Amor proibido

Capítulo 35

Gabriela

Estou parada, de pé, assustada com um Pedro ofegante na minha porta, pedindo para entrar.

- Claro, entra.

Ele entra e eu falo:

- Senta aí no sofá, encher minha taça e pegar uma para você.

- Obrigada,

Volto para o sofá, sento do lado dele e ele fica me olhando sem dizer nada. Não aguento e digo:

- Quer me matar do coração, Pedro?

- O que eu fiz?

- Como assim o que você fez. Você me disse que iria para as montanhas, aparece aqui na minha porta e fica me encarando e não diz uma palavra?

- Você é muito curiosa né?

- Você também não ficaria?

- Eu desisti de ir para minha casa, porque eu sabia que eu ficaria sozinho lá. Aconteceram algumas coisas comigo nesses últimos tempo e aquele encontro com o Dante só me lembrou tudo isso, e não quero ficar sozinho. E vim parar aqui, porque você é minha única amiga de verdade e, sinceramente, você, mais do que ninguém, vai querer saber tudo.

- O que esse Dante significa na sua vida Pedro? Eu sabia que tinha alguma coisa errada, estava esperando você resolver se abrir.

- Eu estou pronto, mas não comi ainda, você me acompanharia a algum lugar?

- Claro, vou te levar onde eu comi agora a pouco, mas vamos logo, porque fecha em breve.

- Bota a sandália e vamos, eu estou de carro.

- Como você chegou aqui tão rápido de carro?

- Eu vim de avião, mas aluguei um carro aqui.

Eu calço as sandálias e pergunto:

- E você está hospedado aqui?

- Sim, no andar de cima, senão não teria conseguido chegar no seu quarto. Ainda bem que você já tinha me passado todos os dados da sua viagem, porque se não fosse assim, eu teria que te ligar e estragar a cara de espanto que você fez. Foi impagável.

- Você é um sádico, isso sim. Vamos.

Deixo nossas taças intocadas na cozinha e nós dois saímos do hotel e vamos ao restaurante que fui ainda a pouco.

- Nossa, que lugar lindo Gabriela!

- Muito lindo né? Eu amei muito aqui.

- Vamos sentar próximo ao píer.

Nós sentamos na mesa e ele pede uma parmegiana de carne e vinho.

- Vai... me conta.

- Não quer aproveitar o momento primeiro?

- Não. Eu vou morrer de ansiedade se não começar a falar.

- Como eu te disse o Dante é meu sogro oficial. Ele foi lá me dizer que a filha dele está para voltar ao Brasil e eu vou me casar em poucos dias.

Eu quase engasgo com o vinho.

- Você vai casar em poucos dias?

- Sim.

- E porque você ficou tão transtornado com isso? Você não sabia?

- Sabia. Mas agora é real e eu não estava preparado quanto eu pensei que estaria.

- Entendi. E você vai seguir com isso?

- Eu tenho que seguir. Lembra que eu te disse que eu não estava assumindo esse compromisso forçado?

- Sim.

- Eu realmente não fui forçado, eu aceitei o compromisso assumindo minhas responsabilidades pela minha decisão, mas não foi de livre e espontânea vontade. O Dante é um cliente muito grande e antigo do escritório. Ele foi um dos meus primeiros clientes e ele me apresentou a maioria doo nossos clientes. Além disso, ele é da máfia italiana e tem muita influência em tudo que ele faz e por onde passa.

- Ele te ameaçou?

- Ele ameaçou – e fez um movimento com as mãos para imitar aspas – retirar todos os clientes que ele indicou para o escritório. E isso significa que eu iria à falência. Porque ele e os clientes que ele indicou representam mais de oitenta por cento de tudo.

- Meu Deus, Pedro. E agora?

- E agora que eu tenho que assumir isso. Eu não tenho só eu para pensar com isso. Eu tenho muitos funcionários que dependem de mim, minha tia, meu projeto com os estudantes. Seria muito egoísmo meu deixar todo mundo na mão.

- E você vai se sacrificar por todo mundo?

- Sim.

- Pedro, isso é altruísta demais. É sua vida. São anos da sua vida.

- Eu sei, mas não vou deixar ninguém para trás por egoísmo meu.

- Eu não sei o que te dizer. Eu entendo sua decisão, mas é muito injusto.

- É sim.

- E você a conhece mesmo? Ela é legal, pelo ao menos?

- Não, só por foto. A gente nunca trocou uma palavra.

- Você mentiu para mim então.

- Sim, eu não podia deixar você desconfiar de nada, nem você, nem ninguém.

- Entendi. E porque resolveu me contar agora?

- Porque eu preciso te fazer uma proposta.