Criminal

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Draco Malfoy Pov

Sábado, 03 de fevereiro,10:17

Desta vez eu realmente deixo o iPod cair.

Ele escorrega da minha mão e cai suavemente no tapete enquanto vejo um dos policiais ao lado de Nate abrir a porta da viatura e empurrá-lo, sem muita delicadeza, para o banco de trás. A cena corta para uma repórter do lado de fora, afastando do rosto o cabelo escuro remexido pelo vento.

- A polícia de Hogsmeade se recusou a dar qualquer declaração. A única confirmação é que novas provas indicam que há causa provável para incriminar Harry Potter, o único integrante do Quarteto de Hogsmeade com antecedentes criminais, pelo assassinato de Theodore Nott. Vamos continuar trazendo novas informações de acordo com o desdobramento do caso. Sou Rita Skeeter, para o Profeta Diário.

Hermione para ao meu lado, com o controle remoto na mão. Eu puxo a manga dela.

- Você pode voltar para o início, por favor? - peço

Ela retrocede a gravação, e eu examino o rosto de Harry no vídeo que vai e volta. Sua expressão é neutra, quase entediado, como se ele tivesse sido convencido a ir a uma festa que não lhe interessa.

Conheço aquela expressão. É a mesma que Harry usou quando mencionei o Até que Provem no shopping center. Ele está se desligando e armando suas defesas. Não há traços do garoto que conheço do telefone, dos nossos passeios de moto ou da minha sala de TV. Ou daquele que me recordo do ensino fundamental, a gravata torta do São Pio e a camisa para fora da calça, conduzindo a mãe em prantos pelo corredor com um olhar intenso que desafiava qualquer um de nós a rir.

Eu ainda acredito que aquele é o Harry de verdade. Seja lá o que a polícia pense ou tenha encontrado, isso não muda. Meus pais não estão em casa. Pego o telefone e ligo para meu advogado, Kingsley, que não atende. Deixo uma mensagem tão longa e incoerente que a caixa postal me interrompe, e desligo me sentindo impotente. Kingsley é minha única esperança de obter informações, mas ele não consideraria isso uma emergência. É um problema para o futuro advogado de Harry, não para ele.

Esse pensamento me deixa ainda mais em pânico. O que um defensor público atolado de serviço que nunca conheceu Harry vai ser capaz de fazer? Meu olhos disparam pela sala e encontram o olhar atormentado de Mione.
- Você acha que ele pode ter…

- Não - respondo sem nem pensar. — Ora, vamos, Mione, você viu como esta investigação está zoada. Eles acharam que eu matei Nott durante um tempo.

Eles estão errados. Tenho certeza de que estão errados.

- Fico pensando o que eles podem ter encontrado - diz minha irmã. - É de considerar que a polícia tomaria muito cuidado depois de todas as críticas que recebeu da imprensa.

Eu não respondo. É a primeira vez na vida que não sei o que fazer. Meu cérebro está vazio de tudo, a não ser de uma ansiedade turbulenta. O Profeta Diário aparenta estar sem novas notícias, já que só fica repetindo o que foi dito. Alguns trechos de outras reportagens aparecem e na TV aparece a indignação de Luna Lynch.

É claro!

Eu pego o telefone e procuro pelo nome de Luna. Ela me deu o número da última vez que nos falamos, e disse para ligar a qualquer hora. Espero que tenha sido sincera.
Luna responde ao primeiro toque.

— Luna Lynch.

— Luna? É Draco Malfoy, de …

— É claro. Oi, Draco. Imagino que você esteja vendo o noticiário. O que tem a dizer?

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