Nicole tem uma paixão e ela se chama Mabel Fernandez. A guitarrista da banda mais falada da cidade, despertou sentimentos no coração fatigado da skatista e agora, cheia de passado conturbado, Nicole criará coragem para se permitir amar quem te ama d...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Tive insônia. Foi estranho porque apesar das noites ruins, fazia um bom tempo que não passava a noite toda acordada, mas foi o que aconteceu.
Eu ri, brinquei, fiz tudo para não pensar no meu pai, mas ele era o ponto principal nas nuances do meu cérebro. Mesmo as piadas de Luís, o tédio de Cecília e o empenho de Analu para nos fazer entender a ideia do cinema mudo de Charlie Chaplin, nada mudou isso. E foi nesse silêncio da madrugada, com uma mente inquieta, que uma ideia começou a crescer, tomar forma e ser aceita por mim, na manhã seguinte, exatamente depois que a minha mãe saiu pela porta às cinco e meia.
Peguei a mochila da escola, ajeitei a roupa e sai de qualquer jeito.
— Tramando alguma coisa, Nic?
Não antes de lidar com a minha prima.
Parei no corredor do quintal e virei de costas, me deparando com ela, trajada em um belo macacão laranja, tendo entre os dedos a xícara de porcelana branca. Deveria admitir, minha prima tinha um ótimo gosto para roupas e acessórios, que incluíam argolas de prata e anéis nos dedos anelar e indicador, que traziam suas unhas pintadas de vinho.
Arrumei a alça da mochila no ombro e contive qualquer palavreado nos lábios, para dar à ela um dos meus melhores sorrisos.
— Estou indo para a escola, Dandara. — informei a minha grande mentira daquela manhã.
Dandara, juntou as sobrancelhas bem feitas, verificando o relógio em seu pulso.
— A essa hora? — questionou, louca para saber mais.
— Pois é. — dei de ombros. — Estou me esforçando. — pisquei os olhinhos, tentando encerrar aquilo de uma vez.
Entretanto, Dandara me analisou por um momento e batucou as unhas na superfície de porcelana, pensando em alguma coisa e o que veio foi muito sem noção.
— Eu vou com você.
— O quê!?
O sorriso cínico se curvou em seus lábios.
— Algum problema, Nicole? — Deixou a xícara sobre o balcão dentro da cozinha, antes de cruzar os braços e dar a mim toda a atenção do tom castanho escuro dos seus olhos.
Com ela, ou eu era rápida, rasteira, ou era pega na minha mentira.
Fiz um estalo com a língua, desviando o olhar para o skate entre os dedos.
— Bom… — Levantei ele entre minhas mãos. — Eu já tenho um meio de transporte. — sorri — E nele só cabe uma pessoa. — emendei brincalhona.
Dandara fechou a cara e quis revidar, mas a presença da nossa avó, interrompeu suas palavras.
— Nicole! — Dona Clarice esgueirou seus olhos na porta.