Capítulo 22

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Camila


Passei os quatro últimos meses apaixonada por Nova York.

Shawn não voltou a me procurar desde a noite de minha partida. Aquilo não só me surpreendeu, mas também voltou a partir o meu coração. Independente da quantidade de vezes que Dean tentou me assegurar de que Shawn ainda me amava, seu silêncio demonstrou outra coisa para meu coração em dúvida.

Na realidade, não sabia o que esperar. Por um lado, queria algum tipo de grande gesto. Queria sair na rua certa manhã e encontrar Shawn esperando por mim, como ele fez uma vez.

E quando lhe disse "Prove" na noite em que parti, achei honestamente que ele faria isso. Eu queria algo de Shawn. Tudo menos silêncio. E quando nada veio, fiz o possível para seguir adiante.

Desembarquei do trem do metrô superlotado, peguei a escada rolante e fui para a rua. Todos os dias, ainda ficava boquiaberta com as paisagens e os sons de Nova York. O tempo todo, forçava-me para continuar caminhando quando sentia vontade de me ajoelhar e tirar fotos das cenas ao meu redor.

O prédio em que trabalhava tinha trinta andares, e era todo envidraçado. Abri a imensa porta dourada e entrei, livrando-me do frio congelante da rua.

— Bom dia, Craig — cumprimentei nosso guarda de segurança de cabelos grisalhos.

— Bom dia, senhorita Cabello. — Em seguida, ele apertou o botão para abrir a porta do elevador e a segurou até que eu entrasse.

— Obrigada — disse, repetindo a mesma rotina de todas as manhãs.

Apertei o botão para o vigésimo sétimo andar e, então, escutei:

— Ei, espere! Segure a porta.

Coloquei a mão entre as portas que se fechavam, forçando-as a parar abruptamente e se abrirem. Joey, o adorável revisor de cabelos castanhos e olhos azuis, natural de Boston, entrou, com as mãos cheias de papéis.

— Obrigado! Ah... Bom dia, Camila. — Joey olhou para mim, e eu desviei o olhar, constrangida.

Ele já me convidara para sair algumas vezes, mas ainda não me sentia pronta para isso. Após tudo o que passara com Shawn, não tinha certeza se me sentiria pronta um dia.

— Bom dia, Joey. Posso ajudá-lo? — Estendi a mão na direção dos papéis, que ameaçavam cair, pegando alguns.

— Obrigado... — E ele prosseguiu, com seu agradável sotaque: — Então, o que você fez ontem à noite?

— Trabalhei até as oito e pouco. Depois, comprei uma comida italiana incrível no caminho para casa, e foi tudo.

— Onde está morando agora? — Ele sempre me fazia essa pergunta quando conversávamos. Não entendia o porquê.

— No Lower East Side. Não muito longe daqui.

— Que rua?

— Clinton.

Nesse momento, o elevador chegou ao nosso andar. As portas se abriram, e escutamos os sons de diversas vozes. O andar tinha vários cubículos espalhados de ponta a ponta. A privacidade não era algo que se podia encontrar naquele escritório, mas eu adorava o caos e a correria constante.

— Você gosta de morar no Lower East? — Joey quis saber.

— Ah, sim. Meus vizinhos, em sua maioria, são jovens e superartísticos. É, ao mesmo tempo, inspirador e irritante. — Seguindo-o ao seu cubículo, dei uma risada.

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