Man in the mirror

92 10 0
                                    

Eu me sentia diferente naquela manhã

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Eu me sentia diferente naquela manhã. Era fim de fevereiro e o frio do inverno começava a dar lugar ao fresco da primavera. Algumas das árvores de Haveyhurst já começavam a florir e eu acordei com o som dos pássaros. De todos os pássaros.
Se os animais do zoo tivessem vindo ajudar a vestir-me, eu realmente seria a própria Cinderela.
O príncipe já tinha levantado. Depois das emoções que vivemos na noite anterior, ou melhor, ainda esta manhã, já que fomos para o quarto já às 4h, pensei que ele dormiria a tarde toda, mas era 10h da manhã e ele já estava de pé, sassaricando no andar de cima do quarto, cantarolando alguma antiga canção.
Subi discretamente, ainda vestida com meu pijama - que tinha tomado o lugar do espartilho preto após o banho - e o encontrei mexendo em alguns cadernos de desenho sobre a mesa.
Eram desenhos de seu próprio rosto.
Eu sabia o que aquilo significava. Provavelmente a cirurgia para reparação da plástica anterior deveria estar marcada para perto, talvez antes da turnê, que começaria em pouco menos de dois meses.
   - Você está competindo com os pássaros esta manhã? - disse, rindo e abraçando-o pelas costas.
Tive a impressão dele esconder os desenhos de mim.
    - Já acordou? Eu ia pedir pra trazer o café...
    - Não precisa... todo mundo deve estar querendo saber da gente. - respondi, afastando-me pra lhe dar espaço.
    - Acho que não... meus pais saíram cedo e as meninas ainda devem estar dormindo. Vamos descer e comer alguma coisa então...

Ainda não tínhamos um ano completo de convivência, mas eu já conseguia saber, perfeitamente, quando Michael não queria compartilhar alguma coisa. O cirurgião de Michael também faria a cirurgia de enxertos em meu braço, e pelo pouco que ele conversava, achava que era proposital tamanho silêncio nas minhas consultas.
Michael estava tranquilo, nem muito risonho e nem muito sério. Acho que era o que eu precisava para começar a ficar insegura.
Nos sentamos na mesa de jantar, já que ventava muito para ir lá fora. Eu picava a melancia para nós e olhava Michael papirar os jornais, indo direto para a página sobre cultura: ele queria saber como tinha sido o impacto da noite anterior.
     - E aí? Nos bombardearam muito? - perguntei.
      - Hummm... não. Os jornais parecem gostar de você. Neste aqui diz "o rei parece ter encontrado sua rainha." Achei legal. - respondeu, indiferente.
Ainda que pra mim fosse surreal ter um jornal com um parágrafo que fosse a meu respeito, para ele era de fato corriqueiro. No entanto, percebi que Michael fez uma careta.
    - O que foi? Críticas?
   - Não... - respondeu - eles adoram pegar uns ângulos horríveis para tirar fotos minhas.
Sua voz era quase amarga, tentando soar falsamente neutra. Levantei-me para olhar a foto no mesmo ângulo que ele.
Perfeito. Nada a mudar.
Na foto, Michael segurava seus 8 Grammys no colo - seus bebês como disse Lá Toya- e sorria de modo espontâneo. Era uma foto muito bonita.
Mas eu sabia que quando Michael entrava numa onda de autodepreciação, elogiá-lo não causava um bom efeito.
   - Ficou bem melhor do que esta foto em que você está sério. - disse, apontando outro jornal em que ele aparecia sisudo na entrada do teatro.
   - Não sei... acho que...
Ele vacilava. Acho que no fundo, ele mesmo sabia que não havia o que achar.
   - Acho que você precisa voltar a sua rotina de treinos e a sua dieta saudável. O que está comendo? - perguntei, fingindo espanto ao ver um pão recheado em sua mão.

Michael Jackson - E se... - lado AOnde histórias criam vida. Descubra agora