Capítulo 17

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Camila


Nos dias seguintes, os jornais locais e os sites se concentraram no "Casamento vindouro de nosso Shawn Mendes!" e no "Nosso herói vai se casar com amor sulista!".

Eu não conseguia escapar das notícias. Independentemente do que fazia ou de aonde ia, a noite de sexo de Shawn sempre se apresentava, esfregada na minha cara.

Parei de ler e-mails no dia em que um desconhecido me enviou um link que levava a uma foto minha com uma legenda que dizia o seguinte: "A garota que Shawn deixou para trás. Por que ele está se casando com outra?"

Também encerrei minha conta no Facebook no momento em que vi mais de cento e cinquenta mensagens de supostos "amigos" me perguntando se tudo que liam on-line era verdade.

Se não precisasse de meu celular para me comunicar com meu trabalho e com meus pais, também teria cancelado a assinatura.

Os torpedos eram um pesadelo. A cada bipe, meu coração dava um pulo.

Por um lado, queria que as mensagens fossem de Shawn, para saber o quanto ele sofria, o quanto ele estava arrependido e o quanto ele queria que aquilo nunca tivesse acontecido. Por outro lado, não tinha disposição para isso.

O celular tocou, e vi o nome de Dani piscando na tela. Eu não ia à redação da Trunk desde o início do semestre. Atendi a ligação:

— Oi, Dani. Tudo bem?

— Tudo, Camila. — A voz dela soou cordial. — Sinto muito sobre você e Shawn.

— Obrigada. — Essa se tonara minha resposta padrão.

Aceitava as condolências dos outros pelo meu relacionamento morto e enterrado e tentava seguir em frente.

— Escuta, realmente não queria lhe pedir isso, mas BC está insistindo que a Trunk deve fazer uma matéria a respeito de Shawn desde o recrutamento. Diz que todo o mundo está interessado nele.

BC era o editor da revista. Às vezes, achava que ele era um idiota, mas suas ideias costumavam trazer prêmios para a revista. Assim, há alguns meses, parei de questionar seus pedidos ridículos.

— Ele pirou quando viu nossa coleção de fotos de Shawn, Camila. Mas não temos nada recente. Então, BC me pediu para lhe perguntar se você tem algo das partidas que ele disputou no verão. Desculpe, eu tentei argumentar com ele, mas BC foi inflexível. Disse que você tinha de ser profissional a esse respeito. — Engoli em seco. Naquele momento, não sabia se tinha condições de examinar as fotos de Shawn. Mas BC estava certo. Eu precisava ser profissional. — Você não tem de fazer isso. Posso dizer a ele que você não tem nenhuma foto — Dani afirmou, com compaixão sincera.

— Não, tudo bem. Tenho mesmo algumas fotografias que você poderá usar. Quantas quer?

— Mande-me por e-mail as melhores. Confio no seu julgamento.

— Ok. Qual é o prazo?

— Amanhã até o meio-dia.

— Sem problema.

— Obrigada, Camila. Você é uma salva-vidas.

Desliguei o celular, abri minha mochila e guardei meus livros. Coloquei os óculos escuros, vesti um chapéu, saí de casa e me dirigi ao campus. Caminhei pela calçada e virei à esquerda, entrando no campus bem cuidado.

Me urpreendi com o verde do gramado, já que havia muito tempo não chovia. Um grupo grande de alunos apareceu à frente, e experimentei certa angústia ao me aproximar. Não gostava do fato de que todos no campus sentissem necessidade de falar comigo como se eu fosse uma aberração de um número circense.

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