Vai ficar tudo bem!

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POV GIZELLY


Entrei em casa com tanta raiva que nem vi minha vó se assustando com a batida que eu dei na porta quando entrei.

-Filha o que houve? - Ela se aproximou em um tom de preocupação. -Rafa me ligou, disse que você saiu de lá muito nervosa.

-Não quero falar disso, vó. -Me joguei no sofá com as mãos na cabeça. -Na verdade eu não quero saber nada relacionado a Rafaella, nosso único lanço é Sofia.

-Gizelly ontem quando você me avisou que dormiria lá eu fiquei tão feliz, esperando que vocês se entendessem. -Minha vó se sentou ao meu lado.

-Pois é, eu também achei que poderíamos recomeçar, mas ela já desistiu. -Limpei o olho e suspirei. -Ela assinou o divórcio, não tem mais volta.

-Minha filha, eu sinto muito! -Ela me prendeu em um abraço e eu me deixei chorar, chorar por todo aquele amor que e ainda estava em meu peito.


Flashback on:

Levei Rafaella para o meu novo apartamento, comprei quando estava na França e em segredo, e com o dinheiro da minha herança eu poderia quitar e começar a vida ao lado da mulher que eu amava.

-Então, você aceita? -Rafaella estava calada e eu tinha medo dela me achar precipitada.

-Gizelly, eu não sei o que dizer. -Isso foi como um balde de água fria.

-Você pode recusar Rafaella, eu sei que parece loucura, acabei de voltar e já estou pedido pra você morar comigo! -Falei sem parar e ela ouvia com um sorriso. -Mas eu não sei mais viver sem você, eu imaginei acordar ao seu lado todos os dias, imaginei casar, ter filhos, ficar velhinhas e ir ao bingo juntas.

Ela sorriu e me puxou para um beijo, o beijo era urgente e eu a abracei pela cintura puxando seu corpo para o meu.

-É claro que eu aceito eu bobona. -Rafaella disse interrompendo nosso beijo com alguns selinho. -Eu não sei o que dizer, pois todos os dias você me surpreende, cada dia que passa eu sei que você é a mulher da minha vida.  E não tem nada nesse mundo capaz de me tirar de você, titchela.


Flashback off:

Havia se passando uma semana e meu contato com Rafaella era zero, eu estava apenas aguardando a minha cópia do divórcio pra assinar e esquecer Rafaella da mina vida. Eu iria focar na minha vida de agora em diante. Hoje eu não iria trabalhar, na verdade já havia alguns dias que eu estava pensando em largar o restaurante. Me arrumei e desci encontrando minha vó sentada.

-Preparei um lanche pra você. -Minha vó estava na cozinha concentrada no celular. -Deixei tampadinho em cima do fogão.

-Obrigado vó. -Dei um beijo em sua bochecha e notei a conversa com Rafaella aberta. -Mas eu vou sair.

-Gizelly, você sabe que eu sempre apoiei vocês duas, apesar de ser velha sempre soube que você poderia amar quem quisesse. -Me sentei pra ouvir ela. - Eu quero que você seja feliz minha filha, quero que você crie sua filha como eu criei você.

-Eu nunca irei sair de perto dela, Sofia é o meu bem mais precioso! -Minha vó sorriu.

-Eu sei disso filha. -Ela segurou minha mão. -Não faça nada pra se arrepender depois.

Me levantei e deixei um beijo nos seus cabelos que já estavam brancos. Minha vó me deu tchau e suspirou pesado, eu sei que ela ainda acha que Rafaella e eu voltaremos a ser o que éramos, mas eu já tinha a certeza que isso não ia acontecer.  Cheguei no prédio de Fernanda e tentei não pensar mais na minha ex mulher. Convidei a professora da minha filha pra jantar, eu precisava dar uma espairecida.


-Oi. -Nanda desceu e ela estava linda. -Tudo bem?

-Oi, tudo ótimo. -Ela se aproximou e deixou um beijo no meu rosto. -Fiquei bem surpresa quando você me ligou.

-Eu estou em falta com você. -Falei sem graça e ela sorriu. -Vamos?

-Vai me levar aonde?

-Em um restaurante aqui perto, depois podemos fazer o que você quiser. -Fernanda me deu um sorriso um tanto que sugestivo.

-Então vamos, estou ansiosa.

Ela entrou no carro e em poucos minutos estávamos sentadas em um restaurante que eu sempre quis ir, mas nunca tive tempo. Era um restaurante italiano e eu só tinha ouvido coisas boas sobre ele. Como era uma quarta feira não estava tão cheio e logo achamos mesas disponíveis.

-Aqui é bem bonito. -Fernanda observava o ambiente.

-Também gostei do lugar, vamos ver se a comida é boa.

-Aposto que não chega ao pés da sua!-Sorri de lado e como se fosse um carma meu celular começou a tocar.

Recusei de início, Bianca devia estar ligando pra falar sobre a despedida solteiro dela. Mas ela continuou insistindo e eu resolvi atender.

-Gizelly cadê você? -Ela não foi nenhum pouco educada.

-Oi pra você também, como vai? -Falei em tom de deboche.

