Prólogo

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"Louis é invernal
Às vezes tão frio e distante
Mas seu olhar tão chamativo e excitante
Quando me sinto relutante
Ouso encarar seus lábios
E me pergunto quanto tempo ele vai demorar
Para enfim me namorar"

Um sorriso tomou meus lábios após ler o conteúdo do pequeno pedaço de papel.

A brisa fresca balançou as diversas tulipas amarelas, era sem dúvidas uma bela cena. Mas os cabelos bagunçados e o sorriso malicioso da garota ao meu lado, com toda certeza era mais interessante e — sem sombra de dúvida— mais bonito.

— Quando você me vai me namorar? — Questionou, especulando meu caderno de desenho. — Já faz um tempão que você está rascunhando essas tulipas. Bem, tulipas amarelas são as minhas favoritas mas...

Desviei o olhar, minhas bochechas queimaram quando ela percebeu o que eu realmente estava rascunhando. Um grande sorriso tomou seu rosto bonito, seus olhos castanhos esverdeados pareciam sorrir junto. Ela pegou da minha mão o pedaço de papel que me entregara minutos antes.

— Você é um artista! — Exclamou enquanto lia sua própria poesia.

— Desculpa se sou frio e distante... — Murmurei inseguro.

Ela se virou rapidamente e beijou meu nariz, me fazendo corar mais uma vez.

— Eu sempre faço isso e você sempre fica corado — Ela sorriu mostrando os dentes um tanto quanto tortos. — Você não é frio e distante meu querido, apenas procurei algo para fazer uma rima e escrever uma poesia medíocre. Eu estava entediada.

Ela fez menção de que iria amassar o pedaço de papel, segurei delicadamente sua mão antes que ela fizesse isso.

— Não faça isso, eu amei sua poesia. — Peguei o papel de suas mãos.

— E eu amei o seu desenho. Quem é essa moça bonita aí?

Sorri inclinando o caderno para minha Cassie ver melhor. Seu rosto estava desenhado em traços simples de lápis, em meio a flores que seriam amarelas e ela sorria de olhos fechados.

— Desenho não é o minha maior especialidade, pretendo pintá-la em uma tela.

— Pensei que tivessemos vindo aqui para você se inspirar com as tulipas, elas estão realmente lindas nessa primavera.

— Você é minha maior inspiração. Por que não pintá-la em meio as flores?

Ela sorriu e desviou o olhar para o céu, que tomava uma cor acizentada e escura.

— Acho que vai chover...

— Aparentemente sim.

Fechei meu caderno de desenho e coloquei a poesia entre as folhas.

— Acho melhor irmos. Não quero que você fique resfriada e é provável que tomaremos chuva.

Ela arqueou uma sobrancelha enquanto se levantava da grama.

— Minha saúde é de ferro!

Cassidy entrelaçou sua mão a minha e eu peguei sua mochila rosa, jogando-a em minhas costas. Em poucos minutos já estávamos fora do campo de tulipas amarelas.

— Vamos para minha casa. — Pediu enquanto acariciava meu braço.

— Se você estiver pensando em atos obscenos, saiba que sua irmã também mora lá. — Respondi em um tom provocativo, sabia muito bem o que ela queria. Não que não fosse meu desejo também, muito pelo contrário.

— Louis, ela está de plantão nesse final de semana e... — Cassidy bufou chutando uma pobre pedra que "cruzou" seu caminho. — Você não percebe que não estou me aguentando de desejo por você?

— Poxa... Nem percebi. — Deixei a timidez de lado e a provoquei.

Um sorriso de lado surgiu no rosto da baixinha. Gargalhei e levei sua mão aos meus lábios, dando-lhe um beijo carinhoso. Um sorriso grande e alegre tomou conta de seu rosto e seus olhos voltaram a brilhar enquanto ela olhava para as flores da adorável cidade.

Eu sabia que no final daquele dia, eu estaria em casa, longe dos braços da tulipa mais linda do campo.

A brisa primaveril bateu em meu rosto, o cheiro de flores — o cheiro de Cassidy — tomou minhas narinas e não pude fazer nada menos que fechar meus olhos e imaginar meu rosto na curva do seu pescoço cheiroso. Nós dois juntos escutando a chuva, enquanto nossos corpos nus se tornavam um.

Eu amo tudo que envolva a primavera, eu amo tudo que me remete a ela.

E Cassidy pertence a primavera. Seus sorrisos alegres, seu cheiro de flores e suas poesias únicas... Cassidy é Primaveril.

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