Dangerous

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A sexta feira foi um dia normal como os outros. Eu já estava bem e pude colocar a biblioteca em ordem, o que fez minha manhã passar muito rápido. Quando já era próximo do horário de sair, a telefonista passou uma ligação. Achei que era algum aluno ou professor solicitando algum conteúdo específico.
- Biblioteca de biologia, boa tarde.
- Puxa! Atriz, cantora, dançarina, professora e bibliotecária!
Aquela voz era inconfundível, mesmo pelo telefone.
- Não acredito que você conseguiu este número!
- Bom, você preencheu uma ficha de trabalho e lá tem os seus dados. Foi assim que Niko achou sua casa... te incomodo?
- Não! Claro que não... desculpa, não lembrava da ficha. Como você está? Teve gripe? A voz parece boa.
- Eu estou bem Sarah, e você? Passou a febre?
Eu não falei pro Niko sobre a febre...
- E essa informação? De onde veio? Andou me espionando? - soltei uma risada no final, só para ele entender que era brincadeira.
- Digamos que Jenny não é muito de guardar segredos... - ele entregou.
- Ah... bom a febre passou. Foi só uma reação normal.
Eu precisava desligar, não queria ser pega falando ao telefone com cara de tonta, mesmo com o horário de trabalho no fim, mas antes de eu continuar, Michael continuou:
- Você almoça onde? Em casa?
- Não. Geralmente como no refeitório aqui do campus.
- Almoçaria comigo hoje?
- Almoçaria. - talvez eu devesse ter feito alguma cena, feito ele insistir, mas não via a menor necessidade desses jogos, e eu não sabia jogar.
- Legal! Vou pedir para a Nena fazer algo leve aqui... gostou do salmão?
- Sim, estava maravilhoso... mas quem é Nena? - será que eu estava entendendo certo...
- É a cozinheira aqui de casa. Pensei em almoçarmos aqui no estúdio se você não se importa... ir a um restaurante demanda um planejamento um pouco intenso.
- Mas vamos almoçar aí, na sua casa?
- Sim. Por quê? Olha, minha mãe está aqui, tem os funcionários, acho que a Janet também está, não estaremos sozinhos...
- Não, não era nem isso - mas eu deveria ter pensado nisso também - mas eu falo o que pra sua família?
- Ah, pode falar coisas do tipo "oi", "boa tarde", "bom apetite"... - risada de deboche seguiu a frase.
- Você sabe ser ridículo quando quer... - eu ri também, mas continuei - Michael, quero saber se digo que somos conhecidos, colegas, amigos...
- Você é a Sarah e eu o Michael. Não está bom?
- Por hora, ok. Está sim.
- Por hora.
E lá fui eu, com meu carrinho importado - cujo som deveria ser o valor do carro todo - entrar no condomínio mais elegante do elegante bairro de Encino.
Estava quase chegando quando parei para pensar no que estava vestindo... não estava ruim, mas aquela também não era eu: saia social, sapatos de salto médio e a camisa do uniforme da biblioteca. Se eu pelo menos soltasse o cabelo... esse coque não fica lá grandes coisas... mas e se eu soltar e o cabelo desandar? Eu poderia estar de salto mais alto também... bom... se ele precisa de alguém real, essa sou eu real saindo do trabalho.

Quando cheguei à portaria rapidamente o portão foi aberto para eu entrar, pois provavelmente Michael tinha deixado avisado.
Segui pela rua de asfalto rustico e extremamente arborizada. Era um local lindo... parecia um conto de fadas. Em alguns pontos se via algumas casas, em outros apenas árvores e uma construção escondida. No dia em que levei Michael eu estava tão entorpecida que reparei pouco na casa, mas não seria difícil achar: o caminho ficara gravado na mente. Sim, era uma das mais belas casas de lá....
Quando entrei na pequena via que dava acesso a residência, vi Michael sentado em uma das cadeiras da área. Ele estava em casa, mas estava totalmente vestido para sair, inclusive de sapatos. O dia estava quente... aquele garoto não sente calor não?
Quando ele viu meu inconfundível carro, se colocou de pé. Ao me aproximar, me indicou onde estacionar, logo embaixo de um lindo ipê amarelo.
Eu não sabia como seria este almoço. Estava tão nervosa que nem sabia se eu daria conta de comer alguma coisa... "meu Pai, não me deixa passar vergonha..." era minha oração...

Michael Jackson - E se... - lado AOnde histórias criam vida. Descubra agora