Capítulo 15

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Shawn


O estado do Alabama me recebeu de braços abertos. Foi a boa notícia. A má foi que o ar ali era tão úmido que achei que sufocaria. Nunca sentira um calor que parecia algo quase sólido, que açoitava o rosto quando saía ao ar livre. Mas os cidadãos eram simpáticos, e o lugar ostentava aquela atmosfera de cidade pequena que eu achava só existir nos filmes.

Toda a mudança na organização do Diamondbacks fez com que um grupo de jogadores de meu time perdesse um companheiro que dividia a casa com eles. Isso caiu como uma luva para mim, que vinha procurando moradia.

Me mudei imediatamente, não só assumindo o quarto dele na casa, mas também seu lugar no time. Me preparei mentalmente contra o ressentimento dos outros jogadores, mas isso não chegou a acontecer. Em vez disso, comecei a jogar com um grupo de caras muito solidários.

A competição era feroz, mas o beisebol ainda era um esporte coletivo.

— Oi — falei quando Camila atendeu ao telefone.

— Oi — ela respondeu. — Tudo bem? Como está o time?

— Estou bem. O time é incrível.

— O que quer dizer?

— Todos são muito bons.

— Melhores do que os jogadores de seu time antigo?

— Muito melhores. É um nível muito diferente de beisebol.

— Você já esperava isso, não?

— Na realidade, não pensei nisso. Sem dúvida, eles são melhores rebatedores, e meus arremessos não os intimidam.

— Então arremesse a bola fora da zona de strike e torne seu arremesso assustador. — Camila deu uma risadinha.

— Estou tentando, amor.

— Shawn, você é um arremessador incrível. Vai descobrir um jeito. É tudo parte do processo e, no fim, você será um jogador melhor.

— Quando ficou tão esperta?

— Acho que assim que você foi embora.

— Pentelha...

— Preciso desligar, Shawn. Sinto muito, mas tenho de participar de uma teleconferência com o escritório de Nova York.

— Ok. Ligo para você mais tarde.

— Espere, Shawn.

— Sim, gatinha.

— Boa sorte hoje à noite.

— Obrigado. Amo você. — E desliguei.

...

Respirei fundo quando assumi minha posição no monte do arremessador. A torcida, toda de pé, gritava, mas eu mal conseguia escutar outra coisa além de meu próprio coração bombeando adrenalina através de minha veias.

— Vai lá, Mendes! — escutei meu shortstop gritar.

Dei uma olhada rápida para ele, nossos olhares se encontrando num intercâmbio esperançoso. Meu receptor fez sinais entre as pernas, e eu fiz que sim com a cabeça. Então, peguei a bola com a mão esquerda.

Depois de respirar fundo de novo, ergui a perna direita no ar e, em seguida, arremessei a bola com toda a força. O rebatedor balançou o corpo, e eu prendi a respiração, esperando que ele não conseguisse rebater a bola.

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