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   Andavam por entre as diversas fileiras de cadeiras, o lugar estava até que apresentável para uma construção abandonada, você suspirou pesadamente vez ou outra tendo que pular alguma poltrona caída, Bokuto não havia soltado sua mão por um segundo sequer, quase como se tivesse medo que você simplesmente esvaísse por entre seus dedos se ele desviasse o olhar ou o toque por um segundo sequer, você também se sentia daquele modo, apertava forte a mão do homem de cabelos acinzentados contra a sua, quase como se tivesse medo que ele fosse embora que lhe abandonasse ali sozinha, não queria mais ficar sozinha, não de novo.

   — Você limpa esse lugar?

   Indagou de maneira curiosa olhando ao redor com medo de sua rinite simplesmente atacar se tocasse em algum móvel lotado de poeira, Bokuto virou o rosto em sua direção antes de concordar com a cabeça.

   — Mas não aqui, eu só limpo o meu cantinho.

   — E qual é o seu cantinho?

   Indagou com a voz carinhosa o imitado fazendo com que o homem de cabelos acinzentados sorrisse de maneira boba antes de apontar para o palco amadeirado mais a frente, conseguia ver algumas ali a distância, cerrou os olhos quase como se quisesse enxergar melhor sem sucesso.

   — Bem ali.

   Ele sussurrou, não demorou para que chegassem mais perto do palco amadeirado e antigo, subiu a pequena escadaria rapidamente nas pontas dos pés com medo que a mesma simplesmente caísse com o mais simples dos toques, ainda estava completamente atônita, morava ali a um bom tempo e nem ao menos sabia da existência de uma casa de ópera abandonada após a segunda guerra mundial, se perguntava se a prefeitura tinha noção daquilo ou se não passava de uma propriedade privada que a muito tempo o único dono sem herdeiros veio a falecer deixando toda a sua fortuna e consequentemente a casa de ópera para trás.

   — O que você acha que aconteceu com esse lugar? Tipo, por que acha que nunca voltaram?

   Murmurou levando o rosto até Bokuto quando finalmente pisaram no palco amadeirado, o homem encolheu os ombros pensativo enquanto lhe guiava até vários cobertores postos no chão com uma quantidade significativa de travesseiros, se sentou sobre os tecidos com cuidado vendo Bokuto se deitar ao seu lado apoiando o corpo contra os travesseiros, abriu as pernas antes de dar dois tapinhas no peitoral como se pedisse para que você fosse até ali, suspirou antes de engatinhar até ele se deitando por entre as pernas do homem de frente para ele, apoiou as mãos contra o peitoral de Bokuto o encarando ali, correu os olhos pelo rosto do homem esperando uma resposta, ele prensou os lábios pensando na primeira coisa que falaria quando viesse na cabeça.

   — Acho que uma mulher velha deveria cuidar dessa casa de ópera, ela era apaixonada por outra velhinha e as duas eram donas desse lugar e por isso nunca tiveram herdeiros, quando a bomba caiu em hiroshima uma das velhinhas provavelmente estava lá comprando vegetais.

   — Por que vegetais? 

   Indagou de maneira curiosa tentando conter o sorriso que queria crescer em seus lábios, Bokuto cerrou os olhos de modo irritado, levou uma das mãos em direção a sua cintura acariciando por cima do suéter de gato com o polegar.

   — Porque a história é minha e eu quero que ela compre vegetais.

   — Não fale assim comigo, Bokuto Koutarou.

   — Me desculpe — ele sussurrou, juntou as sobrancelhas pensativo —, gatinha, eu não sei por quais mais motivos a velhinha poderia comprar vegetais.

   — Uma sopa talvez, ela queria fazer sopa para a esposa dela.

   — E se a esposa dela não gostasse de sopa? (Nome), você não sabe criar histórias, tem que entrar no personagem.

𝐎𝐏𝐄𝐑𝐀 𝐇𝐎𝐔𝐒𝐄 ; bokuto koutarouOnde histórias criam vida. Descubra agora