-Gizelly me escuta, você tem que vir aqui! -Se Rafaella acha que colocar nossas amigas pra me comover ela estava enganada.

-Bianca, eu não tenho nada pra fazer ai.

-Gizelly, a Genilda levou o Theo. - Ela disse de uma só vez e meu corpo esfriou. -Ela veio com uma assistente social e um oficial de justiça, ela tem a guarda provisória do menino.

-Como assim? -Ela pode dia fazer isso? Minha cabeça só imagina como Rafaella estava devastada.

-Vem pra cá, alguém precisa ficar com Sofia, a bixinha está muito triste. -Minha filha sempre viria em primeiro lugar.

-Ok estou indo. -Fernanda me olhou confusa.

Expliquei pra ela o que estava acontecendo e ela disse que compreendia o motivo e que podíamos remarcar o jantar para outro dia. Ofereci pra deixá-la em casa, mas ela disse que ficaria e pediu que eu a mantivesse informada e se eu precisasse de algo ligasse pra ela. Dirigia pelas ruas sem me importar em estar acima da velocidade. Em menos de 10 minutos eu entrava no prédio de Rafaella.


POV RAFAELLA


Gizelly saiu do meu apartamento e com certeza ela estava me odiando, eu juro que não esperava por isso, principalmente depois que ela aceitou conversar comigo mais tarde. Ali era o fim, Gizelly não iria voltar atrás. Me sentei no sofá e chorei, chorei até minha cabeça voltar a doer, porque minha vida tinha que ser tão complicada?

-Mamãe, não "chola". - Senti a mãozinha da minha filha no meu rosto. - Eu vou cuidar de você.

Abracei aquele serzinho e me acabei em lágrimas. Pedi Val que a levasse na escola, e que cuidasse do Theo, hoje eu não tinha cabeça. Peguei minhas coisas e parti pro escritório, como ontem eu não fui, eu precisava resolver todas as minhas pendências. Vez ou outra eu me pegava pensando nas palavras de Gizelly, eu assinei aquela droga de papel, e agora era aguentar as consequências.  


A semana se arrastava, as horas pareciam paradas no tempo, hoje eu tive uma audiência logo após o almoço e eu só não perdi a causa, pois Caon estava ao meu lado e se mostrou um bom advogado.

-Rafa, você estava totalmente aérea. -Ele tocou meu ombro na saída do tribunal. -Vai pra casa, eu cuido do seu escritório.

-Obrigada Caon. -Agradeci e entrei em meu carro.

Por um minuto pensei em ir atrás de Gizelly, mas ela não iria me receber e a covardia gritava mais alto na minha mente. Mandei uma mensagem pra dona Madalena e pedi que cuidasse de Gizelly por mim.

Cheguei em casa e Val dava banho no Theo, dei um beijo nos dois e fui para o meu quarto chorar mais um pouco. Era isso que eu sabia fazer ultimamente, eu já devia estar em estado de desidratação de tantas lágrimas. Fiquei ali deitada relembrando de todas as vezes que me entreguei a ela, quantas vezes ela sussurrou que me amava entre um beijo e outro. Como eu queria ouvir essas palavras dela mais uma vez. Ouvi batidas na porta e Val entrou com uma expressão não tão boa.

-Rafa acho melhor você vir aqui. -Ela estava com o Theo no colo e eu a segui imediatamente.

Nem ao menos calcei meus chinelos, cheguei na sala e minha mãe estava acompanhada de um oficial de justiça e uma outra moça.

-Mãe? O que faz aqui? -Perguntei sem entender.

-Vim buscar o menino. -Ela disse sem esboçar nem uma reação.

-Como assim, buscar o Theo pra que? Como soube dele?

-Você acha mesmo que eu vou permitir outra criança nessa casa? Deixar que ele cresça igual Sofia? -Ela cuspiu as palavras. -Nada fica escondido de mim Rafaella, não seja tola. Eu coloquei um detetive atrás do seu irmão, e pra minha surpresa ele descobriu o paradeiro do meu neto.

-E cadê O Tato? - Perguntei na esperança de ajudar meu irmão.

-Está morto. -Meu mundo girou, meu estômago deu nó.

-Morto? E você fala isso nessa tranquilidade? -Questionei incrédula.

-Você queria que eu chorasse? Queria que eu vivesse de luto? Seu irmão fez as escolhas dele. -Ela pegou o papel da mão do homem e me entregou. -Aqui está o mandato de guarda provisória, e em breve terei a guarda permanente.

-Eu não vou permitir que você o leve. -Falei firme e ela deu um sorriso irônico.

-Você entende de leis minha filha, não seja boba e entregue a criança. - O homem concordou com cabeça. -Ele será melhor estruturado do que aqui, eu espero que eu não erre com ele como errei com você e seu irmão.

Valeria olhava tudo assustada e eu pedi que ela subisse e fizesse a malinha dele. Eu não tinha muito o que fazer no momento, apenas respeitar a ordem judicial.

-Isso não vai ficar assim mãe. -Sequei minhas lágrimas e peguei meu celular. - Eu vou recorrer, não vou deixar o Theo nas suas garras.

