Slave to the rhythm

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    - Obrigada por virem pessoal, ainda mais assim,  em cima da hora, mas não ia conseguir dormir em paz nem mais um dia antes de colocar luz nessa confusão.

A família Jackson - a quase minha família - estava praticamente toda reunida em volta da mesa de jantar. Com exceção de Janet que estava viajando a trabalho, e Rebbie que tinha menor ligação conosco neste sentido, todos os irmãos estavam ali, sentados com suas esposas do lado, acompanhados ainda por Katherine e Joe, que sentados na ponta da mesa. Michael permanecia ao meu lado.
    - Quer começar Sarah? Se quiser, eu posso... - começou Michael, mas eu o interrompi com um aceno de cabeça e um sorriso triste.
Eu mesma precisava deixar tudo claro. Precisava olhar nos olhos de cada um. Então suspirei fundo e comecei:

    - A saída de Michael dos Jacksons não tem absolutamente nada a ver comigo. Eu jamais pedi isso a ele, nem abertamente e nem dei a entender nada assim. Muito pelo contrário: eu mesma tinha pedido que ele não o fizesse. Então, não sei quem está por trás dessas ligações que vocês receberam, mas posso afirmar que essa pessoa está mentindo.

Os olhos de todos estavam em mim, e se não fosse pela minha habilidade de fingir estar atuando, eu não teria conseguido fazer a frase fluir sem gaguejar.
Foi Jermaine que quebrou o silêncio:
    - Sarah, a primeira reação que tive foi de estranhamento, mas acho que depois que Michael comunicou a nós a decisão de nos deixar, todos queríamos um motivo, e essa ligação nos deu o motivo que precisávamos...

    - Mas não é a Sarah que devem culpar Jermaine, e sim a mim. A decisão foi minha e nem ela tinha concordado... mas é algo que eu sei que devo fazer. - disse Michael, firme, ainda que sem olhar diretamente para o irmão.

Aos poucos, cada um foi dando seu parecer, dizendo que não tinha afirmado nada, justamente por não ter certeza sobre a veracidade da informação. Mas foi Joe que fez a pergunta que estava entalada na minha garganta.

     - Acho que todo mundo concorda que a Sarah não tem relação com essa decisão absurda do irmão de vocês. Ok. Mas agora o que eu queria saber é de onde, ou de quem vieram estas ligações. Algum palpite Michael?

Michael, que até então tateava os longos dedos pelo bordado de rosas da toalha de mesa, parecendo indiferente até, levantou os olhos. Eu sabia que algo estava na mente dele, mas sabia também de como ele tinha medo de acusar alguém sem provas.

     - Tem muita gente que não quer que eu me case. Poderia fazer uma longa lista...

    - Mas dessa longa lista, eu filho, quem teria coragem de uma coisa dessas? Querer nos colocar contra a Sarah? - perguntou Katherine, parecendo aflita.

Vários nomes começaram a pipocar na mesa... pessoas com mais ou menos influência na carreira de Michael e dos Jacksons, mas ninguém que pudéssemos ter certeza de fato.

     - E se a motivação não for relacionada à carreira? E se for emocional mesmo? - disse Lá Toya, saindo de seu silêncio e fazendo a mesa silenciar.

Meu olhar cruzou o dela e tenho certeza que pensamos no mesmo nome.

Eu não teria coragem de verbaliza-lo.

    - Cuidado Toya. Não podemos concluir nada assim... - disse Michael e eu tive certeza que ele também pensou na mesma pessoa que nós.

    - Só estou abrindo mais uma possibilidade, só isso. - esquivou-se minha cunhada.

Depois de uma longa conversa, que não chegou a nenhuma conclusão, pois nenhum dos irmãos tinha qualquer informação que fosse de fato proveitosa para se chegar à fonte das ligações, terminamos a noite apenas com promessas de que, caso alguma ligação assim voltasse a acontecer, cada um buscaria maiores informações.

Michael Jackson - E se... - lado AOnde histórias criam vida. Descubra agora