Give in to me

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Jhon Branca foi bastante rápido em encontrar um modo de tirar sua reputação da reta em relação ao acontecimento no escritório.
Segundo ele, Susie tinha sido indicada por um cliente e como sua recepcionista anterior não tinha dado-lhe tempo para uma seleção adequada, precisou que ela iniciasse no dia anterior, logo não tinha tido tempo para treiná-la e orientá-la adequadamente.
Junto com essa justificativa veio um enorme buquê de flores e chocolates, com um cartão escrito "perdão pelo incômodo e momentos desagradáveis, espero que possamos ser amigos".
Não sabia se eu ria ou chorava e, por via das dúvidas, joguei os chocolates fora.
O dia das gravações de Captiao EO se aproximavam e Michael e eu queríamos fazer uma pausa. Coincidentemente, fazia quase um ano desde que tivemos nossa semana de férias na "casa de Diana"...
    - Posso ver com ela para irmos para lá? A gente encerra as gravações e vai direto, o que acha? - perguntou-me Michael.
Eu me esforçava para redimir a imagem de Diana em meus pensamentos, mas não era tão simples.
    - Pensei em outra coisa... que tal conhecer Angola? - propus, e pude ver os olhos de Michael brilharem. 
Desde que começamos o projeto USA for África eu já estava desejosa de visitar os amigos que tinha feito do outro lado do oceano. Eu sabia também que Michael adoraria conhecer mais profundamente o trabalho realizado por lá e a cultura do local.
Não que a organização para tal excursão fosse simples: se ficássemos em Luanda, na capital, seria preciso uma equipe de segurança reforçada, pois não se tratava do local mais seguro do mundo. Se preferíssemos permanecer em uma das aldeias, como a que eu tinha ficado, nos arredores de Namibe, Michael precisaria se contentar com muito menos luxo do que estava habituado.
Para minha surpresa, ou não, a segunda opção foi celebrada instantaneamente por Michael.
    - Uau! Excelente! Quanto menor o local, menos contato com o mundo e mais tranquilos ficamos! Você organiza tudo??

Ter uma viagem marcada tirou de nós a sensação de luto que estava instalada, pois o episódio das ligações para os irmãos, somado ao "ataque de Susie" tinha deixado algumas feridas e eu sabia que precisaríamos estar tranquilos e lúcidos para falar a respeito.
Eu tinha certeza absoluta que o staff estava agindo para nos separar. Para mim era uma ação conjunta, algo organizado. Michael não acreditava nisso... achava que poderia ter alguém específico desejando nos separar, mas que confiava no profissionalismo de Jhon e Frank, os principais cabeças.
Era engraçado como Michael não se via como um alvo potencial de uma intriga ou de um jogo de interesses, como se ser o artista mais rico da América, senão do mundo, não fosse motivo suficiente para isso.
   - Sarah, eu sou um cantor. Um dançarino. Qual o motivo para algo assim? Eu não tenho poderes, não tenho influência política...
   - O motivo é dinheiro. O poder é dinheiro e a influência é dinheiro Michael! Não é porque você não acha isso relevante que não seja. - eu argumentava.
Entramos neste embate algumas vezes, até eu perceber que seria em vão: Michael precisaria de provas.

Paralelamente a tudo isso, outros negócios estavam acontecendo,  e um deles estava para ser concretizado: a compra de um catálogo musical. Mais precisamente, a compra do catálogo das músicas dos Beatles.

Eu estava na cola deste negócio para Michael desde o final do ano anterior, quando Robert Holmes decidiu leiloar a ATV. A dica nos tinha sido dada pelo próprio Paul McCartney, em uma de suas visitas à Haveyhurst e Michael via neste negócio a chance de ter uma segurança financeira, para ele e sua família, para o resto da vida.
A questão é que, do momento em que Paul falou sobre as vantagens do negócio para nós, até eu e Michael nos informarmos a respeito e manifestarmos real interesse, algumas coisas tinham ficado mal entendidas pelo caminho, e uma delas era justamente a compra daquele catálogo especificamente.
Antes de decidirmos fechar o negócio de fato, Michael e eu nos preocupamos em saber se Paul ou Ioko (viúva de Jhon Lennon), ou qualquer outro membro dos Beatles, tinha interesse no negócio, e a resposta de todos era a mesma: é dinheiro demais.
Sim. Era muito dinheiro. Quase 47,5 milhões de dólares para ser exata.
No entanto, era segurança financeira certa: toda vez que uma música protegida por direitos autorais de um artista era usada para fins comerciais, uma taxa era paga à gravadora, que por sua vez pagava ao artista em royalties. Outra parte dessa taxa também era paga ao compositor da faixa, e é por isso que alguns compositores podiam ganhar dinheiro garantido por muitos anos, depois de apenas escrever alguns sucessos. Portanto, garantir os direitos de publicação das músicas era certamente um negócio lucrativo. Acho que o erro de Paul foi nos ensinar o caminho e achar que não seguiríamos por ele. Com a ATV sendo propriedade de Michael, Paul seguiria recebendo sua parte como artista e compositor, mas quem decidiria o que seria ou não feito das canções, seria Michael.

Michael Jackson - E se... - lado AOnde histórias criam vida. Descubra agora