profissional ou pessoal que não passe por mim. Eu até brinco com ele falando que ele vive nas minhas mãos e é totalmente dependente de mim.

Ele não vê nenhum problema nisso e me deixa organizar a vida dele da forma que eu achar melhor.

O Pedro continua noivo da Alice, que nesses cinco anos, eu nunca conheci. Mas, também, nunca mais questionei esse relacionamento maluco dele e ele só citou o nome dela cinco vezes nesse tempo todo e apenas para me pedir para lhe enviar flores no dia do aniversário dela. Ainda acho muito estranho, mas com o tempo me acostumei com a ideia.

Com o tempo ele parou de ficar com a Andréa porque ela se apaixonou por outra pessoa e ele continuou tendo uns casinhos sexuais com o passar do tempo. E eu, bem, eu namorei o Alex todos esses anos até a sexta-feira passada.

Nós tivemos um relacionamento ótimo nesses anos, ele sempre foi muito companheiro, atencioso, um perfeito cavalheiro. Nós sempre aproveitamos todo o tempo que conseguíamos juntos nas folgas dele, fizemos algumas viagens, também, nas férias coletivas e sempre nos demos muito bem com nossas famílias e todos esperavam receber os convites de casamento, ainda esse ano.

Eu já me formei, mas a colação de grau será daqui a um mês. E nosso combinado era começar a planejar o casamento logo após esse evento. O que, claramente, não irá acontecer.

A residência dele está no final e durante esses anos, eu conheci vários amigos e professores dele e sempre o admirei por ser tão dedicado a tudo que ele faz. Ele já passou nas provas finais e para todos os efeitos já é um cirurgião ortopédico, porém ele irá cumprir os plantões da residência até o final dessa semana. E daí, ele escolherá em quais hospitais irá trabalhar, já que recebeu inúmeros convites tendo em vista sua brilhante caminhada nesses anos de residência.

Acontece que eu não sabia o quão ele estava disposto a se promover nesse meio e tirar vantagem disso. Não me entenda mal, eu sei que ele é e sempre foi muito estudioso, e que tudo que ele colheu até agora são frutos de sua dedicação. Porém, comecei a me questionar sobre o resultado das provas finais com o que aconteceu sexta-feira passada.

Eu só trabalhei até meio dia na sexta porque o Pedro iria vigiar a para outra cidade para um aniversário de um amigo na parte da tarde, então eu saí e fui almoçar no meu restaurante favorito e resolvi ir ao hospital levar uma quentinha para o Alex, vez que ele adora as opções fitness daqui.

Quando eu cheguei no hospital, tinham umas residentes novas que eu não conhecia conversando em um canto da recepção e tom delas era alto e foi inevitável que todos que estavam lá, no mesmo ambiente, ouvisse a conversa. A recepcionista que estava de plantão nesse dia, eu também não conhecia e antes que eu pudesse dizer que estava ali para ver o Alex, eu ouvi umas das meninas dizer:

- E o Alex, que está tendo um caso com a Ingrid que é atendente dele?

Nessa hora meu corpo gelou e eu sabia que era do meu Alex que elas estavam falando porque ele já me apresentou essa Ingrid como atendente/professora dele.

Eu nem esperei ser atendida pela nova recepcionista e entrei no hospital indo em direção a ala ortopédica do hospital, eu estava cansada de ir ali fazendo favores para ele e agora estava indo para confirmar que eu estou fazendo papel de idiota esse tempo todo.

Quando eu entro na ala que ele trabalha, meu pulso está acelerado, eu estou ouvindo o martelar do coração acelerado nos meus ouvidos e minhas mãos estão transpirando, então paro um instante para me acalmar, porque eu não sei da onde que tirei calma para, ainda, pensar que eu não poderia fazer um escândalo por causa da carreira dele. Isso é coisa que uma mulher traída pense? Pois eu pensei, até nesse momento eu me preocupei com o desgraçado.

Respirei fundo várias vezes a fim de acalmar meus nervos e agir racionalmente. Os corredores estavam cheios de pacientes e pessoas desconhecidas, então eu não estava chamando atenção por estar parada ali num canto, nem tinha visto ninguém conhecido. Eu fui andando até a sala de espera para as consultas e sentei nas últimas cadeiras para não correr o risco de ser reconhecida e tomei o cuidado de sentar ao lado de um senhor bem falante e o perguntei:

- Oi senhor, boa tarde, você sabe quais são os ortopedistas que estão atendendo hoje aqui na emergência?

- Oi querida, claro que sei. São três médicos atendendo hoje, o dr. Antônio, a dra. Ana e a dra. Patrícia. O dr, Antônio está no consultório 3...

Nem espero ele terminar de falar, agradeço e saio andando em direção a sala dos residentes já que não está atendendo na emergência, porque eu ainda tinha esperança de encontrá-lo em um ligar calmo e que ele conseguisse me provar que nada disso era verdade.

Quando eu chego na sala dos residentes, a sala está vazia e quando eu estava saindo da sala escuto a voz dele, vindo de uma salinha anexa ali. Vou caminhando em direção a voz dele e bingo, vi ele vestindo a camisa. O que me deixou com mais raiva foi que ele não se deu nem ao trabalho de fechar a droga da porta, que estava entreaberta.

Eu empurrei um pouco mais a porta e vi a safada da Ingrid só de calcinha, jogando uma camisinha cheia no lixo. Nesse momento eu empurrei a porta com tanta força que ela quebrou quando bateu na parede.

Quando o Alex me viu, toda a cor avermelhada que estava presente em seu rosto após o "exercício físico" que ele tinha acabado de fazer sumiu e ele virou um fantasma. E a cara de pau da Ingrid, teve a audácia de dar um sorriso cheio de malícia para mim.

- Gabi...

Ele nem teve palavras para dizer alguma coisa além do meu nome. E, iria me dizer o que? Não haviam desculpas que ele pudesse inventar agora. Carreguei minha voz com deboche e disse:

- Vim trazer seu almoço querido, mas estou vendo que já "comeu" hoje. O almoço que eu te trouxe seria muito mais gostoso de comer do que carne de piranha – com isso eu abro a quentinha e jogo a comida toda nos peitos dele, a fim de sujá-lo mesmo e para que ele não viesse atrás de mim.

Ele olhou para mim, como se realmente estivesse sofrendo ao me ver ali e deixou escorrer uma lágrima sofrida e disse:

- Pode achar mentira, mas eu juro que eu não queria isso.

Mas é muita cara de pau né? Virei as costas e fui andando em direção à saída, tudo que eu queria era chegar no conforto da minha casa, mas estava indo embora com sentimento de orgulho por ter tido a frieza de saído por cima dessa situação e sem fazer escândalo.