Capítulo 12

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Shawn


O fato de aquele estranho ter agredido Camila e roubado sua câmera me deixou louco.

Três semanas se passaram e os hematomas quase desapareceram, mas minha raiva continuava igual.

Nunca contei para Camila, mas eu percorria ida e volta aquela rua todos os dias, às vezes antes e depois do treino, procurando o canalha que a atacara. Também procurava a câmera por toda parte. Pesquisava na internet, visitava lojas de coisas usadas, mas ela não aparecia.

Queria justiça para Camila... na realidade, vingança. Mas, sobretudo, queria ser o vingador. E a cada dia que isso me era negado, minha raiva contra meus covardes companheiros de time aumentava.

Não conversei com nenhum daqueles que estiveram lá naquela noite, mas perdia a calma sempre que algum estava próximo.

Entrei no vestiário e coloquei meu uniforme do treino em silêncio.

— Mendes! — Davies, meu técnico, gritou de seu escritório. — Venha até aqui.

O técnico foi um bom jogador de beisebol, mas era um homem ainda melhor. Ele foi o motivo pelo qual preferi a Fultton State entre todas as demais universidades. Quis jogar beisebol para alguém que respeitava, e eu respeitava meu técnico.

Após trancar meu armário, encaminhei-me ao escritório de Davies.

— Feche a porta. — Ele se reclinou em sua cadeira giratória. Eu o obedeci. — Sente-se, Mendes. — Sentei-me numa antiga cadeira de madeira diante dele. — Veja, não sei o que está acontecendo entre você e seus companheiros. Ouvi dizer algo a respeito de sua namorada ter sido atacada. Sinto muito por isso, mas seu time é sua família, e você precisa resolver esse problema.

— Com todo o respeito, senhor, mas minha família não fugiria e se esconderia, deixando minha namorada ser agredida.

— O que você disse, Shawn?

— Quatro de seus rapazes a deixaram ali sozinha, senhor. Brett cuidou de Dean, mas os outros deram no pé.

— Quem?

— Vou lhe dizer quem. Meus companheiros de time. Minha suposta família. Meus irmãos. Mal consigo olhar para eles, quanto mais fingir que os respeito.

— Não conheço os detalhes, Shawn. Vou cuidar disso, mas você tem de me prometer que vai colaborar. Não posso ter um time dividido no final da temporada. E você precisa manter o foco.

— Estou focado. Não se preocupe. — Tentei tranquilizá-lo, mas percebi que ele não acreditou em mim.

— Não me deixe na mão, Mendes. Não deixe seu time na mão. Não deixe você na mão.

— Não é da minha natureza, senhor. Não deixo ninguém na mão. — E não estava brincando.

— Tudo bem. Pode se retirar, então. Diga ao meu auxiliar Smith que quero conversar com o time antes de o treino começar.

— Sim, senhor. — E deixei o escritório.

Todo o time se sentou no abrigo esperando pelo técnico Davies.

Como esse não era nosso procedimento padrão, os rapazes tentavam entender o que estava acontecendo. Fiquei em uma extremidade do longo banco, enquanto Brett, Cole, Matt e Ryan se mantinham na outra.

— Ok, senhores, escutem. — Assim que o técnico Davies entrou no campo, fez-se silêncio. — Sei que houve um incidente fora do campus com alguns de nossos jogadores. Não imaginei que a situação fosse tão ruim. Não sabia o que havia acontecido. Mas agora eu sei. — Davies dirigiu seu olhar severo para cada jogador sentado no banco e continuou: — Quero que saibam que não estou só querendo formar grandes jogadores de beisebol aqui... também pretendo formar grandes homens. E grandes homens não fogem de uma luta. Grandes homens não deixam uma garota sozinha e indefesa.

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