A place with no name

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A volta para casa foi estranha.
Não que houvesse entre nós algum sentimento ruim, mas ...
- Michael! Para de mim olhar assim! Estou ficando com vergonha!
- Não! Não fique! É que eu ... puxa! Você ... uau ...
Era uma conversa sem pé nem cabeça, mas eu entendia o que ele queria dizer, apesar de não encontrar palavras para me dizer.
Michael caminhava ao meu lado, desta vez de mãos dadas, e me olhava com um ar admirado, apaixonado, até meio triunfante.
Eu não posso dizer que não estava me sentindo, de certo modo, orgulhosa. Não saberia explicar porque, mas eu me sentia detentora da chave de um tesouro secreto.
- O que você quer dizer, vai! Pode falar ... - insisti, quando entramos no quarto, batendo os pés e tirando a areia do corpo, quase em vão.
- Eu estou procurando as palavras ... vou encontrar, calma ... - Michael batia as mãos freneticamente pela calça jeans, pesada pela umidade e areia - isso não está funcionando.
- Tira a roupa.
- Oi? - perguntou, olhou-me com um ar de espanto e alegria, que me fez rir.
- Tira a roupa e deixa aqui fora para não sujar lá dentro! Agora pronto ... tudo que eu disser você vai ...
- Levar para outro lado? Vou. Eu estou encantado demais para ser diferente. - respondeu.
Michael sorria e dava para ver como ele estava contente ... eu queria saber o que se passava na mente dele, mas sabia, por experiência própria, que era difícil às vezes expressar algumas emoções.
- Bom, eu vou tirar a roupa e tomar banho para tirar essa areia. - disse, deixando o vestido cair e retirando a parte de cima do biquíni.
Eu estava de costas para ele, mas sabia que me olhava. Fui entrando tranquilamente no quarto, separando as minhas roupas e pegando as toalhas. Parei na porta do banheiro e olhei para ele, que estava ali, na entrada do quarto, apenas de calça jeans, olhando-me com uma expressão que fez eu me sentir a mais bela das mulheres.
Certamente ele era um dos homens mais belos que eu já tinha visto na vida.
- Você vem? - perguntei.
Michael abriu o zíper da calça sem tirar os olhos de mim, deixando-a cair pelas pernas.
- Sim.

Como um homem podia ser tão suave? Aquilo era totalmente contrário ao que eu tinha experimentado.
Eu não tinha experiência com outros homens, não experiências reais e saudáveis, mas me lembrava dos relatos das meninas da faculdade. Não que eu conversasse a respeito, mas meus colegas de turma não se importavam em compartilhar suas experiências sexuais, frustrantes ou não, em alto e bom tom no vestiário, refeitório ou até na sala de aula. Os relatos sobre a falta de prazer por parte delas ea falta de sensibilidade por parte dos caras com quem elas saíam era um ponto comum no relato de diferentes garotas.
Mãos ásperas, poucos toques, preliminares inexistentes, beijos sem sentimento e foco na satisfação própria eram padrão dos caras de nossa idade.
Por essas e outras, eu achava que permaneceria "moralmente virgem" pelo resto da vida, afinal, como sentir confiança assim? Ainda que houvesse amor, como dizia a doutora Drª Meyer, ele não duraria se o sexo não fosse bom.
E eu não estava tendo o sexo. Ainda eram como preliminares, mas agora sem culpa, sem limite ... éramos casados, certo? Talvez não moralmente, mas oficialmente meu nome tinha Jackson no final. Parece um detalhe, mas me entregar, no nível em que eu estava fazendo parecia-me impossível se fosse diferente.
- Sua pele é tão bonita ... é cor de chocolate mesmo ... - sussurrou em meu ouvido.

Ainda estávamos no chuveiro, ele às minhas costas, uma das mãos deslizando por meu pescoço e descendo até o cóxis, enquanto a outra segurava minha cintura.

Eu podia sentir o corpo dele. Sentir seu prazer pressionado minhas costas e seus lábios mordiscando meus ombros.
O banheiro estava escuro: Michael não queria deixar a luz acesa.
- Queria ver você ... - disse, virando-me de frente e segurando-o pelo pescoço.
A água do chuveiro caía em seus cachos, esticando seus cabelos e deixando-o mais comprido.
- Eu ainda não sou tão confiante quanto você ... - respondeu.
Sim, Michael e eu, quando envolvidos na atmosfera certa, não tínhamos vergonha um do outro, mas para Michael, a escuridão ainda era um refúgio ... Em muitos sentidos.
Naquela noite nós ainda fizemos muitas coisas ... foi preciso tomar outro banho, tivemos conversas indecentes e maliciosas, tivemos risadas altas, momento de pequenas fofocas familiares, até chegarmos, mais uma vez, ao ponto delicado: Joseph.
Desta vez, o nome de meu sogro chegou pelo próprio Michael, que brincava com o fato das pessoas sempre errarem seu nome.
- Michael Joe Jackson. Não Joseph. Não tenho Joseph em meu nome, mas sempre, sempre erram ... já até me acostumei.
- Michael ... Michael Jackson ...- repeti, ouvindo a sonoridade da pronúncia - seus pais já te deram um nome artístico de nascimento. Soa muito bem.
Estávamos deitados na cama, ainda enrolados nas toalhas, fazendo rabiscos em um caderno. Michael escreveu o próprio nome e continuou .
- Era para ser Donald. Sorte que minha avó não deixou. Gosto de Michael.
- Uau! Finalmente algo que você gosta em você sem ressalvas! - exclamei, provocando-o.
- É ... mas meu pai não teve nada com isso. Acho que ele não escolheu o nome de nenhum de nós ... ele trabalhava muito e no início só vinha a noite para casa, o que era ótimo.
- Ele vir pra casa?
- Não! - enfatizou - ele SÓ vir à noite.
Me aproximei um pouco mais, deitando-me de barriga para cima, colocando meu rosto quase embaixo do dele.
- Promete que vai tentar me ajudar com isso? A sarar essa ferida? No seu tempo ...
Os olhos dele saíram do desenho e focaram em mim.
Michael, sem maquiagem nenhuma, sem nenhuma produção ou armadura. Nenhum figurino brilhante, sem música ou dança.
Apenas Michael.
E ele continuava tão lindo que eu mal acreditava.
Assim in natura, a beleza dele soava diferente ... quando estava produzido, ele me transmitia a energia do palco, atitude, ousadia e a sensualidade. Sem a produção, ele era um menino. Um garoto da terra do nunca. Ainda mexia terrivelmente comigo, mas eu tinha vontade de protegê-lo, de guardá-lo.
- Não sei se há cura para isso, mas eu prometo. Vou tentar.

Michael Jackson - E se... - lado AOnde histórias criam vida. Descubra agora