Capítulo 4

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No campus, eu seguia por um caminho cimentado, ladeado de árvores, que me levava à redação da Trunk.

Ingressara na premiada revista estudantil por insistência de meu professor de comunicação visual. Ainda que tivesse de frequentar aulas de redação, meu foco recaía sobre o lado visual da divulgação de informações. Eu ansiava por melhorar minha arte, e assim proporcionar recursos visuais marcantes para os artigos associados.

Avistei o prédio de tijolos de um andar logo adiante. Todos os edifícios mais novos do campus eram construídos com tijolos vermelhos e brancos, enquanto os prédios mais antigos eram grandes estruturas de revestimento branco. Jamais compreendi por que não procuraram combinar os prédios mais novos com os mais antigos.

Abri a porta de vidro fosco do prédio, e uma lufada do ar-condicionado me alcançou. Movi os óculos escuros para o alto da cabeça, levando junto mechas dos meus cabelos.

— Oi, Dani — cumprimentei em voz baixa ao entrar na sala, não querendo perturbar Danielle, concentrada na tela do computador.

— Oi, Camila. Venha dar uma olhada nisso. Aproximei-me e olhei para a imagem na tela.

— Quero que esta foto ganhe mais expressão. Não está me dando o que preciso. O que falta?

Observei o garoto de oito anos de idade parado na frente de baldes de água entornados, com uma expressão triste.

— Em primeiro lugar, não acho que deva ser em branco e preto. Os detalhes se perdem nessa fotografia. Posso? — Apontei para a cadeira que Dani ocupava.

— Claro. — Ela desocupou a cadeira, e eu me sentei.

Por meio do software de edição de imagens, recuperei a foto original e manipulei as cores antes de apontar para a tela.

— Observe o tapetinho sujo atrás do menino. Eu mal o percebi em branco e preto. Os amassados nos baldes e o cascalho perto dos pés dele passavam despercebidos antes. Essa foto precisa ser em cores. Ela merece ser em cores.

Dani bateu palmas e, em seguida, apoiou-se sobre meus ombros.

— Você é um gênio. Adoro você!

— Obrigada. — Sorri, com os olhos grudados na tela.

— Então, Camila, como vão as coisas? — Dani quis saber.

— Estou aqui para editar algumas fotografias que tirei no jogo de ontem à noite. Talvez você queira usá-las na matéria que está fazendo sobre Shawn Mendes.

— Diga-me: você não é uma... — Dani hesitou, mas completou: — ... delas?

— Uma o quê? — indaguei, surpresa.

— Uma das centenas de garotas da universidade apaixonadas por Shawn Mendes. — Dani deixou escapar um suspiro.

— Ah, não. Não suporto esse cara. — E gargalhei.

— Uau! Que surpresa! — Dani exclamou, rindo. — Temos um milhão de fotos de Shawn, mas adoraria ver as que você tirou.

— Obrigada, Dani. — Aprumei-me um pouco e sorri, incapaz de reprimir a ponta de orgulho que senti.

— Agora que você me salvou de me matar por causa da foto do menino, preciso comer. Vejo você mais tarde; e obrigada.

Dani pegou sua bolsa, ajeitou o rabo de cavalo e saiu da sala. Levei mais tempo do que esperava para editar as fotos da noite passada, mas tive de admitir que ficaram boas. Na realidade, ficaram excelentes.

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