CAPÍTULO 26

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( 🎶 Rubel - Quadro Verde)

( 🎶 Rubel - Quadro Verde)

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Mabel era linda. Não, isso não era sobre o seu sorriso, os seus olhos, seu corpo, seu jeito, seus gestos, não, isso era sobre ela. Ela, aquilo que fica dentro da gente e que a maioria só percebe quando chega perto demais, ou quando quer tentar olhar pra gente de verdade e encontrar tudo aquilo que não é dito em nossos olhos.

Não sei como a gente chegou naquele ponto, mas nós duas deitamos em posições contrárias, sobre as almofadas em cima do tapete do meu quarto, mantendo os nossos rostos um ao lado do outro. O gesso estava intacto e a minha outra perna dobrada, assim como os seus joelhos. O teto acima da nossa cabeça, os chuviscos batendo na janela e o silêncio engolido pelos seus gestos enquanto falava sobre o motivo dos discos de vinis serem tão importantes.

— É sério, o som é mil vezes melhor e eu sei que você já ouviu falar sobre isso.

— Já — afirmei. — Todas as pessoas nascidas antes de 1990 falam isso. — Brinquei vendo seu céu azul pertinho do meu rosto.

— Isso é sério, sabia!?

— Ah, claro. — caçoei. — Então quer dizer que quando você for lançar a sua música, você fará questão de gravar todos em discos de vinil?

Suas íris encararam o teto, mas diferente do que eu imaginei, Mabel reencontrou meu rosto, parecendo meio envergonhada pelo que eu disse.

— Eu não vou lançar minhas músicas.

Franzi o cenho perante sua convicção.

— Por que não?

— Porque não.

Batuquei os dedos entrelaçados sobre minha camiseta.

— Sabe que escreve músicas muito boas né!?

Ela riu.

— Você só ouviu uma e nem estava completa. — Encontrou meu rosto.

— Mesmo assim, estava boa demais. — retruquei convicta.

A guitarrista voltou o olhar para o teto, divagando dentro de si.

— Pra ser sincera, eu toco guitarra mais pra lembrar do meu irmão do que pra seguir carreira com isso. — soou melancólica.

— Mas você tem a banda e vocês são incríveis juntas. — relembrei meio cautelosa.

— É eu sei — Saiu baixinho enquanto ela parecia estar em outros pensamentos.

— Como ele era?

Percebi o vinco entre suas sobrancelhas.

— Quem?

— Seu irmão. — Tive seu sorriso.

Suas íris tombaram de lado em busca das minhas, de uma maneira mais fraternal.

⚢| Eternas Canções dos Anos 90Onde histórias criam vida. Descubra agora