Nicole tem uma paixão e ela se chama Mabel Fernandez. A guitarrista da banda mais falada da cidade, despertou sentimentos no coração fatigado da skatista e agora, cheia de passado conturbado, Nicole criará coragem para se permitir amar quem te ama d...
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Quando encontrei o ingresso do Campeonato no meio da papelada sobre a escrivaninha, foi como encontrar um pote de ouro no final do arco-íris na manhã daquele Domingo.
Diferente das minhas últimas noites, quase sempre embaladas por discussões com a minha mãe, a madrugada de Domingo foi uma das melhores que já tive. Joguei conversa fora com Cecília até às duas e meia da manhã, rindo por mil besteiras diferentes.
Encontramos as fotos do aniversário de Pérola na rede social de nosse amigue, e Analu era só caras e bocas, e revirar de olhos. Ter ambes assim, mesmo com Nalu longe, me fez lembrar de quando fazíamos festa do pijama, com direito a guerra de travesseiro e tudo.
Tinha umas coisas que me davam saudades demais. Coisas das quais não dava para a gente ter de volta, porque eram feitas mais por lembranças do que por objetos reais em si. Então só o que sobrava eram os sentimentos bons que trouxe delas.
Era assim com minhes amigues e era assim principalmente com o meu pai.
O almoço de Domingo na casa da minha avó foi bem silencioso e mesmo a competição começando às cinco horas, inventei uma desculpa qualquer para sair mais cedo e atravessar a cidade até a casa do meu tio.
Pensei muito em como iria lidar com isso e mesmo repleta de possíveis decisões, na porta da casa do meu tio, não tive certeza de nada.
Segurei o skate entre os dedos, chegando mais perto do muro em um tom branco meio descascado e enfiei o braço pelo ferro do portão, puxando a tranca do lado de dentro. A oficina estava fechada, então não tinha a menor dúvida de que os três estavam sentados no sofá, gritando com o jogo na televisão.
Caramelo latiu perante minha presença e acariciei seus pelos macios, recebendo lambidas suas.
— Ei amiguinho!
— Nic?
Olhei por cima do ombro, encontrando o tom castanho claro dos olhos de Caio, apoiado no batente da entrada da cozinha.
— Oi! — Fiquei de pé. — Meu pai está aí?
Ele pressionou os lábios e concordou com a cabeça, meio cabisbaixo.
— Tá, mas está dormindo. — juntei as sobrancelhas, intrigada.
— Dormindo? Às três e meia da tarde?
Parecia até piada, mas pela seriedade em seu rosto, estava óbvio que não era.
— Meu tio tá aí?
Caio negou com a cabeça.
— Foi comprar umas coisas. — retrucou vagamente.
Fiz um estalo interno com a língua, me sentindo mal por estar ali, não por ele, mas por toda aquela situação que estava cada vez mais nítida ali.