Baby be mine

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   - Aff!! Estou morrendo de calor só de ver você!
Michael estava de blusa de moletom com capuz, gorro, óculos escuro e cachecol. Não estava frio, ainda que fossem 4h da manhã.

   - Deixa ele Sarah, melhor do que a gente ter que correr com vocês... - interviu Bill, o segurança/ protetor de Michael.

   - Verdade! Tem umas fãs que acho que brotam da terra! - completou Niko.

A presença dos seguranças não estava nos meus sonhos de viagem perfeita, porém, era um "mal necessário". Não que eu tivesse algo contra os rapazes, mas era estranho beijar seu marido/namorado sabendo que você está sendo vigiada.
E o episódio da noite anterior não me ajudava a ficar à vontade. Ainda que  Michael tivesse dito mil vezes para que eu ficasse bem, que isso fazia parte do processo, eu me sentia mal por ter reagido daquele modo e ainda pior por saber que, ainda que negasse, ele se sentia culpado. Michael tinha um hábito terrível de jogar a culpa sobre si.
   - Você também devia se cobrir mais, se quer saber. Até onde sei, você também está recebendo umas cartas de fãs, não é Niko? - provocou Michael.
   - Ah sim! Mas eu bloqueio, chefe! Os engraçadinhos que mandam telefone eu ligo e pergunto se querem se encontrar comigo. - respondeu nosso bonachão segurança, fazendo-me corar e Michael gargalhar.

Ele estava de ótimo humor. Eu amava ver a animação dele. Me lembrava dos meninos do orfanato quando tínhamos alguma excursão.
Quando chegamos ao aeroporto ainda era escuro e o movimento quase inexistente. Ainda assim, Niko foi na frente para acertar a burocracia, levar as malas e garantir que só saíssemos do carro quando fôssemos diretamente para o avião.
Eu ainda não entendia bem como Michael conseguia viajar em um avião comercial, ainda que na 1ª classe e ainda que de madrugada...
   - Você não pegou as poltronas logo atrás da cabine do piloto? - perguntou.

   - Sim... mas todo mundo que entrar passará por nós!

   - Não se vocês forem os últimos a embarcar. A gente sempre avisa a companhia e a tripulação. Aí eles esperam a gente subir para depois decolar. Nas conexões fazem o mesmo.  - explicou Bill.

Minha única viagem de avião na vida tinha sido a ida e volta para Angola. Eu já tinha percorrido quase todo o estado, mas sempre de ônibus ou de van, indo para os concursos.
   - Quando fui para Angola eu estava tão feliz em ir que a viagem pareceu durar uma eternidade. Agora eu estou duplamente feliz... acho que vou morrer de tédio! - reclamei.

    - Ah não!! Não vamos não! Trouxe papéis para desenharmos, livros, walkman com muitas pilhas extras, fitas e ainda vou te levar na cabine do piloto! - respondeu-me Michael, parecendo orgulhoso.

    - Cabine? Sério? - exclamei, para logo depois me sentir uma caipira: é óbvio que a tripulação deixaria Michael ficar na cabine muito mais do que qualquer mortal.

Pouco depois Niko voltou dando o sinal para irmos para o avião. Foi quase uma corrida! Era preciso caminhar rápido, de cabeça meio baixa, sendo guiada pelas mãos de Michael, que era guiado pelos braços de Bill.
Passamos muito rápido pelos comissários que estavam na porta do embarque e, antes que eu pudesse olhar em volta, já estávamos sentados no primeiro banco da aeronave.
Eu estava ofegante.
   - Viu?! É fácil! - disse Michael, tão acostumado que parecia poder fazer aquilo de olhos vendados.

Mas a tranquilidade dele acabava ali.

"Senhoras e Senhores, Bom dia. Bem vindos à American Airlines. O Comandante Tommas
Formam e sua tripulação têm o prazer em recebê-los para o voo 4567, com destino à Luanda, Angola, escala em Riab - Arábia Saudita. Informamos que de acordo com normas americanas, não é permitido fumar a bordo, inclusive nos toiletes."

Michael Jackson - E se... - lado AOnde histórias criam vida. Descubra agora