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   Kita Shinsuke resmungava alguma coisa em uma lamúria baixa que você realmente não conseguia entender o que era, ele estava curvado contra a mesa do café da manhã com a testa apoiada na superfície amadeirada quase como se tentasse a todo custo fazer com que a dor de cabeça fosse embora; segurou o riso enquanto colocava a sopa de ressaca em frente ao homem, o sol adentrava pelas enormes janelas de vidro da casa que iluminava o ambiente por completo, deixou um tapinha fraco contra o topo dos cabelos acinzentados de Kita, ele levantou os olhos em sua direção de forma cansada, fez uma careta ao ver a sopa.

   — O que é isso?

   Ele indagou com a voz quebradiça enquanto você empurrava uma colher em direção a ele, deu de ombros antes de se sentar ao lado do vizinho.

   — Sopa de ressaca ou Haejangguk, aprendi a fazer no tempo que fiquei na Coréia, ajuda, vamos tome um pouco — murmurou enquanto puxava a sua própria bandeja de comida com arroz, tamagoyaki e sopa de miso, pegou seus hashis agradecendo baixinho pela comida antes de pescar um dos pedaços pequenos de ovo o levando até os lábios, mastigou com cuidado levando a atenção até Kita que tomava a sopa avermelhada de modo preguiçoso, cerrou os olhos —, você não deveria aceitar beber se não é forte para álcool, não vou deixar você entrar da próxima vez.

   Disse com a voz séria, ele franziu o cenho antes de concordar com a cabeça devagar, voltou a tomar a sopa em silêncio, ficaram daquele modo por alguns segundos, não demorou muito para que Shinsuke volteasse os olhos castanhos claros em sua direção, sorriu curto.

   — Você já morou em muitos países diferentes, né? — você concordou com a cabeça mastigando de modo preguiçoso enquanto levava os olhos até a tela do celular checando se havia alguma mensagem nova de Bokuto, suspirou de forma desanimada ao ver apenas os números mostrando as horas, volteou a atenção até Kita — Onde você já morou?

   Ele indagou de maneira curiosa, você largou os hashis sobre a tigela de sopa antes de cruzar os braços pensativa, cerrou os olhos.

   — França, Alemanha, Coréia, Estados Unidos, Londres e Rússia, nos apresentávamos no mundo inteiro, era um musical famoso — sussurrou para si mesma com certa nostalgia, céus, sentia falta, encolheu os ombros —, o último país foi aqui no Japão, logo após disso nossa agência se desfez.

   Murmurou por fim, ele concordou com a cabeça, respirou fundo empurrando a tigela de sopa já vazia para frente como se estivesse satisfeito, apoiou os cotovelos na mesa segurando o próprio queixo sem desviar o olhar do seu.

   — O teatro onde vocês se apresentaram pegou fogo, não? Eu lembro da notícia, a Nana ficou aflita o dia inteiro olhando pela janela esperando vocês voltarem — o homem disse com a voz baixa, engoliu em seco —, sinto muito, não deveria estar falando dessas coisa logo de manhã. 

   Você forçou um sorriso antes de negar com a cabeça devagar, suspirou pesadamente, não era a primeira ou última vez que perguntariam algo do tipo para você, já estava mais do que acostumada; abaixou o olhar para a tela do celular mais uma vez antes de voltear a atenção para o seu vizinho.

   — Tudo bem, não precisa... — parou de falar ao escutar o som irritante da chamada de celular, pegou o aparelho de modo quase que desesperado ao ver o nome do contato ali, sorriu fraco, correu os olhos até Kita — Se importa se eu atender?

   — Fique a vontade a casa é sua.

   Ele disse de modo gentil e você agradeceu baixinho antes de deixar a cozinha em passos rápidos, correu até o jardim de inverno pequeno que se encontrava do lado de fora da casa, uma piscina mais a frente, se sentou contra a escadaria pequena de pedras atendendo a ligação por fim, levou o celular até seu ouvido, respirou fundo.

𝐎𝐏𝐄𝐑𝐀 𝐇𝐎𝐔𝐒𝐄 ; bokuto koutarouOnde histórias criam vida. Descubra agora