Valeria desceu com o meu pequeno e eu o abracei apertado beijando seu rostinho. Eu estava tão apegada naquele menino que já me considerava mãe dele, eu farei de tudo pra tê-lo de volta, irei cumprir a promessa que fiz a meu irmão.

-A mamãe vai te buscar tá bom? -Falei pra ele baixinho. -Serão apenas alguns dias, eu prometo.

Nem pude me despedir direito e minha mãe arrancou o garoto do meu colo, ele não gostou da atitude e começou a chorar alto. Eles saíram e eu me desabei novamente, mas dessa vez abraçada em Valeria.


Chorava de soluçar, ver meu bixinho sair chorando no colo da minha mãe quebrou o resto do meu coração, Val tentava me consolar, mas ela estava igual a mim. Peguei meu celular e liguei pra Bianca, ela saberia melhor como me orientar, eu iria lutar pelo Theo, faria isso pela minha irmã. Em pouco minutos Bianca chegou e eu contei tudo a ela.

-O amiga, eu nem tive tempo pra vir conhecer meu sobrinho. -Ela me abraçava tentando me confortar. -Mas nós vamos trazê-lo de volta, não se preocupe.

-Ele vai estranhar aquela casa, ele já tinha acostumado com a nossa rotina. -Eu ainda chorava. - Eu já tinha feito a projeto do quartinho dele, a arquiteta viria na segunda.

-Deixe ela vir Rafa, arrume o quartinho dele, ele vai voltar pra você. -Bia me abraçou apertado e eu fiquei ali com ela.
 

Val preparou um lanche, mas eu não tinha nenhuma fome, pedi que ela buscasse Sofia na escola, pois eu não tinha nenhuma condição de dirigir. Minha filha chegou correndo toda descabelada.

-Mamãeeee, cadê o Theo, fiz um desenho "pá" ele. -Meu coração parecia ser esmagado e triturado.

-O Theo não está aqui meu amor! -Tentava controlar minha lágrimas, minha filha já me viu sofrer demais. -Ele foi passar uns dias na casa da vovó Genilda.

-Ele não vai gostar de lá mamãe. -Sofia disse com a carinha fechada. -A vovó é chata. Vamos buscar ele?

-A mamãe não pode buscar ele agora. -Tentava explicar a ela. -Mas a mamãe promete que ele vai voltar.

- Ele não pode "demolar" mamãe. -Sofia falou tristinha e Bia a pegou no colo.

-A titia Bia, vai conseguir trazer ele de volta tá bom? -Bianca beijou o rostinho dela. -Mas agora você precisa cuidar da mamãe.

-Liga pra mamãe Gi, ela sabe cuidar da mamãe Rafa, igual aquele dia. -Bianca me olhou com pesar. - Né mamãe?

Eu engoli seco, de pensar que outro dia dormimos agarradas e hoje ela nem deve querer saber da minha existência doía demais. Bianca ficou ali tentando distrair Sofia, mas minha filha parecia sentir o clima pesado e ficou manhosa e chorando por tudo.

-Eu vou ligar pra Gizelly. -Ela disse e eu pedi que não ligasse. -Rafa, ela precisa vir cuidar da filha dela, você não está bem. Olha o seu estado? Tem condições de deixar vocês duas sozinhas?

Concordei e ela ligou pra minha ex esposa. Val não queria ir pra casa, mas sei que ela precisava cuidar da mãe dela também. Me despedi dela e Bia ficou comigo até Gizelly chegar.

Não demorou muito e ela tocou companhia, estranhei a roupa que ela vestia, mas não disse nada. Ela entrou com cautela e pegou Sofia no colo. Bianca conversava com ela é até então ela não tinha me direcionado a palavra.

-Rafa, mas você não pode fazer nada? - Ela perguntou e Bia negou com a cabeça.

-Ela tem a guarda, não sei como ela conseguiu de forma tão rápida. Provavelmente não foi de um modo legal.

-Aquela vaca nunca me enganou. Sempre foi uma cobra. -Ela disse com raiva. -Desculpe Rafaella.

-Tá tudo bem. -Suspirei com pesar. -Ela é uma cobra mesmo, demorei pra enxergar.

-Hey, ele vai voltar. -Ela se aproximou com Sofia no colo. - Não existe ninguém melhor no mundo pra cuidar dele.

Uma coisa que me derretia nela, era os elogios que ela me dava em relação a maternidade, Gizelly sempre disse a boa mãe que eu era. Ela pediu licença e foi dar banho em Sofia.

Bianca se despediu e disse que amanhã me daria respostas. Fui na cozinha e peguei um copo d'água e subia para o meu quarto, mas antes parei na porta do quarto de Sofia e fiquei observando a cena. Gizelly cantava brilha brilha estrelinha com Sofia no colo que cochilava vestida o pijaminha de girafa. Ela me encarou por alguns segundos e sussurrou que tudo ficaria bem.

O vai ficar tudo bem, incluía tê-la de novo dizendo que me ama?

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Veia capenga, devolve o Theo agora!!!!!

Diga que me ama (Girafa Version)Onde histórias criam vida. Descubra agora