Capítulo 14

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Me certifiquei de finalmente pegar o número de telefone de Cassie, não queria passar um único dia sem conversar com ela.

Assim que o peguei, ela partiu em sua bicicleta.

Suspirei cansado, nem era metade da tarde ainda e eu estava louco para me jogar na cama e acordar apenas no dia seguinte.

Mas maior que meu cansaço, só a saudade pela minha amada irmã.

Me surpreendi com a cena que se seguiu assim que adentrei o grande portão de casa.

Os cabelos longos e escuros dela voavam com a repentina brisa fresca, ela parecia até mais bronzeada. Seu sorriso era enorme e ela parecia extremamente concentrada e alegre, tirava fotos com uma câmera fotográfica.

Aquela era realmente a Louisa? Tão feliz e confiante.

— Acho que seu irmão favorito chegou. — Murmurei, tentando atrair a atenção dela, que estava focada em tirar fotos do céu.

Ela tirou uma última foto e se virou para mim, com um sorriso de lado.

— Você é meu único irmão, bobinho.

Rapidamente correu para os meus braços, afundando o rosto em meu peito. Nossa diferença de altura era considerável, apesar de eu ter certeza que Louisa ainda seria quase mais alta que eu.

— Você está tão linda — Sussurrei apertando meu abraço. — Senti tanto a sua falta.

— Você nem imagina o quanto senti a sua, fi-fi-ficar sozinha nessa ca-casa é deprimente.

— Eu sei... Temos muito o que conversar.

Caminhamos para dentro e percebi que Lewis não estava em casa, suspirei aliviado.

Mamãe lia um livro tranquilamente no sofá, acenei para ela que me devolveu com um sorriso carinhoso.

— Senti sua falta, querido.

Subi as escadas com Louisa, curioso demais para saber como foi a semana dela. Andrew parecia ter feito muito bem a ela.

Que engraçado, meu coração já não palpita tanto quando penso em Andrew.

— Não acredito! — Exclamei, chocado com tudo o que eu havia acabado de escutar.

Andrew, além de proteger minha irmã, havia sido "a melhor pessoa do universo" como Louisa havia exclamado?

Os olhos dela brilhavam em falar dele, aquilo me preocupou.

— Siim! E-ele é o máximo, não é nada daquilo que os boatos dizem — Ela se jogou na cama, suspirando alegremente. — Graças a e-e-ele eu descobri que amo tirar fotos, ele deixou eu tirar várias na c-ca-casa dele.

— NA CASA DELE?! — Arregalei os olhos. — ELE TE LEVOU LÁ? O QUE VOCÊ ESTAVA FAZENDO LÁ?!!

Louisa me olhou como se eu fosse um louco.

— Re-relaxa Louis, ele me levou de moto quinta-feira, assim que eu saí da escola. E-eu nunca ha-havia andado de moto e foi o máximo! A casa dele é limpinha, quem dizia que parecia um chiqueiro estava mentindo — Ela sorriu, como se estivesse tendo as melhores memórias da vida. — E-e-e você sabia que ele fa-faz o melhor bolo do m-mundo?! Eu nunca comi um bolo de chocolate tão bom quanto o que ele fez.

Desde quando o Andrew sequer cozinha? Ela estava mesmo falando de Andrew Musgrove?

Por que diabos ela subiu na moto de Andrew? Ele podia mata-lá andando que nem um louco.

— Louisa, você não...

— Nós devíamos convidar e-e-ele p-para vir aqui ou para andar com a gente na escola, ele é mu-muito legal, e-e-eu juro!

— Você não deveria sequer ter subido na moto dele! Louisa, Andrew não é flor que se cheire e...

Ela me interrompeu, exasperada e eufórica.

— O-olha sua opinião pode ser a mesma de todas os outros, m-ma-mas eu sei que ele não é nada daquilo que os o-o-outros dizem! E-e-eu confio nele, e-eu vi um la-lado dele que acho que ninguém mais viu. Ele é meu amigo e a-apenas ele pode mu-mudar minha o-opinião.

Fiquei boquiaberto, olhando para ela fixamente. O que diabos aconteceu nessa semana que estive fora? Como pode o Andrew ser totalmente diferente do que sempre vi? Eu o conheço a anos e a Louisa nem a 1 mês direito.

— Joshua sequer olhou para mim... Andrew não saiu do meu lado em momento algum.

Dei um fraco sorriso, tentando disfarçar minha surpresa e... Meu ciúmes?

Agora Andrew estava enfeitiçando minha irmã?

Eu precisava conversar com ele o quanto antes, não iria me aquietar até que soubesse tudo o que havia acontecido.

Beijei a testa de Louisa e caminhei para até a porta, antes de sair murmurei um "eu te amo".

Apesar de precisar descansar, minhas mãos pediam outra coisa. Eu precisava das minhas tintas, mesmo não estando necessariamente inspirado, eu precisava pintar algo o quanto antes.

Se eu não pintasse naquele momento, acho que minha alma entraria em combustão...

Se é que isso é possível.

Meu braço já estava dolorido, mas a beleza da figura representada em minha frente compensava qualquer dor.

A tinta castanha escura misturada com clara mesclou a perfeita cor, seus cabelos nunca seriam tão bem representados quanto foram em minha tela. E seus olhos...

Castanhos ou verdes?

A mistura dessa cor não me deu um tom tão exato, por que os olhos dela eram únicos, uma cor não feita, não encontrada em outro lugar que não naqueles olhos.

Eu queria me afogar naquela imensidão tão distinta.

Castanho ou verde?
Nenhuma cor nunca me causou tantos efeitos.

Enquanto terminava de pintar, meus braços doloridos, meu cansaço me consumindo e meu corpo sujo de tinta...

Eu decidi naquele exato momento.

Que castanho esverdeado era minha cor favorita, que os olhos de Cassidy Stewart seriam a cor mais bela do mundo.

Do meu mundo.

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