Nicole tem uma paixão e ela se chama Mabel Fernandez. A guitarrista da banda mais falada da cidade, despertou sentimentos no coração fatigado da skatista e agora, cheia de passado conturbado, Nicole criará coragem para se permitir amar quem te ama d...
(🎵 Freakin Out On The Interstate - Briston Maroney)
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O que te atrai? Quer dizer quais são as coisas que te atraem em quem você deleita afeto? Não digo de corpo, mas sim daquilo que te encanta nesse outrem.
Quando olhava para Mabel, era como se nenhum baseado conseguisse ocasionar em mim uma leveza tão imensa quanto o seu par de íris azuis. Dizia isso porque a sua mera presença ocasionava um rebuliço na boca do estômago, pior do que aqueles instantes antes de descer a primeira bowl da minha vida. Era um quase pânico, não como aquele que muitas vezes pressiona o corpo a correr em qualquer direção, não, esse era o pior dos pânicos, com Mabel não era assim. Eu não queria ir embora de onde ela estava, nem desaparecer, só desejava ferozmente que ela, com suas mechas coloridas, buscasse pelos meus olhos em meio a tantos outros olhares, na mesma proporção que me arriscava nessas pistas imensas.
— Na moral, você é a garota mais duas caras que eu conheço, Nicole!
A risada de nós três ecoaram pelas paredes alaranjadas, enquanto a fumaça se perdia nas nuances do meu olhar, em uma viagem que ocasionava certa paz para o meu interior.
— Por que?
O sorriso em mim era fácil demais para conter.
— Porque você tem toda essa marra pra falar com a galera, mas quase tem um troço só na possibilidade de chegar perto dessa mina.
Dei um trago no baseado entre os dedos e quase engasguei ao erguer o queixo, buscando pelos olhos acinzentados de Analu atrás das lentes de grau oval. Estava eu, elu e Cecília. Três corpos esparramados no chão do seu quarto, inebriados no cheiro de ervas e pelo perfume de Pinguim, o gato preto de Nalu.
— É exatamente isso! — Cecília concordou quase eufórica.
Revirei os olhos, querendo realmente que não tivesse aberto a boca para falar sobre Mabel, mas porra ela foi tão incrível falando sobre Woodstock e o movimento hippie em 1969, que era quase impossível não ter ela como um assunto naquele início de noite. E convenhamos que entre os meus embates com a minha mãe e com quase nada bom no Colégio Pentágono, ela era um ótimo assunto.
Sentei sobre o tapete colorido no meio do quarto e cruzei as pernas, deleitando atenção na estante repleta de livros de terror e fantasia, dispostos um ao lado do outro, catalogados por ordem alfabética. Analu era bem meticulose, às vezes.
— Eu não tenho um troço ao chegar perto dela, — Tentei amenizar suas palavras, mas era difícil. — eu... — suspirei, com o lábio inferior preso entre os dentes.
Não tinha certeza dos motivos pelos quais me sentia tão atraída por ela. Isso já aconteceu antes, não dessa forma, na verdade de uma maneira bem ruim, mesmo assim Mabel conseguiu ser paz no que eu sentia mesmo sem saber.
— Está apaixonada? — Ceci cogitou e ali, talvez por vontade própria, me distrai com a presença bem elegante de Pinguim à minha frente.
— Não! — retruquei dedilhando os pelos macios do gatinho.
