Capítulo 19

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Shawn

Depois do casamento, Chrystle quis comprar uma casa, insistindo que nosso filho precisava de uma vizinhança e um jardim melhores para ser verdadeiramente feliz.

Discutimos durante semanas a esse respeito, mas, enfim, a cabeça-dura entendeu que não viveríamos no Alabama para sempre.

— Posso ser promovido ou negociado a qualquer hora, Chrystle! Então, teremos de nos mudar. Não faz nenhum sentido comprar uma casa aqui, pois nossa permanência no Alabama é muito improvável! — Eu tentava manter a calma, mas não conseguia.

— Mas eu quero ficar aqui durante as férias. Você não quer? — Chrystle disse, chorando.

— Não pensei nisso. — Desejava sentir alguma emoção ante as lágrimas de Chrystle, mas era incapaz.

— Você não está nem se esforçando.

— Do que está falando? — E deixei escapar um suspiro exasperado.

— Deste casamento. De nós. Você não está nem se esforçando, Shawn. Eu mereço que você se esforce. Estou carregando seu filho. Nós dois merecemos que você se esforce.

A emoção de que eu tanto precisava emergiu: a culpa.

Bem-vinda, velha amiga.

— Você tem razão. Vou me esforçar mais — prometi.

Ela recomeçou a chorar.

— Desculpe. A gravidez me deixa com as emoções à flor da pele. — Chrystle enxugou o rosto com a mão, e eu, com relutância, a abracei.

...

— Chrystle? Cheguei! — Atravessei a porta da frente carregando minha bolsa de beisebol.

— Estou aqui — ela respondeu do andar superior, com a voz soando estranha.

— Você está bem? — Não obtive resposta. — Chrystle? — voltei a chamar, deixando cair minha bolsa no chão. Subi a escada correndo, ouvindo um som de choramingo vindo de nosso quarto. Chrystle estava em posição fetal, cercada por travesseiros e lenços de papel usados. Embora eu não me importasse com a mulher com quem estava casado, meus sentimentos em relação à criança que ela gestava eram imensuráveis. — O que houve? O bebê está bem? — indaguei, cheio de aflição.

— Meu Deus, Shawn... — Chrystle irrompeu em lágrimas. — Perdi o bebê...

— O quê? Como?! — Senti o estômago embrulhar e o coração apertar.

— O médico disse que é comum. Acordei e comecei a sangrar muito. Foi assustador. — Chrystle me enlaçou e chorou sobre meu peito.

A sensação de desolação tomou conta de mim. Em algum lugar do caminho, crescera acostumado com a ideia de ser pai. Fizera planos e aguardara um futuro que não mais existia. Não havia mais filho. Contemplei o ventre de Chrystle, pousando a mão ali.

— Não acredito que perdemos nosso bebê. Sinto muito. Tudo o que queria era nosso bebê. Nosso filho — Chrystle afirmou, levantando os olhos lacrimosos para mim.

— Eu sei. Eu também. — Uma lágrima escapou de meu olho. — Você quer alguma coisa? Água... sei lá?

— Estou bem. Aonde você vai? — Chr stle agarrou minha camiseta.

— Vou descer para pegar algo para beber. Já volto, ok?

Chrystle fez que sim com a cabeça.

Saí do quarto, com minhas emoções assumindo o controle. Saltei os dois últimos degraus da escada, corri até o pequeno banheiro, entrei e tranquei a porta. Sentei no chão, com a cabeça entre as pernas, sofrendo com a perda de meu filho. Senti um aperto no coração, mas, de repente, um fio de esperança se manifestou.

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